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Curso de Língua Portuguesa
Módulo 2
Aula 16 - Tipologia Textual

Tipologia Textual

Prezado(a) cursista, nesta aula iniciaremos a parte de tipologia textual.

Ancora 1
Conteúdo da Aula

                                TIPOLOGIA TEXTUAL

SUMÁRIO

TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO.

TIPOS TEXTUAIS E GÊNEROS TEXTUAIS.

TIPO ARGUMENTATIVO.

TEXTO PUBLICITÁRIO.

TIPO NARRATIVO.

TIPO EXPOSITIVO.

TIPO INSTRUCIONAL OU INJUNTIVO.

LISTA DE QUESTÕES PARA PRATICAR.

QUESTÕES COMENTADAS.

"Seja como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder,mas cantam! Eles sabem que possuem asas."

                (Victor Hugo)

                   TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO

   Para que você desenvolva em sua prova uma interpretação satisfatória, é muito importante que saiba diferenciar um texto literário de um texto não literário e suas características.

     O que é um texto?

   A palavra texto vem do latim "textum," que significa tecido. Podemos dizer que ele é uma unidade básica de organização e transmissão de ideias, conceitos e informações de modo geral. Pensando assim e mais amplamente, uma pintura, uma escultura, um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, uma propaganda, um filme, uma novela de televisão também são formas textuais.

                     Para facilitar, analisamos os textos em dois grandes grupos:

                     TEXTOS LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS

                      Vamos ver a diferença?

               TEXTO LITERÁRIO: é aquele que apresenta uma linguagem conotativa, subjetiva ou figurada, e explora os sentimentos.

            TEXTO NÃO LITERÁRIO: é aquele que possui uma linguagem denotativa, objetiva e real, e visa à informação.

Os textos literários são aqueles que possuem função estética, destinam-se ao entretenimento, ao belo, à arte, à ficção. Mesmo que o assunto seja sério, será tratado com leveza em um texto desse tipo. No texto literário, o mais importante é a expressividade das palavras. O conteúdo, nesse caso, fica em segundo plano. O vocabulário bem selecionado transmite sensibilidade ao leitor. O texto é rico de simbologia e de beleza artística. Podemos citar como exemplo o conto, o poema, o romance, peças de teatro, novelas e crônicas.

Os textos não literários possuem função utilitária, pois servem para informar, convencer, explicar, ordenar. São textos objetivos que não têm o interesse de despertar sentimentos. Quanto à linguagem, o texto não literário é objetivo, claro, conciso e pretende informar o leitor sobre determinado assunto. Para isso, quanto mais simples for o vocabulário e mais objetiva for a informação, mais fácil se dará a compreensão do conteúdo. Como exemplo temos as notícias, os artigos jornalísticos, os textos didáticos, os verbetes de dicionários e enciclopédias, as propagandas publicitárias, os textos científicos, as receitas culinárias, os manuais etc.

         Veja os dois textos a seguir:

          TEXTO I

         

                                 Descuidar do lixo é sujeira

Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência de uma das filiais do McDonald's deposita na  calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão.

                  (Veja São Paulo, 23-29/12/92)

O TEXTO I, "Descuidar do lixo é sujeira", traz uma informação sobre o lixo despejado nas calçadas e o que acontece com ele antes de o caminhão do lixo passar para recolhê-lo. É um texto informativo e, portanto, não literário.

    TEXTO II

                                                   O bicho

                                          Vi ontem um bicho

                                         Na imundície do pátio

                                 Catando comida entre os detritos.

                                    Quando achava alguma coisa,

                                   Não examinava nem cheirava:

                                       Engolia com voracidade.

                                        O bicho não era um cão,

                                              Não era um gato,

                                              Não era um rato.

                                O bicho, meu Deus, era um homem.

                                                           (Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro:

                                                                                                               J. Olympio/MEC, 1971, p.145)

 

 

   O Texto II, "o bicho", é um poema, basta observarmos a sua forma para sabermos disso, pois é construído em versos e estrofes e apresenta uma linguagem cheia de significados, o que chamamos de plurissignificação. Cada palavra pode apresentar um sentido diferente daquele que lhe é comum.

Trata-se, portanto, de um texto literário.

   O esquema a seguir irá ajudá-lo a ter uma visão melhor do que foi explanado até aqui sobre texto literário e não literário.

Texto Literário e não literário

Diferenças entre os dois textos:

TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS

   O texto faz parte do nosso cotidiano, não é mesmo? Recorremos a ele para pedir um favor, enviar um e-mail importante, para comentar uma foto de um amigo nas redes sociais, para pedir um café, para solicitar ao banco o cancelamento do cartão de crédito, para reivindicar melhorias no transporte público, enfim! Para essas e para outras tantas situações, usamos o quê? O texto!!! O gênero textual, oral ou escrito é escolhido a partir da finalidade do texto, por isso os exemplos são ilimitados. Se eu vou convidar um amigo próximo para uma viagem, por exemplo, posso fazer isso oralmente, pelo telefone ou pessoalmente, posso escrever um bilhete ou mandar uma mensagem informal via internet, mas não há necessidade de se fazer um ofício ou um e-mail formal!

   Escolher o gênero textual depende de quê?

1) Finalidade do texto -  qual é o objetivo do texto, o que se pretende

com ele.

2) Os interlocutores - leva-se em consideração para quem o texto se

destina, qual é a função do destinatário ou interlocutor, existe uma hierarquia.

3) A situação -normalmente observa-se se a situação é formal ou informal. Se a comunicação deve ser rápida ou não.

É impossível quantificar os gêneros textuais! Por que isso acontece? Pela sua natureza, pois depende do objetivo pelo qual eles foram criados, para satisfazer a determinadas necessidades de comunicação. Assim sendo, podem aparecer ou desaparecer de acordo com a época ou as necessidades que temos. Por isso, podemos afirmar que gênero textual é uma questão de uso.

Observação:

Os textos, embora diferentes entre si, possuem pontos em comum, pois podem se repetir no conteúdo, no tipo de linguagem, na estrutura. Quando eles apresentam um conjunto de características semelhantes, seja na estrutura, conteúdo ou tipo de linguagem, são agrupados em tipos textuais.

  Os textos são divididos didaticamente em TIPOS TEXTUAIS e cada TIPO dividido em vários GÊNEROS TEXTUAIS.

   A maneira tradicional de se organizar os textos é da seguinte forma:

Gêneros Textuais

Principais características

  Observação. Vocês devem ter observado que destaquei quatro grandes grupos chamados TIPOS textuais: narrativo, argumentativo, expositivo e instrucional. Alguns autores gostam de separar o tipo narrativo em dois grupos, ficando narrativo e relato, mas eu entendo que isso confunde os alunos. Vou explicar melhor:

   Tomem como exemplo uma fábula. Temos um texto narrativo, pois possui os elementos essenciais de uma narrativa (veremos quais são a seguir), certo? Ok. Porém, a história narrada é fictícia. Chamamos esse tipo textual, então, tão somente de NARRATIVO.

   Agora vamos pensar em um relato de viagem. O autor faz uma narrativa completa com direito a todos os elementos essenciais de uma narração, não é mesmo? Possui tempo, espaço, enredo, personagens... muito bem. Agora, o autor narra uma história real, por isso chamamos de RELATO!

   Mas, prestem atenção, o relato de viagem é um texto narrativo? Sim! Não seria errado afirmar isso! Estamos diante de um texto narrativo e também de um relato.

Complicado? Vamos a outros exemplos:

   Uma notícia: relato? Sim! Narra um fato real. Mas seria errado afirmar que a notícia é um texto do tipo narrativo? Não, jamais!!! Então, é um texto narrativo do tipo relato (narrativo/relato). Por isso manter apenas um tipo textual maior: NARRATIVO.

   Você acaba de ler um livro, uma romance. Você leu que tipo de texto? Anda que nos remeta a fatos históricos, se há enredo e personagens fictícios, não podemos chamar de relato. O Romance é um texto do tipo narrativo simplesmente.

    E a DESCRIÇÃO? Entra em que parte?

   Descrever é fazer o que chamamos de representação verbal de um ser, coisa ou paisagem, através da indicação dos seus aspectos mais característicos. Quem descreve algo demonstra os aspectos mais singulares e salientes do que está sendo detalhado, fazendo com que o leitor ou ouvinte possa imaginar exatamente o que foi descrito. Diferentemente da narração, que faz uma história progredir através do tempo, a descrição faz interrupções na história, para apresentar melhor um personagem, um lugar, um objeto, enfim, o que o autor julgar necessário para dar mais consistência ao texto. Por isso a descrição é muito importante para o tipo NARRATIVO e está comumente ligada a ele.

                                             Descrição x Narração:

   Esses dois tipos textuais misturam-se muito comumente em vários textos. Em um dado momento da narração de uma história, é preciso parar e descrever o ambiente, os personagens, as sensações para que a história possa ser visualizada na mente do leitor. Na leitura de um romance, não temos contato com a cena representada, como temos ao assistir a um filme ou a uma novela televisiva, o que temos na leitura é apenas a descrição que o autor faz do entorno do enredo, assim podemos visualizá-lo mentalmente. Quanto mais rica a descrição dentro de uma narração, mais rico será o texto! O grande Machado de Assis era mestre nisso, em sua prosa:

 

   Chegando à rua, arrependi-me de ter saído. A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de nós. Cinquenta e cinco anos, que pareciam quarenta, macia, risonha, vestígios de beleza, porte elegante e maneiras finas. Não falava muito nem sempre; possuía a grande arte de escutar os outros, espiando-os; reclinava-se então na cadeira, desembainhava um olhar afiado e comprido, e deixava-se estar. Os outros, não sabendo o que era, falavam, olhavam, gesticulavam, ao tempo em que ela olhava só, ora fixa, ora móbil, levando a astúcia ao ponto de olhar às vezes para dentro de si, porque deixava cair as pálpebras; mas, como as pestanas eram rótulas, o olhar continuava o seu ofício, remexendo a alma e a vida dos outros.

 

   O autor parou a sua narrativa para nos dar de presente essa descrição mais minuciosa do personagem. Como no exemplo dado, Machado nos chama a conhecer traços psicológicos descritos por ele sobre a baronesa.

   A descrição também costuma aparecer em textos narrativos jornalísticos, como em notícias.

Observação:

A maior diferença entre descrição e narração é o TEMPO. Na narração, temos o tempo como elemento da narrativa, podendo ser cronológico ou psicológico. Já na descrição, não existe passagem de tempo, descreve-se o elemento apenas em um determinado momento.

Qual é o critério utilizado para a divisão dos gêneros em tipos textuais? Pergunta muito importante!

As características dominantes de cada gênero os colocam em um grupo de textos (tipo) e não em outro. Por exemplo:

- TIPO narrativo: todos os textos que estão neste grupo possuem os chamados elementos essenciais da narrativa: tempo, lugar, personagens, fato (enredo) e narrador em sua estrutura.

E o relato? Também possui os elementos da narrativa, mas relatam algo real, não fictício.

- TIPO argumentativo: os textos deste grupo se dedicam a convencer o interlocutor. Possuem, portanto, TESE (opinião) e ARGUMENTOS.

- TIPO expositivo: os textos aqui têm por objetivo falar sobre um determinado assunto, explicar, expor sobre algo.

- TIPO instrutivo: os textos deste tipo dedicam-se a levar o interlocutor a desenvolver uma dada atividade sozinho. São passadas instruções para que isso ocorra.

 Observação: 

Vimos que cada gênero possui sua característica. Ok! Mas é importante destacar que não existe um texto que seja, por exemplo, exclusivamente argumentativo. Ao afirmar que a carta de leitor é argumentativa, as características dominantes são levadas em consideração. A bula de um remédio é dominantemente instrucional, mas tem uma parte dela que é expositiva. Para facilitar a aprendizagem, entenda que o gênero textual é a parte concreta, prática, enquanto a tipologia textual integra um campo mais teórico, mais formal.

"O gênero textual é uma noção propositalmente vaga para refletir os textos encontrados em nossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica" (MARCUSCHI, 2002, p. 40).

   Como o estudo dos tipos textuais é parte integrante da interpretação dos textos, precisamos conhecer mais a fundo esse conteúdo. Ainda que a questão não pergunte especificamente a característica de um texto (teremos questões assim nesta aula), tais informações serão importantíssimas para enriquecer e facilitar a interpretação.

Âncora 2

Questões Propostas:

1) Sobre a linguagem não literária é correto afirmar, exceto:

a) É utilizada, sobretudo, em textos cujo caráter seja essencialmente informativo.

b) Sua principal característica é a objetividade.

c) Utiliza recursos como a conotação para conferir às palavras sentidos mais amplos do que elas realmente possuem.

d) Utiliza a linguagem denotativa para expressar o real significado das palavras, sem metáforas ou preocupações artísticas.

2) Leia os textos abaixo para responder à questão:

(Texto 1) Descuidar do lixo é sujeira

Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência de uma das filiais do McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão. (Veja São Paulo, 23-29/12/92)

(Texto 2) O bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos. 

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem. 

(Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971, p.145)

 

I. No primeiro texto, publicado por uma revista, a linguagem predominante é a literária, pois sua principal função é informar o leitor sobre os transtornos causados pelos detritos.

II. No segundo texto, do escritor Manuel Bandeira, a linguagem não literária é predominante, pois o poeta faz uso de uma linguagem objetiva para informar o leitor.

III. No texto “Descuidar do lixo é sujeira”, a intenção é informar sobre o lixo que diariamente é depositado nas calçadas através de uma linguagem objetiva e concisa, marca dos textos não literários.

IV. O texto “O bicho” é construído em versos e estrofes e apresenta uma linguagem plurissignificativa, isto é, permeada por metáforas e simbologias, traços determinantes da linguagem literária.

Estão corretas as proposições:

a) I, III e IV.

b) III e IV.

c) I, II, III e IV.

d) I e IV.

e) II, III e IV.

3) SOBRE  A ORIGEM DA POESIA 

A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem. 

Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual a origem do discurso não poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios  ou telefonemas [...] 

No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam nossa relação com as coisas, impedindo nosso contato direto  com elas. A linguagem poética inverte essa relação, pois, vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de acesso sensível mais direto entre nós e o mundo [...] 

Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapegaram das coisas, assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se dasapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis – os poemas – contaminando o deserto de referencialidade.

 

ARNALDO ANTUNES

A comparação entre a poesia e outros usos da linguagem põe em destaque a seguinte característica do discurso poético:

a) revela-se como expressão subjetiva

b) manifesta-se na referência ao tempo

c) afasta-se das praticidades cotidianas

d) conjuga-se com necessidades concretas

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