

TIPOLOGIA TEXTUAL
O conto
Trata-se de uma pequena narrativa com tempo e espaço reduzidos e poucos personagens.
Por ser um texto narrativo, relata fatos em uma sequência temporal, relacionados a um determinado acontecimento, podendo ser real ou fictício.
Exemplo de conto:
Tentação
Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
Na rua vazia as pedras vibravam de calor - a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do ônibus. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de urna menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era urna revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas Horas. O que a salvava era urna bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.
Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da equina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.
Lá vinha ele trotando, à frente da sua dona, arrastando o seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.
A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.
Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo.
Os pelos de ambos eram curtos, vermelhos.
Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com entabulamento, surpreendidos.
No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes ele Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.
Mas ambos eram comprometidos.
Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada.
A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam.
Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-lo dobrar a outra esquina.
Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.
(Clarice Lispector. A legião estrangeira. 14. ed. São Paulo: Siciliano, 1996. p. 69-71.)
estacar: parar ou fazer parar.
flamejar: expelir chamas ou reverberações parecidas com fogo, chamejar, arder.
fremir: soar ruidosamente, provocar breve estremecimento, vibrar, tremer
Grajaú: bairro da cidade do Rio de Janeiro
gravidade: seriedade, compostura, força de atração mútua entre os corpos originada pela gravitação.
insolente: incomum, nunca visto; altivo
Esse conto de Clarice Lispector possui os seguintes elementos da narrativa:
* Personagens principais: a menina e o basset ruivo
* Espaço: a rua em Grajaú
* Tempo: psicológico (segue o fluxo de pensamento da menina)
* Narrador: em 3ª pessoa (onisciente)
* Enredo: encontro da menina ruiva com "sua outra metade" que era o basset também ruivo.
* Clímax: momento em que os dois se encontram.
Histórias em quadrinhos e tirinhas
Trata-se de uma modalidade de texto misto muito comum em nosso cotidiano, talvez por isso mesmo o ENEM goste tanto de trabalhar com esse gênero. As Histórias em quadrinhos e tirinhas (a diferença entre eles é que as tirinhas são bem menores) apresentam características semelhantes à narração, como personagens, espaço, tempo, sobretudo, pelo enredo, se caracterizam por uma sequência de ações apoiadas pelas imagens, parte não verbal.
Apenas diferem-se dos demais gêneros narrativos pelo fato de que, ao invés do narrador, o diálogo é retratado de forma direta, representado em forma de balões, uma composição gráfica, em consonância com uma linguagem não verbal, na qual as imagens representam um papel de destaque, de modo a promover a interação entre os interlocutores por meio de uma relação de causa e efeito.
A principal finalidade de desse gênero é o entretenimento, embora em algumas ocasiões veicule uma informação como forma de alertar a população para problemas polêmicos, como é o caso de campanhas comunitárias relacionadas à área da saúde, fatores ligados ao trânsito, consumo de água e energia, dentre outros.
As duas estórias a seguir nos fazem refletir sobre ética:



Como anteriormente mencionado, é de fundamental importância que haja uma efetiva interação entre o leitor e o discurso, associando-o a elementos icônicos (imagens) e ao texto (elementos linguísticos), por se tratar de uma comunicação mais imediata.
Alguns elementos primordiais das histórias em quadrinhos e tirinhas:
I. Localização dos balões - indica a ordem em que sucedem as falas (de cima para baixo, da direita para a esquerda).
II. Contorno dos balões - A forma como são criados representam a postura assumida pelos personagens, como por exemplo:
- Em linha contínua (fala pronunciada em tom normal).
- Linhas interrompidas (fala sussurrada).
- ziguezagueada (representam um grito, um personagem falando alto, ou o som de um rádio ou televisão).
III. Sinais de pontuação - reforçam sentimentos, conferindo maior expressividade à voz dos personagens.
IV. Emprego das onomatopeias - conferem movimento à história, imitando sons do ambiente, entre as quais podemos citar:
Exemplos:
crash - para uma batida; zzzz - para o sono; rrrr - para o rosnado de um cão, buuum - para uma explosão, ente outras.
Vejam o exemplo:

No primeiro e no terceiro quadrinhos, os sons emitidos por Cebolinha trazem significação para a tirinha "BUM" = som do tambor. "BUÁÁÁ" = choro após ser repreendido.
TIPO EXPOSITIVO
Caros alunos, o texto do tipo expositivo remete para a ideia de explanar ou explicar um assunto, tema, coisa, situação ou acontecimento, que se pretende desenvolver ou apresentar, em pormenor, referindo o tempo, o espaço, a importância ou as circunstâncias do seu acontecer.
O discurso expositivo tem por objetivo informar, definir, explicar, aclarar, discutir, provar e recomendar alguma coisa, recorrendo à razão e ao entendimento.
Na organização do texto expositivo, é necessário escolher o tema a desenvolver, definir o propósito que perseguimos ou os objetivos, conhecer o destinatário da exposição, pesquisar a informação sobre o tema, selecionar os dados de interesse, elaborar um guião com o plano do que se vai escrever ou dizer, estruturar de forma ordenada a informação, recorrer a materiais de suporte como imagens, gráficos, diagramas, slides em powerpoint ou flash...
O texto expositivo implica uma apresentação consequente e lógica do assunto, com articulação apropriada de partes relevantes. Daí a necessidade de o desenvolver ou apresentar, em pormenor, referindo o tempo, o espaço ou as circunstâncias.

Observação: um livro didático, por exemplo, pode ser chamado apenas de expositivo ou de dissertativo expositivo. Da mesma forma, um artigo de opinião pode ser chamado simplesmente de argumentativo ou de dissertativo argumentativo (o que é bem comum especialmente em propostas de redação e questões discursivas).
Exposição oral e exposição escrita
Independentemente da realização comunicativa, é possível encontrar marcas distintivas na exposição oral e na exposição escrita. Na primeira, a apresentação do assunto deve ser consequente e lógica, com articulação apropriada de partes relevantes; e os argumentos apresentados devem ser pertinentes e eficazes. As razões e dados não só necessitam de possuir clareza e precisão, mas têm de estar de acordo com o que se quer transmitir para que produzam efeito, quer seja na transmissão de uma informação, quer surjam como opinião, ou mesmo se o texto é de propaganda. Como, muitas vezes, a exposição oral é uma comunicação sem intercâmbio, qualquer enunciado deficiente não pode ser esclarecido e sofre, com frequência, interpretações diversas e que podem ser totalmente deturpadas. O cuidado a ter na organização das ideias e na estruturação do discurso tem de ser o melhor. O texto expositivo está associado com a análise e a síntese de representações conceptuais.
A exposição escrita surge, com frequência, sob as formas de texto informativo-expositivo ou expositivo-argumentativo. O informativo-expositivo tem por finalidade a transmissão de informações e indicações que digam respeito a factos concretos e referências reais; o expositivo-argumentativo procura defender uma tese, apresentando dados e observações que a confirmem. Deve expor com clareza e precisão as razões que levam à defesa de uma opinião sobre o tema.
EXEMPLOS:
Cor da chama depende do elemento queimado
Temperatura da labareda varia com a quantidade e a constituição do material que está em combustão.
Por que a cor do fogo varia de um material para outro?
A temperatura também é diferente?
A cor depende basicamente do elemento químico em maior abundância no material que está sendo queimado. A mais comum, vista em incêndios e em simples velas, é a chama amarelada, resultado da combustão do sódio que emite luz amarela quando aquecido a altas temperaturas. "Vemos com mais freqüência esse tipo de labareda porque o sódio é o elemento químico mais comum nas atividades humanas", explica o químico Atílio Vanin, da Universidade de São Paulo. Muitas vezes a base da chama é azul por causa da falta de oxigênio nessa região, que induz à formação de monóxido de carbono. Quando, durante a combustão, são liberados átomos de cobre ou bário, como em incêndios de fiação elétrica, a cor da chama fica esverdeada.
Nas queimadas é comum encontrar labaredas de cor violeta, resultado do potássio liberado pela madeira das árvores. Outro tipo de fogo, que dificilmente é produzido pela queima de materiais, mas geralmente aparece nos fogos de artifício, é o vermelho vivo, produto da combustão de cálcio. Algumas vezes a chama pode ser também invisível, como a produzida pelo metanol, um álcool bastante puro que não apresenta nenhum dos quatro elementos químicos citados. Na Fórmula Indy, que usa esse combustível, são comuns acidentes nos quais os pilotos se queimam sem que o fogo seja visto.
A temperatura depende da constituição química e da quantidade de material que está sendo queimado, mas não tem relação com a cor. Por exemplo, nas substâncias formadas por hidrocarbonetos (carbono e hidrogênio), quanto maior a cadeia de átomos mais quente será a labareda. A chama de uma vela, por exemplo, tem 800 graus e a de um fogão 1 200. A queima do metanol é bem mais fria. Geralmente fica entre 400 e 500 graus. "Existem ainda chamas produzidas pela queima da mistura de substâncias químicas, como tetracloreto de carbono e éter de petróleo, que atingem apenas 50 graus e podem ser acesas na palma da mão", diz Vanin.
TIPO INSTRUCIONAL (INJUNTIVO)
Você já deve ter dado instruções a alguém e, portanto, feito uso de um gênero textual muito veiculado socialmente. Trata-se do texto instrucional, presente nas bulas dos remédios, nas receitas de comida, nas instruções de jogos, nas instruções de como usar aparelhos eletroeletrônicos, de como utilizar novos programas de computador, etc.
O texto instrucional tem uma estrutura bem simples, o que permite a uma pessoa leiga no assunto em questão aprender a manusear ou a fazer uma coisa a partir de sua leitura. Essa é a intenção: ensinar aqueles que não sabem jogar um jogo, a jogar; ensinar aqueles que não sabem preparar um prato diferente, a preparar; ensinar as pessoas que tomam remédios, a tomá-los adequadamente.
Em alguns casos, os textos instrucionais servem para orientar pessoas em situações de emergência. Em situações como essas, é recomendável que a pessoa tenha acesso a instruções para resolver determinados problemas de forma bastante objetiva e clara. Daí a importância da estrutura dos textos instrucionais, que até na maneira como estão diagramados podem contribuir para facilitar a tomada de decisões.
As instruções configuram-se, habitualmente, com verbos no modo imperativo (misture, adicione, sirva...) ou com verbos no infinitivo (misturar, preparar...).
Leia:
O AUTO-EXAME PREVINE O CÂNCER DE MAMA
NO BANHO
Levantando um braço toque suavemente cada parte da mama procurando sentir caroços ou nódulos. Com sua mão direita, e com os dedos esticados, examine o seio esquerdo; e com a mão esquerda, o seio direito.
DIANTE DO ESPELHO
Levante os dois braços e procure cuidadosamente por alterações de tamanho, forma e contorno das mamas. Observe a existência de rugosidades, entradas ou mudanças na textura da pele. Aperte os mamilos suavemente procurando secreções.
DEITADA
Colocando a mão direita atrás da cabeça pressione a mama direita com a mão esquerda e os dedos indicador e médio esticados. Procure fazer movimentos circulares que vão desde a periferia até o mamilo. Repita o movimento no seio esquerdo, usando a mão direita.
DE PÉ
Pressione levemente o mamilo entre o polegar e o indicador para verificar a ocorrência de secreções. Use o mesmo movimento circular para examinar as axilas.
ENCONTRANDO QUALQUER ALTERAÇÃO NAS MAMAS OU TENDO QUALQUER DÚVIDA, PROCURE O SEU GINECOLOGISTA.
Observe que o exemplo do texto ensina como fazer o autoexame de mama é simples, fácil e ainda traz ilustrações para facilitar a instrução e o desenvolvimento da ação.
Texto injuntivo x texto prescritivo
O texto prescritivo, pelo próprio nome, nos remete à ação de prescrever. Trata-se de algo cujas instruções são inquestionáveis e devem ser cumpridas à risca. Trata-se, pois, de uma imposição de natureza coercitiva. Como exemplo temos:
* As cláusulas regidas mediante um dado contrato;
* As regras proferidas mediante os pressupostos gramaticais;
* As instruções manifestadas na maioria dos editais de concursos públicos;
* Os discursos revelados nos artigos da Constituição ou do Código de Processo Penal.
O texto injuntivo, de semelhante finalidade (instrução), já não apresenta esse caráter coercitivo, haja vista que apenas induz o interlocutor a proceder desta ou daquela forma. Assim, torna-se possível substituir um determinado procedimento em função de outro, como é o caso do que ocorre com os ingredientes de uma receita culinária, por exemplo. São exemplos dessa modalidade:
* A mensagem revelada pela maioria dos livros de autoajuda;
* O discurso manifestado mediante um manual de instruções;
* As instruções materializadas por meio de uma receita culinária.
Vejam outro exemplo de outro texto instrucional apoiado em imagens (o que é bastante comum):

Receita
Trata-se de um gênero do tipo injuntivo ou argumentativo, tem como objetivo fazer com que o interlocutor desenvolva alguma atividade sozinho. O objetivo principal é instruir o leitor, por isso os verbos aparecem sempre no imperativo ou no infinitivo (faça, asse, colocar, mexer...)
Receitas, bulas de remédio, instruções de jogo, manuais de funcionamento e de uso de aparelhos domésticos e de máquinas, prospectos de concursos, manuais do consumidor, guias de cidades, folhetos explicativos sobre prevenção de doenças e epidemias, etc.; são textos que diariamente circulam entre nós, dando-nos orientações, por meio de uma linguagem clara e objetiva.
Características de uma receita:
- Contém título;
- Normalmente apresenta uma estrutura constituída de: título, ingredientes e modo de preparo ou de fazer;
- No modo de fazer, os verbos geralmente são empregados no imperativo;
- Pode conter indicação de calorias por porção, rendimento, dicas de preparo ou de como decorar e servir, etc.;
- A linguagem direta, clara e objetiva;
- Emprega o padrão culto da língua.
BRIGADEIRO FRIO
INGREDIENTES
1 lata de leite condensado
4 colheres ( sopa) de chocolate em pó
1 e 1/2 xícaras de leite em pó
Granulado para enfeitar
Manteiga para untar as mãos
MODO DE FAZER
Usando uma colher de pau, misture todos os
ingredientes em uma tigela, até formar uma massa
homogênea. Unte as mãos e faça os brigadeiros no
tamanho que achar conveniente. Passar no
granulado.
ATENÇÃO!! É possível encontrarmos questões com o gênero receita brincando com as características de outro gênero em texto conotativos (que fazem uso de linguagem figurada), como a poesia.
Vejam uma receita diferente:
Fique esperto: receita para passar de ano
Ingredientes:
*1 litro de disciplina;
* 2 colheres de capricho;
* 6 colheres de fixação;
* 1 vidro de obediência;
* 7 gotas de responsabilidade;
* caneta, lápis, borracha, caderno e bastante atenção.
Modo de fazer:
Coloque tudo numa mesa forrada. Junte a disciplina com a obediência e
amasse bem. Coloque por último o capricho e a responsabilidade e espere o
resultado das avaliações.
Embora com todas as características do gênero, essa receita está em linguagem conotativa, figurada.
Internet e a importância da imprensa
Este artigo não é sobre a pornografia no mundo virtual nem tampouco sobre os riscos de as redes sociais empobrecerem o relacionamento humano.
Trata de um dos aspectos mais festejados da internet: o empowermente ("empoderamento", fortalecimento) do cidadão proporcionado pela grande rede.
É a primeira vez na História em que todos, ou quase todos, podem exercer a sua liberdade de expressão, escrevendo o que quiserem na internet. De forma instantânea, o que cada um publica está virtualmente acessível aos cinco continentes. Tal fato, inimaginável décadas atrás, vem modificando as relações sociais e políticas: diversos governos caíram em virtude da mobilização virtual, notícias antes censuradas são agora publicadas na rede etc. Há um novo cenário democrático mais aberto, mais participativo, mais livre.
O que pode haver de negativo nisso tudo? A facilidade de conexão com outras pessoas tem provocado um novo fenômeno social. Com a internet, não é mais necessário conviver (e conversar) com pessoas que pensam de forma diferente. Com enorme facilidade, posso encontrar indivíduos "iguais" a mim, por mais minoritária que seja a minha posição.
O risco está em que é muito fácil aderir o seu "clube" e , por comodidade, quase sem perceber, ir se encerrando nele. Não é infrequente que dentro dos guetos, físicos ou virtuais, ocorra um processo que desemboca no fanatismo e no extremismo.
Em razão da ausência de diálogo entre posições diversas, o ativismo na internet nem sempre tem enriquecido o debate público. O empowerment digital é frequentemente utilizado apenas como um instrumento de pressão, o que é legítimo democraticamente, mas, não raras vezes, cruza a linha, para se configurar como intimidação, o que já não é tão legítimo assim...
A internet, como espaço de liberdade, não garante por si só a criação de consensos nem o estabelecimento de uma base comum para o debate.
Evidencia-se, aqui, um ponto importante. A internet não substitui a imprensa. Pelo contrário, esse fenômeno dos novos guetos põe em destaque o papel da imprensa no jogo democrático. Ao selecionar o que se publica, ela acaba sendo um importante moderador do debate público. Aquilo que muitos poderiam ver como uma limitação é o que torna possível o diálogo, ao criar um espaço de discussão num contexto de civilidade democrática, no qual o outro lado também é ouvido.
A racionalidade não dialogada é estreita, já que todos nós temos muitos condicionantes, que configuram o nosso modo de ver o mundo. Sozinhos, nunca somos totalmente isentos, temos sempre um determinado viés. Numa época de incertezas sobre o futuro da mídia, aí está um dos grandes diferenciais de um jornal em relação ao que simplesmente é publicado na rede.
Imprensa e internet não são mundos paralelos: comunicam-se mutuamente, o que é benéfico a todos. No entanto, seria um empobrecimento democrático para um país se a primeira página de um jornal fosse simplesmente o reflexo da audiência virtual da noite anterior. Nunca foi tão necessária uma ponderação serena e coletiva do que será manchete no dia seguinte.
O perigo da internet não está propriamente nela. O risco é considerarmos que, pelo seu sucesso, todos os outros âmbitos devam seguir a sua mesma lógica, predominantemente quantitativa. O mundo contemporâneo, cada vez mais intensamente marcado pelo virtual, necessita também de outros olhares, de outras cores. A internet, mesmo sendo plural, não tem por que se tornar um monopólio.
( CAVALCANTE, N . da Rocha. Jornal " O Estado de S. Paulo", 12/05/14, com adaptações.)
Questões Comentadas
01. (PRODAM/AM - Analista de Contabilidade - FUNCAB)
Pelas características de organização do discurso, a respeito do texto pode-se afirmar que se trata de uma:
a) dissertação de caráter expositivo, pois explica, reflete e avalia ideias de modo objetivo, com intenção de informar ou esclarecer.
b) narração, por reportar-se a fatos ocorridos em determinado tempo e lugar, envolvendo personagens, numa relação temporal de anterioridade e posterioridade.
c) dissertação de caráter argumentativo, pois faz a defesa de uma tese com base em argumentos, numa progressão lógica de ideias, com o objetivo de persuasão.
d) descrição, por retratar uma realidade do mundo objetivo a partir de caracterizações, pelo uso expressivo de adjetivos.
e) expressão injuntiva, por indicar como realizar uma ação, utilizando linguagem simples e objetiva, com verbos no modo imperativo.
Comentário: o texto acima defende a ideia de que imprensa e internet devem caminhar juntas, argumentando que a imprensa não deve ser sucumbida pela internet e sinalizando motivos cabíveis para que isso não aconteça. Sendo assim, o texto é uma dissertação argumentativa.
A alternativa correta é a letra C.
Gabarito: C


02. (ANS- Atividade Téc. De suporte - Direito- FUNCAB)
Qual a tipologia do texto de Mário Cesar Carvalho?
a) Dissertação objetiva.
b) Descrição.
c) Narração descritiva.
d) Dissertação com fortes traços narrativos.
e) Narração com alguns traços argumentativos.
Comentário: o autor apresenta argumentos sobre o uso do cigarro, utilizando estatísticas e informações científicas, e os motivos para esse ser um vício em todo o mundo. Para convencer o leitor de sua tese, ele usou esses argumentos de forma clara e objetiva. Trata-se, então, de uma dissertação objetiva.
Resposta correta letra A.
Gabarito: A
Certo e errado, adequado e inadequado
Escrever “certo” em português. Orgulho de quem acha que é destaque, de quem acha que é inteligente, de quem acha que tem o poder, pois aprendeu gramática. Aprendeu a parte exata da língua portuguesa. Exata? Não mesmo!
Existem diversos termos envolvendo a comunicação oral e escrita: linguagem, língua, idioma, etc. Pasmo fico ao ver pessoas no orkut inflamando-se para responder “primeiro aprende a escrever, pra depois vir discutir comigo” (famosa síndrome da ausência de argumentos).
Espera um pouco, afinal de contas, o português possui ou não exatidão? Há poucos dias meu pai me disse “a linguagem escrita deve seguir a forma culta da língua portuguesa” e no momento eu questionei que se a forma escrita deve ser culta, a falada também deve ser!
Não existe certo ou errado quando se fala de português. Certo e errado é coisa de ciência exata. A linguagem é adequada, é voltada para o recebedor da mensagem. Não estou incentivando ninguém a encher um artigo científico de gírias (a menos que elas sejam o tema) ou estrangeirismos, quero dizer que em locais apropriados usar gírias e estrangeirismos não pode ser considerado errado! Pensar dessa forma é errado.
Muito pior é quando se discrimina pessoas sem oportunidades, pessoas sem estudo, por falarem/escreverem diferente da forma culta. Pensamentos do tipo“nossa, que burro! ele nem sabe escrever”. Uma pessoa que desenvolveu de forma cognitiva a capacidade de comunicar-se, seja por gestos ou palavras (ditas e escritas), é digna de respeito pela forma que desenvolveu o conhecimento sobre comunicação e linguagem (só pra constar, até mesmo estas pessoas devem estar atentas ao adequado/inadequado).
Apenas entenda: antes de criticar alguém pela forma que escreve, procure o significado de termos como comunicação e linguagem. Tente entender o porquê daquela tal de “forma coloquial”. E jamais, jamais mesmo, discrimine alguém que não escreve “tão bem quanto você”, mas é capaz de expressar-se da mesma maneira ou até mesmo de forma melhor: claramente, sem “rebuscagens”.
“Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz.”
03. (SEE-AC - Professor - FUNCAB)
Pelas características funcionais e organizacionais, o texto pode ser classificado como:
a) narração descritiva.
b) epistolar subjetivo.
c) descrição científica.
d) argumentação opinativa.
e) relato histórico.
Comentário: o texto é baseado na opinião do autor sobre a linguagem certa ou errada. Ele argumenta que não há a linguagem certa. Ao se colocar em primeira pessoa: "Pasmo fico", no segundo parágrafo, ou "Acredito que", no penúltimo, ele se identifica no texto, o que nos leva a afirmar que estamos diante de um texto de argumentação opinativa.
Gabarito: D
Leia o texto abaixo e responda à questão propostas
Temos, sem dúvida, sérios problemas de discriminação e exclusão na sociedade brasileira, que se refletem também nas universidades. Mas frequentemente parece que eles são abordados de forma desfocada. A composição racial da sociedade brasileira tem forte presença de negros, pardos e minorias. Diz-se que esse perfil não se repete na universidade. Mas porque razão a composição geral da sociedade deve se repetir em seus contextos e recortes específicos? Ela se repete em times de futebol ou na seleção brasileira? Se acreditarmos que o perfil étnico ou econômico do conjunto da população, ou seja, ou deva ser, uma "invariante social", repetindo-se em qualquer recorte ou subgrupo, a consequência óbvia disso é a generalização da prática de cotas. Além de cotas no vestibular, em breve teremos propostas de cotas de formatura, para compensar injustiças e discriminações ocorridas ao longo do curso. Em seguida, cotas para times de futebol, cotas para funcionários das empresas, cotas para sócios de clubes, cotas para academias de ginástica, cotas para fieis de cada religião e culto e por aí vai. A grande injustiça é ver a quantidade de pessoas, especialmente os jovens inteligentes e esforçados, sendo impedidas de se desenvolver. Não é dada a elas a oportunidade de aprender a crescer, por causa de uma educação pública básica e média medíocres. Esse é o problema real.
O contrário do racismo e da discriminação social não é uma "discriminação positiva", mais sim a ausência dessas classificações. Qualquer solução que envolva critérios de raça ou pobreza não contribui para eliminar a discriminação. Pelo contrário, reafirma, reforça e pereniza esses conceitos básicos dos mecanismos de exclusão. Nesse cenário de sequestro de oportunidades, há um grupo de jovens mais velhos que já foi prejudicado pelas péssimas escolas públicas. E há outro grupo, bem maior, das crianças que ainda enfrentarão o problema. Para as pessoas já prejudicadas, as cotas são um mecanismo compensatório, que pode reduzir, mas não eliminar, o prejuízo. Se houver uma proposta cujo cerne seja a melhoria efetiva do atual ensino público de primeiro e segundo grau, com parâmetros objetivos e seguindo modelos que comprovadamente já deram excelentes resultados em várias partes do mundo, e que parte dessa proposta seja um sistema de cotas, emergencial e provisório (com prazo limitado), visando apenas aquela população que já foi prejudicada, essa proposta merece não apenas a nossa aprovação, mas também o nosso aplauso Já uma proposta que contemple apenas a questão das cotas de forma isolada ou é ingênua ou é demagógica. Anestesia as consciências, acomoda as queixas, reduz as pressões Î é a solução mais fácil e barata para os governantes. Mas mantém a condenação de milhões de crianças a precisar de cotas no futuro, sempre em ciclos sem fim, sequestrando suas oportunidades e seus sonhos [...].
SALVAGNI, Ronaldo de Breyne. Folha de São Paulo, 07/ 04 /2013.
04. (ANS - Atividade Téc. De suporte - Direito - FUNCAB) A argumentação desenvolvida ao longo do texto está orientada no sentido de persuadir o leitor a concluir que, no Brasil:
a) a injustiça social na educação corrige-se com a melhoria do ensino público de primeiro e segundo graus, não com a instituição de um sistema de cotas para o vestibular.
b) o racismo e a discriminação social constituem uma realidade, o que justifica o sistema de cotas estabelecido pelo governo para o acesso às universidades.
c) um sistema de cotas voltado apenas para os jovens já prejudicados pelas péssimas escolas públicas é a solução para acabar com a injustiça no ensino.
d) a proposta de um sistema de cotas para ingresso nas universidades é obra de governantes que não admitem o fato de pobres crescerem na vida.
e) em breve teremos a generalização da prática de cotas, o que tornará o vestibular praticamente dispensável como forma de acesso à universidade.
Comentário: o autor do texto expõe a sua tese logo no início do texto: "Temos, sem dúvida, sérios problemas de discriminação e exclusão na sociedade brasileira, que se refletem também nas universidades. Mas frequentemente parece que eles são abordados de forma desfocada." primeiro foi constatado um fato (reais problemas de discriminação e exclusão) com forte marca de opinião do emissor em "sem dúvida", em seguida vem a tese a ser defendida de que a discriminação e a exclusão estão sendo tratados superficialmente. Salvagni deixa claro por meio da argumentação que o sistema de cotas não é eficaz e segrega ainda mais, o ideal é a melhoria profunda do ensino público escolar, assim como demonstra a alternativa A.
Marcarei em vermelho o que está errado ou inadequado nas outras alternativas:
a) a injustiça social na educação corrige-se com a melhoria do ensino público de primeiro e segundo graus, não com a instituição de um sistema de cotas para o vestibular.
b) o racismo e a discriminação social constituem uma realidade, o que justifica o sistema de cotas estabelecido pelo governo para o acesso às universidades.
c) um sistema de cotas voltado apenas para os jovens já prejudicados pelas péssimas escolas públicas é a solução para acabar com a injustiça no ensino.
d) a proposta de um sistema de cotas para ingresso nas universidades é obra de governantes que não admitem o fato de pobres crescerem na vida.
e) em breve teremos a generalização da prática de cotas, o que tornará o vestibular praticamente dispensável como forma de acesso à universidade.
GABARITO: A

05. (TJ/SP - ESCREVENTE - VUNESP) Leia a charge.
Um dos efeitos de humor da charge reside no fato de as personagens entenderem "ROÇONA" e "ROCINHA" como.
(A) palavras sinônimas derivadas de "roça".
(B) aumentativo e diminuitivo de "roça", respectivamente.
(C) áreas urbanas onde se trabalha pouco.
(D) áreas rurais cuidadas pelo Exército.
(E) substantivos próprios relativos a logradouro.
Comentário: A charge é um gênero que tem aparecido muito em provas de concurso. É um texto opinativo, embora faça isso através do bom humor.
Existe nesta charge uma crítica social. Os trabalhadores estão alienados, não sabem que "Rocinha" é também o nome que se dá a uma favela no Rio de Janeiro. Ao ouvir que o Exercito está na "Rocinha", eles logo pensam no diminutivo de roça, que é mais a realidade deles.
Gramaticalmente: Rocinha (roça pequena) e Rocinha (favela) são palavras homônimas perfeitas, são grafadas e pronunciadas da mesma maneira, mas possuem significados completamente diferentes, distinguíveis pelo contexto.
GABARITO: B
Texto 2 - "A saga do rapto de Helena e a subsequente Guerra de Troia continuam sendo um dos melhores exemplos dos perigos da luxúria. No todo, a história sugere quão imprudente é para um hóspede na casa de um homem levar consigo, ao partir, a esposa do anfitrião. Acrescentamos a esse erro crasso a dupla idiotice da raiva e da inveja, agravadas quando o marido abandonado, Menelau, insistiu nos direitos de um velho tratado e arrastou todo o seu reino e os dos vizinhos em missão de vingança. Muitos deles demoraram quase vinte anos na guerra e no retorno, para não falar na maioria que morreu, deixando os lares e as famílias no desamparo e na ruína Î mal sobrevivendo, sugerem os registros, a assédios diversos e a desastres naturais"
(Menelau e a esposa perdida, Stephen Weir)
06. (TJ/BA - Analista Judiciário - FGV)
O erro histórico aludido nesse texto 2 inclui um conjunto de defeitos humanos; aquele que está caracterizado de forma imperfeita, por NÃO fazer parte do texto, é:
(A) a imprudência do hóspede, que sequestrou a mulher de Menelau;
(B) o espírito de vingança de Menelau, que arrastou os reinos gregos para a Guerra de Troia;
(C) a irresponsabilidade de alguns heróis, que deixaram suas famílias ao desamparo;
(D) a raiva e a inveja do marido traído, que provocou o conflito entre gregos e troianos;
(E) a beleza de Helena, que seduziu o hóspede do marido.
Comentário: o conjunto de defeitos humanos, citados no texto, inclui luxúria, imprudência, raiva, inveja, desejo de vingança. Observe que não inclui a beleza de Helena. Sendo assim, a alternativa é está incorreta.
"A saga do rapto de Helena e a subsequente Guerra de Troia continuam sendo um dos melhores exemplos dos perigos da luxúria. No todo, a história sugere quão imprudente é para um hóspede na casa de um homem levar consigo, ao partir, a esposa do anfitrião. Acrescentamos a esse erro crasso a dupla idiotice da raiva e da inveja, agravadas quando o marido abandonado, Menelau, insistiu nos direitos de um velho tratado e arrastou todo o seu reino e os dos vizinhos em missão de vingança".
GABARITO: E
Texto 4 "O caminho para baixo era estreito e íngreme e tanto os homens quanto os animais não sabiam onde estavam pisando, por causa da neve; todos os que saíam da trilha ou tropeçavam em algo perdiam o equilíbrio e despencavam no precipício. A esses perigos eles resistiam, pois àquela altura já se haviam acostumado a tais infortúnios, mas, por fim, chegaram a um lugar onde o caminho era estreito demais para os elefantes e até para os animais de carga. Uma avalanche anterior já havia arrastado cerca de trezentos metros da encosta, ao passo que outra, mais recente, agravara ainda mais a situação. A essa altura, os soldados mais uma vez perderam a calma e quase caíram em desespero" (Políbio, Histórias)
07. (TJ/BA - Analista Judiciário - FGV)
Esse texto 4 fala de um outro erro histórico, cometido por Aníbal, general de Cartago, que pretendeu chegar a Roma atravessando os Alpes durante o inverno.
Entre as razões abaixo, aquela que NÃO deve ser vista como causa dos problemas enfrentados pelo exército de Aníbal é:
(A) a estreiteza do caminho nas montanhas;
(B) a não identificação do traçado dos caminhos; (C) a grande altura por que passavam as tropas;
(D) a existência comum de avalanches;
(E) o nervosismo e o desespero dos soldados.
Comentário: a única alternativa que traz uma situação que não pode ser vista, segundo o texto, como a causa dos problemas enfrentados pelo exército de Aníbal é a E, pois o nervosismo e o desespero dos saudados foi o resultado de uma sucessão de problemas, os quais estão relacionados nas alternativas A, B, C e D.
GABARITO: E
08. (TJ/BA - Analista Judiciário - FGV)
"Pois áquela altura já se haviam acostumado de tais infortúnios"; O termo "áquela altura" se refere:
(A) ao momento por que passavam;
(B) à altitude das montanhas;
(C) à dimensão dos caminhos;
(D) ao modo por que atravessavam os caminhos;
(E) à consequência dos fatos anteriores.
Comentário: a expressão "áquela altura" não significa, no contexto em análise, lugar alto, altitude ou dimensão, mas refere-se ao momento grave que estavam vivendo.
GABARITO: A
09. (TJ/BA - Analista Judiciário - FGV)
Duas formas verbais sucessivas do texto 4 que mostram sucessão cronológica de ações são:
(A) sabiam / estavam pisando;
(B) saíam / tropeçavam;
(C) perdiam / despencavam;
(D) resistiam / haviam acostumado;
(E) chegaram / era.
Comentário: os verbos "perdiam" e "despencavam estão em sucessão cronológica, pois, no texto, primeiro os homens perdiam o equilíbrio, depois despencavam no precipício: "todos os que saíam da trilha ou tropeçavam em algo perdiam o equilíbrio e despencavam no precipício"
GABARITO: C
"Anúncio: Meu amigo, sente-se cansado, abatido, desmoralizado, com a consciência de que a vida não vale nada? Acha permanentemente que a vida perdeu todos os seus valores, que não há mais ética, conceitos estéticos, nenhum objetivo mais profundo e mais humano a atingir? Sua vista está obnubilada por uma permanente poluição visual? O mundo não passa de uma comercialização a qualquer preço? Não desespere: Telefone-nos imediatamente e destruiremos logo o seu aparelho de televisão. Já! Grátis: Sem televisão você será um homem inteiramente novo. Sem televisão você voltará a ver a vida como ela é"
(Millôr Fernandes, Definitivo, Porto Alegre, LP&M, 1994)
10. (SSP-AM - 2015 - Técnico de Nível superior - FGV)
A marca predominante do texto publicitário que se encontra presente no texto 1 é:
a) a tentativa de convencimento do leitor;
b) a tendência ao emprego de linguagem coloquial;
c) a intenção clara de iludir o leitor;
d) o tratamento do leitor como alguém a ser instruído;
e) a visão positiva do mundo.
Comentário: O autor busca convencer o leitor sobre o baixo nível dos programas de televisão e faz isso através da função apelativa com linguagem injuntiva (instrucional), buscando, assim, convencer o leitor.
GABARITO: A
Texto 1 "A história está repleta de erros memoráveis. Muitos foram cometidos por pessoas bem-intencionadas que simplesmente tomaram decisões equivocadas e acabaram sendo responsáveis por grandes tragédias. Outros, gerados por indivíduos motivados por ganância e poder, resultaram de escolhas egoístas e provocaram catástrofes igualmente terríveis"
(As piores decisões da história, Stephen Weir)
11. (TJ/BA - Analista Judiciário - FGV)
primeira frase do texto 1, no desenvolvimento desse texto, desempenha o seguinte papel:
a) aborda o tema de "erros memoráveis," que são enumerados nos períodos seguintes;
b) introduz um assunto, que é subdividido no restante do texto;
c) mostra a causa de algo cujas consequências são indicadas a seguir;
d) denuncia a história como uma sequência de erros cometidos por razões explicitadas a seguir;
e) faz uma afirmação que é comprovada pelas exemplificações seguintes.
Comentário: vamos analisar as alternativas:
A) aborda o tema de "erros memoráveis", que são enumerados nos períodos seguintes; - ERRADO - Os erros em si não são abordados.
B) introduz um assunto, que é subdividido no restante do texto; - CORRETO!! O texto é dividido em três períodos. Um ele introduz o tema, que é dividido em dois períodos de motivos.
C) mostra a causa de algo cujas consequências são indicadas a seguir; - ERRADO - O Contrário. Mostra a consequência no primeiro período, depois as causas.
D) denuncia a história como uma sequência de erros cometidos por razões explicitadas a seguir; - ERRADO - Não há sequência de erros. Há um tipo de erro cometido por pessoas bens intencionadas e outro tipo de erro cometido por pessoas mal intencionadas.
E) faz uma afirmação que é comprovada pelas exemplificações seguintes. - ERRADO - Não há exemplificações, mas uma argumentação a partir de uma análise crítica.
GABARITO: B
Texto para as próximas cinco questões.
CONSTRUIR A REALIDADE
José Antonio Marina
Todos queremos viver em liberdade e procuramos construir caminhos para alcançar esse propósito. Se um problema atravessa nossas vidas, nos sentimos impossibilitados de estar plenamente livres, pois há limitações e dificuldades de atuar. Ficamos em uma rua sem saída.
Felizmente, a inteligência nos permite encontrar soluções e nos possibilita criar alternativas. O pensamento liberta! Não nos contentamos em conhecer, não nos basta possuir, não somos seres passivos. Nossos projetos buscam conectar-se à realidade e ampliá-la. Por exemplo, milhares de pessoas leem livros de autoajuda, pois desejam mudar sua própria realidade, ainda que os resultados sejam pequenos. Então, por que continuam lendo? Porque a simples ideia de que "se pode" mudar enche o coração de esperança.
Em muitas ocasiões, nos sentimos presos à realidade, sem poder agir, limitados pelas contingências da vida. Felizmente, a inteligência nos diz que, dentro de certos limites - a morte é um deles -, a realidade não está totalmente decidida; está esperando que acabemos de defini-la. A realidade não é bela nem feia, nem justa nem injusta, nem exultante nem deprimente, não há maniqueísmo. A vida é um conjunto de possibilidades que devem ser construídas. Por isso, nada é definitivo, tudo está por vir. As coisas adquirem propriedades novas quando vamos em direção a elas com novos projetos.
Observemos essa explosão do real em múltiplas possibilidades. Cada coisa é uma fonte de ocorrências, cada ponto se converte na intersecção de infinitas retas, ou de infinitos caminhos. Cada vez mais se desfazem os limites entre o natural e o artificial. 4
12. (TJ/RJ - Analista Judiciário - FGV)
"Procuramos construir caminhos para alcançar esse propósito"; a forma adequada da transformação da oração reduzida sublinhada em oração desenvolvida é:
a) para o alcance desse propósito;
b) para que alcançássemos esse propósito;
c) para alcançarmos esse propósito;
d) para que alcancemos esse propósito;
e) para que esse propósito fosse alcançado.
Comentário: Para desenvolver as orações reduzidas, basta conjugar o verbo (que está numa forma nominal) e inserir conector: [...] para que (conector) alcancemos (verbo conjugado) esse propósito.
GABARITO: D
13. (TJ/RJ - Analista Judiciário - FGV)
"Ao dizer que "ficamos em uma rua sem saída", no final do primeiro parágrafo, o autor do texto 1 se refere:
a) à demorada procura da solução de um problema;
b) ao surgimento de um problema em nosso caminho;
c) à incapacidade de agirmos livremente;
d) ao encontro de limitações e dificuldades;
e) à possibilidade de descobrir um caminho.
Comentário: vamos analisar: um problema atravessa nossas vidas --- nos sentimos impossibilitados de estar plenamente livres, ok, por quê? >>>>>>>há limitações e dificuldades que nos levam a uma rua sem saída! Sendo assim, a alternativa D está correta, pois ficar em uma rua sem saída é o mesmo que ir ao encontro do que nos limita!
GABARITO: D
14. (TJ/RJ - Analista Judiciário - FGV)
A inversão de termos em uma das frases desse primeiro parágrafo do texto 1 que se torna inadequada por modificar o sentido original é:
a) todos queremos viver em liberdade / todos queremos em liberdade viver;
b) procuramos construir caminhos para alcançar esse propósito / para alcançar esse propósito procuramos construir caminhos;
c) se um problema atravessa nossas vidas / se um problema nossas vidas atravessa;
d) nos sentimos impossibilitados / sentimo-nos impossibilitados;
e) ficamos em uma rua sem saída / ficamos sem saída em uma rua.
Comentário: atenção para a seguinte análise:
A - NÃO MODIFICA O SENTIDO ORIGINAL - queremos o quê? - viver em liberdade/em liberdade viver
B - NÃO MODIFICA O SENTIDO ORIGINAL - procuramos construir o quê? - caminhos; com que finalidade? - para alcançar esse propósito
C - NÃO MODIFICA O SENTIDO ORIGINAL - quem atravessa? - um problema
D - NÃO MODIFICA O SENTIDO ORIGINAL - não ocorre inversão; há apenas uma contração do pronome oblíquo nos
E - MODIFICA O SENTIDO ORIGINAL - ficamos onde? - em uma rua; como era a rua? - sem saída / como ficamos? - sem saída; onde? - em uma rua
GABARITO: E
15. (TJ/RJ - Analista Judiciário - FGV)
"As coisa adquirem propriedades novas quando vamos em direção a elas com nonos projetos"; o termo que equivale exatamente ao segmento sublinhado é:
a) ao encontro delas;
b) de encontro a elas;
c) junto delas;
d) em companhia delas;
e) contra elas.
Comentário: Ao encontro de: tem significado de "estar de acordo com", "em direção a", "para junto de". De encontro a: tem significado de "contra", "em oposição a","para se chocar-se com".Logo,Ao encontro de é uma expressão usada para indicar concordância, enquanto De encontro a, é uma expressão usada para indicar discordância, ou seja, as locuções tem significado totalmente opostos. Sendo assim, a opção adequada para a resposta é a alternativa A.
GABARITO: A
Questões Propostas
CONSTRUIR A REALIDADE
José Antonio Marina
Todos queremos viver em liberdade e procuramos construir caminhos para alcançar esse propósito. Se um problema atravessa nossas vidas, nos sentimos impossibilitados de estar plenamente livres, pois há limitações e dificuldades de atuar. Ficamos em uma rua sem saída.
Felizmente, a inteligência nos permite encontrar soluções e nos possibilita criar alternativas. O pensamento liberta! Não nos contentamos em conhecer, não nos basta possuir, não somos seres passivos. Nossos projetos buscam conectar-se à realidade e ampliá-la. Por exemplo, milhares de pessoas leem livros de autoajuda, pois desejam mudar sua própria realidade, ainda que os resultados sejam pequenos. Então, por que continuam lendo? Porque a simples ideia de que "se pode" mudar enche o coração de esperança.
Em muitas ocasiões, nos sentimos presos à realidade, sem poder agir, limitados pelas contingências da vida. Felizmente, a inteligência nos diz que, dentro de certos limites - a morte é um deles -, a realidade não está totalmente decidida; está esperando que acabemos de defini-la. A realidade não é bela nem feia, nem justa nem injusta, nem exultante nem deprimente, não há maniqueísmo. A vida é um conjunto de possibilidades que devem ser construídas. Por isso, nada é definitivo, tudo está por vir. As coisas adquirem propriedades novas quando vamos em direção a elas com novos projetos.
Observemos essa explosão do real em múltiplas possibilidades. Cada coisa é uma fonte de ocorrências, cada ponto se converte na intersecção de infinitas retas, ou de infinitos caminhos. Cada vez mais se desfazem os limites entre o natural e o artificial. 4
1) O título dado ao texto 1 é "construir a realidade"; o segmento do texto que se liga diretamente a esse título é:
a) "O pensamento liberta!";
b) "Por exemplo, milhares de pessoas leem livros de autoajuda";
c) "Em muitas ocasiões, nos sentimos presos á realidade";
d) "A vida é um conjunto de possibilidades";
e) "Nossos projetos buscam conectar-se a realidade".
2) Os exemplos dos animais citados no texto 2 servem para mostrar que os animais:
a) são diferentes de nós;
b) também possuem inteligência;
c) captam estímulos que nós não captamos;
d) podem ouvir mais do que os humanos;
e) vivem num mundo equilibrado.
A maçã não tem culpa
Pela lenda judaico-cristã, o homem nasceu em inocência. Mas a perdeu quando quis conhecer o bem e o mal. Há uma distorção generalizada considerando que o pecado original foi um ato sexual, e a maçã ficou sendo um símbolo de sexo. Quando ocorreu o episódio narrado na Bíblia, Adão e Eva já tinham filhos pelos métodos que adotamos até hoje. Não usaram proveta nem recorreram à sapiência técnica e científica do ex-doutor Abdelmassih. Numa palavra, procederam dentro do princípio estabelecido pelo próprio Senhor "crescei e multiplicai-vos". O pecado foi cometido quando não se submeteram à condição humana e tentaram ser iguais a Deus, conhecendo o bem e o mal. A folha de parreira foi a primeira escamoteação da raça humana. Criado diretamente por Deus ou evoluído do macaco, como Darwin sugeriu, o homem teria sido feito para viver num paraíso, em permanente estado de graça. Nas religiões orientais, creio eu, mesmo sem ser entendido no assunto (confesso que não sou entendido em nenhum assunto), o homem, criado ou evoluído, ainda vive numa fase anterior ao pecado dito original. Na medida em que se interioriza pela meditação, deixando a barba crescer ou tomando banho no Ganges, o homem busca a si mesmo dentro do universo físico e espiritual. Quando atinge o nirvana, lendo a obra completa do meu amigo Paulo Coelho, ele vive uma situação de felicidade, num paraíso possível. Adão e Eva, com sua imensa prole, poderiam ter continuado no Éden se não tivessem cometido o pecado. A maçã de Steve Jobs não tem nada a ver com isso. Repito: o pecado original não foi o sexo, o ato do sexo, prescrito pelo próprio latifundiário, dono de todas as terras e de todos os mares. A responsabilidade pelo pecado foi a soberba do homem em ter uma sabedoria igual à de seu Criador.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo)
3) Apesar de publicado em um jornal, o texto I deve ser classificado como:
a) dissertativo-argumentativo.
b) narrativo-histórico.
c) teórico-religioso.
d) lírico-poético.
e) dissertativo-expositivo.
Francisco, os gays e a doutrina
“Se alguém que é gay procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá‐lo?” A declaração do Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à imprensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um trovão mundo afora. Nela, existe mais forma que substância – mas a forma conta. A homossexualidade é um tabu no Vaticano. Bento XVI, o antecessor de Francisco, escreveu apenas oito anos atrás que a homossexualidade é uma “desordem objetiva” e “uma forte inclinação dirigida para um pecado mortal intrínseco”. Francisco não contestou Bento XVI – e talvez concorde com ele. Contudo, usou o termo coloquial “gay”, algo antes impensável, e colocou o acento em outro lugar: “Quem sou eu para julgá‐lo?” Francisco deslocou o problema. Sob a lógica de sua declaração revolucionária, o problema não é de substância (ser gay), mas de circunstância (viver à luz de Deus). Ele não foi além disso. Entretanto, nas dioceses distantes, a frase provocará debates, e muitos a interpretarão como uma licença implícita para ordenar padres que são gays, mas celibatários. “Não fale, não pergunte”: essa foi a orientação de Bill Clinton que começou a abrir as portas das forças armadas americanas aos gays. Francisco disse quase o mesmo. “Quem sou eu para julgá‐lo?” – isso, dito pelo Papa, não é pouca coisa. O impacto da declaração não está confinado às fronteiras da Igreja. Em dezenas de países, especialmente nos da África, existem leis contra gays. A Rússia de Vladimir Putin acaba de criar uma lei desse tipo. Estados e governos querem a prerrogativa de “julgar” – e de punir! – a orientação sexual das pessoas. Quando a Igreja ensaia rever sua anacrônica posição sobre os homossexuais, algo de relevante está acontecendo. Na África do Sul, o arcebispo anglicano Desmond Tutu, uma das mais destacadas figuras da luta contra o apartheid, lidera uma campanha internacional de denúncia das leis antigays. Ele declarou que repudiaria “um Deus homofóbico”. Francisco ficou bem longe disso, mas suas palavras anunciam o fim de um tempo de escuridão. A pergunta que emerge delas é bem simples: se o Papa não tem o direito de “julgar” os gays, quem são as autoridades políticas para fazê‐lo?
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
4) Estruturalmente falando, a declaração do Papa, colocada ao início do texto, funciona como:
a)uma afirmativa da qual se vão destacar os pontos positivos e negativos.
b) uma alusão a um tema que vai ser mais amplamente explorado no texto.
c)uma referência para a discussão do papel da Igreja no mundo moderno.
d) uma introdução que limita a discussão aos muros da própria Igreja.
e) um tópico que indica a contradição da Igreja, objeto do texto.
Brasileiro, Homem do Amanhã (Paulo Mendes Campos)
Há em nosso povo duas constantes que nos induzem a sustentar que o Brasil é o único país brasileiro de todo o mundo. Brasileiro até demais. Colunas da brasilidade, as duas colunas são: a capacidade de dar um jeito; a capacidade de adiar. A primeira é ainda escassamente conhecida, e nada compreendida, no Exterior; a segunda, no entanto, já anda bastante divulgada lá fora, sem que, direta ou sistematicamente, o corpo diplomático contribua para isso. Aquilo que Oscar Wilde e Mark Twain diziam apenas por humorismo (nunca se fazer amanhã aquilo que se pode fazer depois de amanhã), não é no Brasil uma deliberada norma de conduta, uma diretriz fundamental. Não, é mais, é bem mais forte do que qualquer princípio da vontade: é um instinto inelutável, uma força espontânea da estranha e surpreendente raça brasileira. Para o brasileiro, os atos fundamentais da existência são: nascimento, reprodução, procrastinação e morte (esta última, se possível, também adiada). Adiamos em virtude dum verdadeiro e inevitável estímulo inibitório, do mesmo modo que protegemos os olhos com a mão ao surgir na nossa frente um foco luminoso intenso. A coisa deu em reflexo condicionado: proposto qualquer problema a um brasileiro, ele reage de pronto com as palavras: logo à tarde, só à noite; amanhã; segunda-feira; depois do Carnaval; no ano que vem. Adiamos tudo: o bem e o mal, o bom e o mau, que não se confundem, mas tantas vezes se desemparelham. Adiamos o trabalho, o encontro, o almoço, o telefonema, o dentista, o dentista nos adia, a conversa séria, o pagamento do imposto de renda, as férias, a reforma agrária, o seguro de vida, o exame médico, a visita de pêsames, o conserto do automóvel, o concerto de Beethoven, o túnel para Niterói, a festa de aniversário da criança, as relações com a China, tudo. Até o amor. Só a morte e a promissória são mais ou menos pontuais entre nós. Mesmo assim, há remédio para a promissória: o adiamento bi ou trimestral da reforma, uma instituição sacrossanta no Brasil. Quanto à morte não devem ser esquecidos dois poemas típicos do Romantismo: na Canção do Exílio, Gonçalves Dias roga a Deus não permitir que morra sem que volte para lá, isto é, para cá. Já Álvares de Azevedo tem aquele famoso poema cujo refrão é sintomaticamente brasileiro "se eu morresse amanhã"Como se vê, nem os românticos aceitavam morrer hoje, postulando a Deus prazos mais confortáveis.
Sim, adiamos por força dum incoercível destino nacional, do mesmo modo que, por obra do fado, o francês poupa dinheiro, o inglês confia no Times, o português adora bacalhau, o alemão trabalha com um furor disciplinado, o espanhol se excita com a morte, o japonês esconde o pensamento, o americano escolhe sempre a gravata mais colorida. O brasileiro adia, logo existe.
A divulgação dessa nossa capacidade autóctone para a incessante delonga transpõe as fronteiras e o Atlântico. A verdade é que já está nos manuais. Ainda há pouco, lendo um livro francês sobre o Brasil, incluído numa coleção quase didática de viagens, encontrei no fim do volume algumas informações essenciais sobre nós e sobre a nossa terra. Entre poucos endereços de embaixadas e consulados, estatísticas, indicações culinárias, o autor intercalou o seguinte tópico:
Palavras
Hier: ontem
Adjourd'hui: hoje
Demain: amanhã
A única palavra importante é "amanhã". Ora, este francês astuto agarrou-nos pela perna. O resto eu adio para a semana que vem.
5) Sobre a organização desse texto, pode-se afirmar que sua estrutura:
a) se organiza a partir das duas marcas de brasilidade apontadas, embora somente uma delas seja explorada de forma sociologicamente séria;
b) destaca, entre outras, duas marcas do brasileiro moderno, valorizando mesmo os aspectos negativos nelas contidos;
c) cita, no título da crônica, uma marca de nossa brasilidade, que é indicada como a marca exclusiva de nosso modo de ver a vida;
d) alude a duas marcas de brasilidade, mas destaca apenas uma delas, por ser aquela que faz parte de nossos movimentos literários;
e) concentra atenção numa das duas marcas apontadas inicialmente, atribuindo à outra extensão textual e importância reduzida.
Meu Ideal Seria Escrever...
Rubem Braga
Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse -- "ai meu Deus, que história mais engraçada!". E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria -- "mas essa história é mesmo muito engraçada!".
Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua má vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.
Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha história chegasse -- e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário do distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aqueles pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse -- "por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de prender ninguém!" . E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha história.
E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, em Dublin, a um japonês, em Chicago -- mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: "Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou por acaso até nosso conhecimento; é divina".
E quando todos me perguntassem -- "mas de onde é que você tirou essa história?" -- eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: "Ontem ouvi um sujeito contar uma história...".
E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro.
A crônica acima foi extraída do livro "A traição das elegantes", Editora Sabiá - Rio de Janeiro, 1967, pág. 91.
Saiba tudo sobre o autor e sua obra em "Biografias".
6) Conforme a leitura integral da crônica de Rubem Braga, seu ideal seria escrever uma história que:
a) conduzisse o leitor a uma reflexão crítica sobre a situação política do país.
b) desvelasse a incapacidade humana de lidar com questões mais subjetivas.
c) evidenciasse em sua estrutura o próprio processo de produção que a originou.
d) oferecesse alento àqueles que vivenciam experiências desagradáveis.
e) inflamasse no leitor o desejo de romper com discursos prontos sobre a vida.
Rubem Alves: Aprendo porque amo
RUBEM ALVES
Recordo a Adélia Prado: "Não quero faca nem queijo; quero é fome". Se estou com fome e gosto de queijo, eu como queijo... Mas e se eu não gostar de queijo? Procuro outra coisa de que goste: banana, pão com manteiga, chocolate... Mas as coisas mudam de figura se minha namorada for mineira, gostar de queijo e for da opinião que gostar de queijo é uma questão de caráter. Aí, por amor à minha namorada, eu trato de aprender a gostar de queijo.
Lembro-me do filme "Assédio", de Bernardo Bertolucci. A história se passa numa cidade do norte da Itália ou da Suíça. Um pianista vivia sozinho numa casa imensa que havia recebido como herança. Ele não conseguia cuidar da casa sozinho nem tinha dinheiro para pagar uma faxineira. Aí ele propôs uma troca: ofereceu moradia para quem se dispusesse a fazer os serviços de limpeza.
Apresentou-se uma jovem negra, recém-vinda da África, estudante de medicina. Linda! A jovem fazia medicina ocidental com a cabeça, mas o seu coração estava na música da sua terra, os atabaques, o ritmo, a dança. Enquanto varria e limpava, sofria ouvindo o pianista tocando uma música horrível: Bach, Brahms, Debussy... Aconteceu que o pianista se apaixonou por ela. Mas ela não quis saber de namoro. Achou que se tratava de assédio sexual e despachou o pianista falando sobre o horror da música que ele tocava.
O pobre pianista, humilhado, recolheu-se à sua desilusão, mas uma grande transformação aconteceu: ele começou a frequentar os lugares onde se tocava música africana. Até que aquela música diferente entrou no seu corpo e deslizou para os seus dedos. De repente, a jovem de vassoura na mão começou a ouvir uma música diferente, música que mexia com o seu corpo e suas memórias... E foi assim que se iniciou uma estória de amor atravessado: ele, por causa do seu amor pela jovem, aprendendo a amar uma música de que nunca gostara, e a jovem, por causa do seu amor pela música africana, aprendendo a amar o pianista que não amara. Sabedoria da psicanálise: frequentemente, a gente aprende a gostar de queijo por meio do amor pela namorada que gosta de queijo...
Isso me remete a uma inesquecível experiência infantil. Eu estava no primeiro ano do grupo. A professora era a dona Clotilde. Ela fazia o seguinte: sentava-se numa cadeira bem no meio da sala, num lugar onde todos a viam —acho que fazia de propósito, por maldade—, desabotoava a blusa até o estômago, enfiava a mão dentro dela e puxava para fora um seio lindo, liso, branco, aquele mamilo atrevido... E nós, meninos, de boca aberta... Mas isso durava não mais que cinco segundos, porque ela logo pegava o nenezinho e o punha para mamar. E lá ficávamos nós, sentindo coisas estranhas que não entendíamos: o corpo sabe coisas que a cabeça não sabe.
Terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, pedindo para carregar sua pasta. Quem recebia a pasta era um felizardo, invejado. Como diz o velho ditado, "quem não tem seio carrega pasta"... Mas tem mais: o pai da dona Clotilde era dono de um botequim onde se vendia um doce chamado "mata-fome", de que nunca gostei. Mas eu comprava um mata-fome e ia para casa comendo o mata-fome bem devagarzinho... Poeticamente, trata-se de uma metonímia: o "mata-fome" era o seio da dona Clotilde...
Ridendo dicere severum: rindo, dizer as coisas sérias... Pois rindo estou dizendo que frequentemente se aprende uma coisa de que não se gosta por se gostar da pessoa que a ensina. E isso porque —lição da psicanálise e da poesia— o amor faz a magia de ligar coisas separadas, até mesmo contraditórias. Pois a gente não guarda e agrada uma coisa que pertenceu à pessoa amada? Mas a "coisa" não é a pessoa amada! "É sim!", dizem poesia, psicanálise e magia: a "coisa" ficou contagiada com a aura da pessoa amada.
Minha avó guardava uns bichinhos que haviam pertencido a um filho que morrera. Guardo um peso de papel, de vidro, que pertenceu ao meu pai. E os apaixonados guardam uma peça de roupa da pessoa amada e a colocam sobre o travesseiro, ao dormir... Mesmo depois de ela ter morrido. É como se, por meio daquela "coisa" que não é a pessoa amada, fosse possível tocar e acariciar a pessoa amada, ausente.
Pois o mesmo mecanismo acontece na educação. Quando se admira um mestre, o coração dá ordens à inteligência para aprender as coisas que o mestre sabe. Saber o que ele sabe passa a ser uma forma de estar com ele. Aprendo porque amo, aprendo porque admiro. Sabendo o que ele sabe eu carrego a sua pasta, como o "mata-fome", faço amor com ele.
Lamento dizer isso: tive poucos mestres que admirasse. Lembro-me de um que admiro até hoje, embora já se tenham passado mais de 50 anos: Leônidas Sobrinho Porto. Professor de literatura, nunca nos atormentou com informações sobre nomes e escolas literárias. Ele sabia que não aprenderíamos. Mas quando ele se punha a falar, era como se estivesse possuído. Falava com tal paixão sobre as grandes obras literárias que era impossível não ser contagiado. Eu o admirava porque nele brilhava a beleza da literatura, "queijo" de que eu não gostava. Ele me fez amar a literatura.
A dona Clotilde nos dá a lição de pedagogia: quem deseja o seio, mas não pode prová-lo, realiza o seu amor poeticamente, por metonímia: carrega a pasta e come "mata-fome"...
Rubem Alves, 65, é educador, psicanalista e escritor. Está escrevendo uma história pedagógica: Pinóquio às avessas, que conta a história de um menininho que nasceu de carne e osso e, ao receber o diploma da universidade, virou um boneco de pau.
Site - www.rubemalves.com.br
7) Verifica-se como recurso fundamental à tese advogada pelo autor o uso da conotação, favorecida pelo emprego de elementos simbólicos.
Constitui exemplo dessa afirmativa o seguinte período:
a) "Aí ele propôs uma troca: ofereceu moradia para quem se dispusesse a fazer os serviços de limpeza." (I 15-17)
b) "A jovem fazia medicina ocidental com a cabeça, mas o seu coração estava na música da sua terra." (I 19-21)
c) "E foi assim que se iniciou uma estória de amor atravessado: ele, por causa do seu amor pela jovem, aprendendo a amar uma música de que nunca gostara, e a jovem, por causa do seu amor pela música africana, aprendendo a amar o pianista que não amara." (I 36-41)
d) "Ela fazia o seguinte: sentava-se numa cadeira bem no meio da sala, num lugar onde todos a viam - acho que fazia de propósito, por maldade -, desabotoava a blusa até o estômago, enfiava a mão dentro dela e puxava para fora um seio lindo, liso, branco." (I 47-52)
e) "Carrega a pasta e come 'mata-fome...'" (I 83-84)
8) Por meio da leitura integral do texto, é possível inferir que o gosto pelo conhecimento.
a) é inerente a todos os indivíduos.
b) se constitui num processo de afetividade.
c) tem o desinteresse por consequência.
d) se vincula ao desejo efêmero de ensinar.
e) se forma a partir da autonomia do sujeito.
9) O período "Terminada a aula, os meninos faziam fila junto á dona Clotilde, pedindo para carregar a sua pasta." (I 58-59) pode ser reescrito, mantendo-se o sentido original e respeitando-se os aspectos de coesão e coerência, da seguinte forma:
a) Quando terminava a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde e pediam para carregar sua pasta.
b) Porque terminava a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, além de pedir para carregar sua pasta.
c) Ao terminar a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, apesar de pedirem para carregar sua pasta.
d) Terminando a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, que pedia para carregar sua pasta.
e) Embora terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, cujos pediam para carregar sua pasta.
EU
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
ESPANCA, Florbela. Livro de Mágoas. Lisboa: Editorial Estampa, s/d.
10) O uso frequente das reticências no texto reafirma o perfil do eu do poema como uma pessoa.
a) "perdida".
b) "crucificada".
c) "dolorida".
d) "triste".
e) "forte".
TEXTO I
Um pouco distraído
Ando um pouco distraído, ultimamente. Alguns amigos mais velhos sorriem, complacentes, e dizem que é isso mesmo, costuma acontecer com a idade, não é distração: é memória fraca mesmo, insuficiência de fosfato.
O diabo é que me lembro cada vez mais de coisas que deveria esquecer: dados inúteis, nomes sem significado, frases idiotas, circunstâncias ridículas, detalhes sem importância. Em compensação, troco o nome das pessoas, confundo fisionomias, ignoro conhecidos, cumprimento desafetos. Nunca sei onde largo objetos de uso e cada saída minha de casa representa meia hora de atraso em aflitiva procura: quede minhas chaves? meus cigarros? meu isqueiro? minha caneta?
Estou convencido de que tais objetos, embora inanimados, têm um pacto secreto com o demônio, para me atormentar: eles se escondem. Recentemente, descobri a maneira infalível de derrotá-los. Ainda há pouco quis acender um cigarro, dei por falta do isqueiro. Em vez de procurá-lo freneticamente, como já fiz tantas vezes, abrindo e fechando gavetas, revirando a casa feito doido, para acabar plantado no meio da sala apalpando os bolsos vazios como um tarado, levantei-me com naturalidade sem olhar para lugar nenhum e fui olimpicamente à cozinha apanhar uma caixa de fósforos.
Ao voltar - eu sabia! - dei com o bichinho ali mesmo, na ponta da mesa, bem diante do meu nariz, a olhar-me desapontado. Tenho a certeza de que ele saiu de seu esconderijo para me espiar.
Até agora estou vencendo: quando eles se escondem, saio de casa sem chaves e bato na porta ao voltar; compro outro maço de cigarros na esquina, uma nova caneta, mais um par de óculos escuros; e não telefono para ninguém até que minha caderneta resolva aparecer. É uma guerra sem tréguas, mas hei de sair vitorioso. [...]
Alarmado, confidenciei a um amigo este e outros pequenos lapsos que me têm ocorrido, mas ele me consolou de pronto, contando as distrações de um tio seu, perto do qual não passo de um mero principiante.
Trata-se de um desses que põem o guarda-chuva na cama e se dependuram no cabide, como manda a anedota. Já saiu à rua com o chapéu da esposa na cabeça. Já cumprimentou o trocador do ônibus quando este lhe estendeu a mão para cobrar a passagem. Já deu parabéns à viúva na hora do velório do marido. Certa noite, recebendo em sua casa uma visita de cerimônia, despertou de um rápido cochilo e se ergueu logo, dizendo para sua mulher: "Vamos, meu bem, que já está ficando tarde[...]"
Contou-me ainda o sobrinho do monstro que sair com um sapato diferente em cada pé, tomar ônibus errado, esquecer dinheiro em casa, são coisas que ele faz quase todos os dias. Já lhe aconteceu tanto se esquecer de almoçar como almoçar duas vezes. Outro dia arranjou para o sobrinho um emprego num escritório de advocacia, para que fosse praticando, enquanto estudante. Ï Você sabe Ï me conta o sobrinho: - O que eu estudo é medicina... Não, eu não sabia: para dizer a verdade, só agora o estava identificando. Mas não passei recibo - faz parte da minha nova estratégia, para não acabar como o tio dele: dar o dito por não dito, não falar mais no assunto, acender um cigarro. É o que farei agora. Isto é, se achar o cigarro.
SABINO, F. Deixa o Alfredo Falar. Rio de Janeiro: Record, 1976.
Texto II
Ando meio desligado
Ando meio desligado
Eu nem sinto meus pés no chão
Olho e não vejo nada
Eu só penso se você me quer
Eu nem vejo a hora de lhe dizer
Aquilo tudo que eu decorei
E depois o beijo que eu já sonhei
Você vai sentir, mas...
Por favor, não leve a mal
Eu só quero que você me queira
Não leve a mal
BAPTISTA, A.; LEE, R.; DIAS, S. Ando meio desligado. Intérprete: Os Mutantes. In: MUTANTES. A divina comédia ou Ando meio desligado. Rio de Janeiro: Polydor/Polyfar. p1970. 1 disco sonoro, Lado 1, faixa 1 (3 min 2s).
11) A semelhança de sentido entre o distraído do título do Texto I e o desligado do Texto II está presente no par de trechos, retirados de cada texto, respectivamente:
a) "costuma acontecer com a idade" / "Eu nem sinto meus pés no chão"
b) "é memória fraca mesmo, insuficiência de fosfato." / "Eu só quero que você me queira."
c) "Nuca sei onde largo objetos de uso" / "Olho e não vejo nada."
d) "Vamos, meu bem, que já está ficando tarde." / "Não leve a mal."
e) "Isto é, se achar o cigarro." / "Aquilo tudo que eu decorei."
Releia o texto 1, da questão anterior, "Um pouco distraído," para responder às questões 27,28 e 29.
12) No texto, o narrador afirma que os objetos que desaparecem são inanimados. Que trecho contradiz essa afirmação?
a) "em aflita procura".
b) "fui olimpicamente á cozinha".
c) "a olhar-me desapontado".
d) "hei de sair vitorioso".
e) "não falar mais no assunto".
13) No texto, o tio mencionado é qualificado de monstro porque ele é:
a) uma pessoa má
b) absurdamente rigoroso
c) extremamente desatento
d) muito agressivo
e) demasiado preguiçoso
14) O trecho "Certa noite [...] 'já está ficando tarde'" indica, no texto, que o tio era distraído porque ele:
a) não deveria ter dormido durante a visita.
b) estava na própria casa, e não teria por que sair.
c) tinha que demonstrar respeito em relação ao visitante.
d) deixou de pedir a opinião da mulher sobre a hora de voltar para casa.
e) precisava esperar algum tempo, depois de acordar do cochilo, para ir embora.
Para responder a questão a seguir, releia o texto II, da questão 26.
15) No texto, em sua autodescrição, o eu do poema caracteriza-se como alguém:
a) autodestrutivo
b) melancólico
c) apaixonado
d) distraído
e) leve


