

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
PERÍODO COMPOSTO
ORAÇÕES SUBORDINADAS
ORAÇÕES COORDENADAS
ORAÇÕES REDUZIDAS
“Seja como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muito
leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem asas”.
Victor Hugo
INTRODUÇÃO
Para começar, vamos lembrar que um texto é composto por orações unidas umas às outras de maneira coordenada ou subordinada, mas com uma relação de sentido e razão para estarem ali. Cada oração possui um verbo. Um período com apenas uma oração é chamado de simples, enquanto um período com duas ou mais orações é chamado de composto.
Para analisarmos um período composto, é de extrema importância que conheçamos as funções sintáticas dos elementos de um período simples. É como se fosse um pré-requisito para compreendermos perfeitamente o período com cláusulas encaixadas (composto). Pensando nisso, vamos rever um pouco de transitividade verbal e tipos de complemento para facilitar o nosso estudo da subordinação e da coordenação entre as orações.
Venham comigo!
Transitividade Verbal
Trata-se da parte da sintaxe que estuda a maneira como os verbos se comportam nas orações. A melhor maneira de iniciar uma análise sintática é justamente pelo verbo. Temos que identificar que tipo de verbo temos (significativo ou de ligação), buscar o sujeito e, caso seja um verbo significativo, logo vamos perceber se pede ou não um complemento. Vamos às análises!
Todo verbo significativo é o centro das atenções! Ele é assim denominado porque traz a significação para a frase, sendo o núcleo do predicado. Apenas esse tipo de verbo possui transitividade.
São três transitividades verbais:
- Verbo Transitivo Direto (VTD) = pede um complemento sem auxílio de preposição.
- Verbo Transitivo Indireto (VTI) = pede um complemento com auxílio de preposição (a, de, para, com, sobre...).
- Verbo Intransitivo (VI) = não pede complemento. Sua significação não está “transitando”, está completa. Às vezes pede Adjunto Adverbial.
FIQUE ATENTO!
Alguns verbos pedem dois complementos, por isso são chamados de Verbos Transitivos Direto e Indireto (VTDI) ou bitransitivo.
Com relação aos complementos verbais, são dois:
Objeto Direto (OD) = completa Verbo Transitivo Direto (VTD)
Objeto Indireto (OI) = completa Verbo Transitivo Indireto (VTI)
FIQUE ATENTO!
Não existe OD que complete um VTI, da mesma forma, pela lógica, não existe OI que complete um VTD!!
Vejamos os exemplos que seguem (usarei as siglas para sistematizar a análise):
1) O bandido morreu.
Sujeito VI
2) Ele foi à minha casa.
Sujeito VI Adjunto Adverbial de Lugar
3) Eles amam o trabalho ontem.
Sujeito VTD OD
4) Eu gosto muito de você.
Sujeito VTI OI
5) Ofereci um doce à criança.
VTDI OD OI
ATENÇÃO DECORE!
MACETE!!
Para saber se um verbo é Transitivo Direto ou Indireto, sem erro, faça o seguinte:
O menino comprou o livro.
Comprou o quê? O livro!
O menino conheceu o padrasto.
Conheceu quem? O padrasto!
Comprar e conhecer são VTD!
Fazemos apenas duas únicas perguntas para um VTD: “o quê?” Ou “quem?”
Caso você faça qualquer outra pergunta para o verbo, saiba que está diante de um VTI, sem a menor dúvida!
Gosto muito de crianças
Gosto de quê? De crianças!
Refiro-me a você.
Refiro-me a quem? A você!
Gostar e referir-se são um VTI!
Resumindo: sugiro que decore apenas duas perguntas:
O quê? Sempre
Quem? VTD
Qualquer outra pergunta indicará tratar-se de um VTI! Faça o teste com outros verbos!
Opa! Pegadinha!
Fique esperto! O verbo de ligação é fraco, serve apenas para ligar o sujeito ao seu predicativo, não é núcleo e NÃO tem transitividade, ou seja, NÃO PEDE COMPLEMENTO!!! O verbo de ligação indica apenas o estado em que o sujeito se encontra, seja ele permanente ou momentâneo.
Eu sou um rio de água limpa.
Eu = Sujeito
Sou = verbo de ligação (estado permanente)
Um rio de água limpa = predicativo do sujeito
Os alunos permaneceram calados
Os alunos = sujeito
Permaneceram = verbo de ligação (estado momentâneo)
Calados = predicativo do sujeito
Não cometa o erro de chamar um verbo de ligação de VTD e o predicativo do sujeito de OD! Cuidado!
Principais verbos de ligação: ser, estar, ficar, permanecer, continuar, tornar-se...
PERÍODO COMPOSTO
Um período pode ser simples ou composto, depende do número de verbos que possui: para cada oração, um verbo.
Período simples: possui apenas uma oração (um verbo)
Fizemos o melhor.
Período composto: possui duas ou mais orações (mais de um verbo)
Chegamos aqui para fazermos o melhor!
O período composto subdivide-se em:
1) Subordinação: reúne orações dependentes, ou seja, uma é função sintática da outra.
Desejo / que você seja feliz.
Or. Principal Or. Subordinada (função de OD do verbo da oração principal)
2) Coordenação: reúne orações independentes, isto é, uma não é função sintática da outra. As orações existem independentemente.
Você estuda em Brasília e mora em Taguatinga.
Oração Coordenada Oração Coordenada
ORAÇÕES SUBORDINADAS
Tais orações podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais:
1. SUBSTANTIVAS: têm função equivalente a um substantivo – funcionam como: Sujeito, Objeto Direto, Objeto Indireto, Complemento Nominal, Aposto, Predicativo. São introduzidas, normalmente, pelas conjunções integrantes que e se.
a) Subjetiva - possui função de sujeito da oração principal.
Convinha a todos / que você partisse.
Oração Principal Or. Sub. Subst. Subjetiva
b) Objetiva Direta – possui função de Objeto Direto da oração principal.
Ela viu / que o dinheiro terminara.
Or. Principal. Or. Sub. Subst. Objetiva Direta
Observe que a oração principal tem um VTD (ver)!
c) Objetiva Indireta - possui função de Objeto Indireto da oração principal.
Todos gostaram / de que estivesse lá.
Or. Princ. Or. Sub. Subst. Objetiva Indireta
Observe que a oração principal possui um VTI (gostar)!
d) Completiva Nominal - possui função de Complemento Nominal da oração principal.
Tive a impressão / de que algo explodira.
Or. Princ. Or. Sub. Subst. Completiva Nominal
Observe que a oração Completiva Nominal está completando o nome “impressão” da oração principal.
e) Apositiva - possui função de Aposto da oração principal.
Disse algo terrível: que ia casar.
Or. Principal Or. Sub. Subst. Apositiva
f) Predicativa - possui função de predicativo do sujeito da oração principal, que, é claro, deve possuir um verbo de ligação.
O problema foi que chegaste tarde demais.
Or. Principal Or. Sub. Subst. Predicativa
2. ADJETIVAS: têm a função equivalente a um Adjetivo (Adjunto Adnominal). São introduzidas por um pronome Relativo.
a) Restritivas – são aquelas que limitam, restringem um ser ou grupo. Nunca são colocadas entre vírgulas.
As regiões que produzem laranjas foram premiadas.
Or. Sub. Adjetiva Restritiva
A oração principal é: “as regiões foram premiadas”.
A oração subordinada restringe o termo “regiões”, pois nem todas as regiões foram premiadas, apenas as que produzem laranjas.
b) Explicativas - caracterizam o ser ou o conjunto a que se referem.
Explicam algum termo da oração principal. Estão SEMPRE entre vírgulas, caso contrário, seriam restritivas.
Os Alunos, que leem, sabem redigir.
Or. Sub. Adj. Explicativa
A oração principal é: “os alunos sabem redigir”.
A oração explicativa “que leem” está dizendo que os alunos que não sabem ler também não redigem.
3. ADVERBIAIS: têm função equivalente a um Advérbio. São introduzidas por conjunções adverbiais. Indicam a circunstância em que ocorre a ação verbal da oração principal.
a) Causais - indicam a causa do fato expresso na Oração Principal.
A aula foi interrompida porque faltou giz.
Or. Principal Or. Sub. Adverbial Causal
Observe:
“A aula foi interrompida” – Or. Principal = CONSEQUÊNCIA
“Porque faltou giz” – Or. Subordinada = CAUSA
Sempre temos tanto a causa quanto a consequência no período, mas a classificação é sempre da subordinada!
b) Consecutivas - indicam a consequência do fato da Oração Principal.
O professor falou tanto que ficou rouco.
Or. Princ. Or. Sub. Adverbial Consecutiva
Observe:
“O professor falou tanto” – Or. Principal = CAUSA
“Que ficou rouco” – Or. Subordinada = CONSEQUÊNCIA
Vejamos um exemplo:
As mudanças políticas, sociais e culturais, nos últimos vinte anos, fizeram-se sentir no âmbito do direito administrativo e, mais especificamente, na forma de administrar a coisa pública. Diante dessa nova realidade, para atender às necessidades fundamentais da sociedade de forma eficaz e com o menor custo possível, a administração pública precisou aperfeiçoar sua atuação, afastando-se da administração burocrática e adotando uma administração gerencial.
A antiga forma de administrar empregada pela administração pública calcava-se essencialmente em uma gestão eivada de processos burocráticos, criados para evitar desvios de recursos públicos, o que a tornava pouco ágil, pouco econômica e ineficiente. (...).
Maria Denise Abeijon Pereira Gonçalves. A gestão pública adaptada ao novo paradigma da eficiência. Internet: <www.egov.ufsc.br> (com adaptações).
(MP-ENAP/2015/Todos os cargos/CESPE) Há relação de causa e efeito entre as transformações políticas, sociais e culturais e as mudanças ocorridas no âmbito da administração pública.
Comentário: comprava-se que a assertiva está correta pelo trecho a seguir:
“Diante dessa nova realidade, para atender às necessidades fundamentais da sociedade de forma eficaz e com o menor custo possível (CAUSA), a administração pública precisou aperfeiçoar sua atuação, afastando-se da administração burocrática e adotando uma administração gerencial (EFEITO)”.
GABARITO: CERTO
c) Comparativas - expressam relação de comparação entre os fatos expressos nas orações.
Nada dói tanto como um sorriso triste.
Or. Princ. Or. Sub. Adverbial Comparativa
d) Condicionais - expressam condição sob a qual se realiza a Oração Principal.
Iremos ao clube se não chover.
Or. Princ. Or. Sub Adverbial Condicional
e) Concessivas - concedem ou admitem uma condição contrária ao que foi dito na Oração Principal.
Amanhã haverá aula embora seja domingo.
Or. Princ. Or. Sub. Adverbial Concessiva
f) Conformativas - indicam adequação ou conformidade com a Oração Principal.
Tudo terminou conforme tínhamos previsto.
Or. Princ. Or. Sub. Adverbial Conformativa
g) Finais - indicam a finalidade para a qual se destina a Oração Principal.
Estudou muito para que fosse aprovado.
Or. Princ. Or. Sub. Adverbial Final
Exemplo
As mudanças políticas, sociais e culturais, nos últimos vinte anos, fizeram-se sentir no âmbito do direito administrativo e, mais especificamente, na forma de administrar a coisa pública. Diante dessa nova realidade, para atender às necessidades fundamentais da sociedade de forma eficaz e com o menor custo possível, a administração pública precisou aperfeiçoar sua atuação, afastando-se da administração burocrática e adotando uma administração gerencial.
(...)
(MP-ENAP/2015/Todos os cargos/CESPE) As vírgulas empregadas nas linhas 4 e 6 isolam segmento de natureza adverbial: “para atender (...) custo possível”.
Comentário: as vírgulas isolam uma oração adverbial final, ou seja, que indica uma finalidade: “para atender às necessidades fundamentais da sociedade de forma eficaz e com o menor custo possível”.
GABARITO: CERTO
h) Proporcionais - indicam fatos direta ou inversamente proporcionais.
A inundação aumentava à medida que subiam as águas.
Or. Princ. Or. Sub. Adverbial Proporcional
i) Temporais - indicam em que tempo ocorreu o fato da Oração Principal.
O rapaz ficou pálido quando viu a noiva.
Or. Princ. Or. Sub Adverbial Temporal
ORAÇÕES COORDENADAS
1) ASSINDÉTICAS:
São aquelas que se apresentam ligadas às outras apenas por sinais de pontuação – vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos – sem o auxílio de conjunções.
Síndeto = conjunção
A + (s)síndeto = SEM conjunção
Meu pai montava a cavalo, / ia para o campo.
Or. Coord. Assindética Or. Coord. Assindética
2) SINDÉTICAS:
São aquelas que se apresentam ligadas às outras com o auxílio de conjunção coordenativa.
a) Aditivas - expressam ideia de soma ou de sequência de ações.
O major Camilo não ata / nem desata.
Or. Coord. ASSINDÉTICA Or. Coord.Sindética ADITIVA
b) Adversativas - dão ideia de oposição, contraste.
Ele é rico, / mas veste-se com simplicidade.
Or. Coord. ASSINDÉTICA Or. Coord. Sindética ADVERSATIVA
c) Alternativas: dão ideia de escolha ou alternância.
Fale baixo / ou acordará as crianças.
Or. Coord. ASSINDÉTICA Or. Coord. Sindética ALTERNATIVA
d) Conclusivas: expressam uma conclusão.
Tudo está em ordem, / por isso não devemos nos preocupar.
Or. Coord. ASSINDÉTICA Or. Cood. Sindética ALTERNATIVA
e) Explicativa - exprimem um motivo, uma razão.
Parem com esse troço, / que eu vou descer.
Or. Coord. Or. Coord. Sindética
ASSINDÉTICA EXPLICATIVA
ORAÇÕES REDUZIDAS
Não constituem novos tipos de orações. São assim chamadas aquelas que apresentam verbos em formas nominais e não se iniciam por conjunções.
Podem ser reduzidas:
a) De Infinitivo: Diziam acreditar em mim.
Or. Sub. Subst. Obj. Direta
Reduzida de Infinitivo
Desenvolvida, a oração seria: Diziam que acreditavam em mim.
b) De Particípio: Abertas as portas, entramos.
Or. Sub. Adv. Temporal
Reduzida de Particípio
Desenvolvida, a oração seria: Quando as portas foram abertas, entramos.
c) De Gerúndio: Havia ali crianças pedindo esmolas.
Or. Sub. Adj. Restritiva
Reduzida de Gerúndio
Desenvolvida, a oração seria: Havia ali crianças que pediam esmolas.
ESCLARECENDO
Nas orações coordenadas sindéticas e nas subordinadas adverbiais, as conjunções têm imensa importância, pois são elas que ligam as orações estabelecendo as relações de sentido necessárias. Uma conjunção usada de maneira inadequada pode alterar completamente o sentido do período. As principais conjunções são:
COORDENADAS:
* Aditivas: e, nem, mas também, mas ainda, como também, bem como
*Adversativas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, não obstante...
* Alternativas: ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja
* Conclusivas: logo, portanto, senão, por isso, por conseguinte, pois (após o verbo)
* Explicativas: porque, que, porquanto, pois (antes do verbo)
SUBORDINATIVAS:
* Integrantes: que, se
* Causais: porque, visto que, pois que, como, já que ...
* Comparativas: como, (mais) que, (menos) que, assim como, (tanto – tão) quanto
* Condicionais: se, caso, uma vez que, desde que, salvo se, sem que ...
* Concessivas: embora, ainda que, se bem que, conquanto, mesmo que...
* Conformativas: conforme, segundo, consoante, como
* Consecutivas: (tão)...que, (tal)...que, de modo que,
* Finais: para que, a fim de que, de sorte que, de forma que
* Proporcionais: à medida que, à proporção que, quanto mais...menos
* Temporais: quando, mal, logo que, assim que, sempre que, depois que...
HORA DE PRATICAR!
SERVIÇO DE NEGRO
Um garoto negro termina um serviço que lhe havia sido solicitado e, orgulhosamente, garante ter feito “serviço de branco”. Várias moças respondem a anúncio para secretária; algumas perguntam se podem ser entrevistadas, “mesmo sendo negras”. Ser negro ou mulato e caminhar pela cidade é considerado “atitude suspeita” por muitos policiais. Como dizia um conhecido – para meu horror e indiferença dos demais participantes da conversa: “Não tenho nada contra o negro ou nordestino, desde que saibam seu lugar”. E esse lugar, claro, é uma posição subalterna na sociedade.
Numa sociedade competitiva como a nossa, o ato de etiquetar o outro como diferente e inferior tem por função definir-nos, por comparação, como superiores. Atribuir características negativas aos que nos cercam significa ressaltar as nossas qualidades, reais ou imaginárias. Quando passamos da ideia à ação, isto é, quando não apenas dizemos que o outro é inferior, mas agimos como se de fato ele o fosse, estamos discriminando as pessoas e os grupos por conta de uma característica que atribuímos a eles. [...]
Afirmações do tipo “os portugueses são burros”, “os italianos são grossos”, “os árabes, desonestos”, “os judeus, sovinas”, “os negros, inferiores”, “os nordestinos, atrasados”, e assim por diante, têm a função de contrapor o autor da afirmativa como a negação, o oposto das características atribuídas ao membro da minoria. Assim, o preconceituoso, não sendo português, considera-se inteligente; não sendo italiano, acredita-se fino; não sendo árabe, julga-se honesto; não sendo judeu, se crê generoso. É convicto de sua superioridade racial, por não ser negro, e de sua superioridade cultural, por não ser nordestino.
É importante notar que, a partir de uma generalização, o preconceito enquadra toda uma minoria. Assim, por exemplo, “todos” os negros seriam inferiores [...]. A inferioridade passaria a ser uma característica “racial” inerente a todos os negros. [...] E o preconceito é tão forte que acaba assimilado pela própria vítima. É o caso do garoto que garantiiu ter feito “serviço de branco”. Ou do imigrante que nega sua origem. Ou, ainda, da mulher que reconhece sua “inferioridade” [...]
Seria, pois, errado falar em minorias? Não, uma vez que o conceito de minoria é ideológico, socialmente elaborado e não aritmeticamente constituído. Isto quer dizer que o negro de que se fala não é o negro concreto, palpável, mas aquele que está na cabeça do preconceituoso. E isto tem raízes históricas profundas.
PINSKY, J. (Org.) 12 faces do preconceito. São Paulo: Contexto, 2000, p. 21-22.
01. (Banco do Brasil – 2014 – Nível superior – CESGRANRIO) A palavra Assim articula os dois primeiros períodos do terceiro parágrafo do Texto I.
No contexto, esse conector estabelece uma relação de causa e efeito entre um(a)
a) tese e sua exemplificação
b) hipótese e sua incoerência
c) generalização e sua correção
d) conceito e sua crítica
e) pensamento e sua potencialização
Comentário: o termo “assim” está ligando a tese (afirmação, que seria o raciocínio primário) aos exemplos que argumentam em favor da dela. O exemplo é a melhor ferramenta para sustentar uma tese. Portanto, a alternativa A está correta. Vejamos as outras:
b) hipótese e sua incoerência
ERRADA. Não há incoerência. Dentro da argumentação o autor comprova a tese por meio de exemplos.
c) generalização e sua correção
ERRADO. Não há nada a ser corrigido.
d) conceito e sua crítica
ERRADA. Não foi feita crítica alguma, mas uma exemplificação.
e) pensamento e sua potencialização
ERRADA. Potencialização seria uma crítica, o que não é o caso.
GABARITO: A
100 coisas
É febre. Livros listando as cem coisas que você deve fazer antes de morrer, os cem lugares que você deve conhecer antes de morrer, os cem pratos que você deve provar antes de morrer. Primeiramente, me espanta o fato de todos terem certeza absoluta de que você vai morrer. Eu prefiro encarar a morte como uma hipótese. Mas, no caso, de acontecer, serei obrigada mesmo a cumprir todas essas metas antes? Não dá pra fechar por cinquenta em vez de cem?
Outro dia estava assistindo a um DVD promocional que também mostra, como imaginei, as cem coisas que a gente precisa porque precisa fazer antes de morrer. Me deu uma angústia, pois, das cem, eu fiz onze até agora. Falta muito ainda. Falta dirigir uma Ferrari, fazer um safari, frequentar uma praia de nudismo, comer algo exótico (um baiacu venenoso, por exemplo), visitar um vulcão ativo, correr uma maratona [...].
Se dependesse apenas da minha vontade, eu já teria um plano de ação esquematizado, mas quem fica com as crianças? Conseguirei cinco férias por ano? E quem patrocina essa brincadeira?
Hoje é dia de mais um sorteio da Mega-Sena. O prêmio está acumulado em cinquenta milhões de reais. A maioria das pessoas, quando perguntadas sobre o que fariam com a bolada, responde: pagar dívidas, comprar um apartamento, um carro, uma casa na serra, outra na praia, garantir a segurança dos filhos e guardar o resto para a velhice.
Normal. São desejos universais. Mas dica aqui um convite para sonhar com mais criatividade. Arranje uma dessas listas de cem coisas pra fazer e procure divertir-se com as opções [...]. Não pense tanto em comprar mas em viver.
Eu, que não apostei na Mega-Sena, por enquanto sigo com a minha lista de cem coisas a evitar antes de morrer. é divertido também, e bem fácil de realizar, nem precisa de dinheiro.
MEDEIROS, Martha. Doidas e santas. Porto Alegre: L&PM, 2008, p. 122-123 (adaptado).
02. (Banco do Brasil – 2014 – Nível superior – CESGRANRIO) O conector que classifica-se diferentemente do que se destaca em “coisas que você deve fazer” (l 1-2) em:
a) “Eu, que não apostei na Mega-Sena” (l 36)
b) “coisas que a gente precisa porque precisa fazer” (l 13)
c) “lugares que você deve conhecer” (l 2-3)
d) “os cem pratos que você deve provar” (l 3-4)
e) “terem a certeza absoluta de que você vai morrer” (l 5-6)
Comentário: no enunciado “coisas que você deve fazer”, o “que” retoma o termo “coisas”, é, portanto, um pronome relativo. Temos que marcar a opção entre as alternativas que não tenha pronome relativo.
a) “Eu, que não apostei na Mega-Sena” (l 36)
QUE = retoma “eu” – pronome relativo.
b) “coisas que a gente precisa porque precisa fazer” (l 13)
QUE = retoma “coisas” – pronome relativo.
c) “lugares que você deve conhecer” (l 2-3)
QUE = retoma “lugares” – pronome relativo.
d) “os cem pratos que você deve provar” (l 3-4)
QUE = retoma “cem pratos” – pronome relativo.
e) “terem a certeza absoluta de que você vai morrer” (l 5-6)
QUE = conjunção integrante, liga a oração subordinada substantiva objetiva indireta “de que você vai morrer” à oração principal “terem a certeza absoluta”.
GABARITO: E
03. (LIQUIGÁS – 2013 - Nível superior – CESGRANRIO) A palavra pois, empregada em “se o fiz, mereço desculpas, pois nunca tive essa intenção”, pode ser substituída, respeitando a norma-padrão e mantendo-se o sentido original, pelo que se destaca em:
a) Se o fiz, mereço desculpas, por que nunca tive essa intenção.
b) Por que nunca tive essa intenção, se o fiz, mereço desculpas.
c) Se o fiz, mereço desculpas, nunca tive porquê essa intenção.
d) Se o fiz, mereço desculpas, nunca tive essa intenção por quê.
e) Porque nunca tive essa intenção, mereço desculpas se o fiz.
Comentário: O “porque”, usado como conjunção, possui o sentido de “pois”, devendo ser grafado sempre como uma palavra só, ou seja, junto e sem acento (com acento – porquê - seria um substantivo e sinônimo de motivo). Alternativa E traz a substituição correta.
GABARITO: E
Clima alentador
China e EUA anunciam metas para combater o aquecimento global e revivem expectativa de acordo em Copenhague.
Copenhague, afinal, pode sair menos ruim que a encomenda. Quando já se contava com um fiasco da conferência sobre mudança do clima, que começa daqui a uma semana na capital dinamarquesa, surgem sinais animadores de que um acordo razoável possa ser obtido. Limitado, mas melhor que acordo nenhum.
Já se sabe que não será aprovado um tratado forte, com compromissos legais dos países para redução de gases do efeito estufa. Essa era a expectativa anterior: algo mais ambicioso que o Protocolo de Kyoto (1997), fracassado, que determinava corte médio de 5,2% nas emissões só das nações desenvolvidas. O compromisso obtido em Copenhague será apenas "politicamente vinculante".
O novo acordo precisa ir muito além de Kyoto, se a meta for impedir que o aumento da temperatura média da atmosfera ultrapasse 2 °C de aquecimento neste século, como recomenda a maioria dos climatologistas. Isso exige dos países desenvolvidos chegar a 2020 emitindo 25% a 40% menos poluentes que em 1990, ano-base de Kyoto.
Os países menos desenvolvidos, por seu turno, precisam desacelerar a trajetória crescente de suas emissões. Estima-se que seja necessário um corte de 15% a 30%, aplicados no caso sobre os níveis que estariam emitindo em 2020, mantido o ritmo atual. A ideia é de que a redução não prejudique seu esforço de desenvolvimento e redução da pobreza.
Os sinais alentadores surgidos na semana partiram dos EUA e da China. Juntos, respondem por 40% das emissões mundiais.
Jornal Folha de S. Paulo, Editorial. 29 nov. 2009, p. A2. (Fragmento).
04. (BACEN – 2009 - Técnico do Banco Central do Brasil – CESGRANRIO) No fragmento "O novo acordo precisa ir muito além de Kyoto, se a meta for impedir que o aumento da temperatura média da atmosfera ultrapasse 2 °C de aquecimento neste século, como recomenda a maioria dos climatologistas.", o termo "se" tem o sentido equivalente ao de
a) logo que.
b) à medida que.
c) no caso de.
d) apesar de.
e) uma vez que.
Comentário: a conjunção “se” tem valor condicional, mesmo valor semântico que possui a locução conjuntiva “no caso de”, da alternativa D.
Vejamos as outras:
a) logo que >> possui valor temporal.
b) à medida que >> possui valor proporcional.
c) no caso de >> possui valor de oposição concessiva.
e) uma vez que >> possui valor causal.
GABARITO: D
A REDESCOBERTA DO BRASIL
Na segunda metade do século XVI, quando o rei D. Manoel, o capitão-mor Pedro Álvares Cabral e o escrivão Pero Vaz de Caminha já estavam mortos havia mais de duas décadas, começaria a surgir em Lisboa a tese de que o Brasil fora descoberto por acaso. Tal teoria foi obra dos cronistas e historiadores oficiais da corte. [...]
Embora narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais, os cronistas reais descreveram o descobrimento do Brasil com base na chamada Relação do Piloto Anônimo. A questão intrigante é que em nenhum momento o "piloto anônimo" faz menção à tempestade que, segundo os cronistas reais, teria feito Cabral "desviar- se" de sua rota. Embora a carta de Caminha não tenha servido de fonte para os textos redigidos pelos cronistas oficiais do reino, esse documento também não se refere a tormenta alguma. Pelo contrário: mesmo quando narra o desaparecimento da nau de Vasco de Ataíde, ocorrido duas semanas depois da partida de Lisboa, Caminha afirma categoricamente que esse navio sumiu "sem que houvesse tempo forte ou contrário para poder ser".
Na verdade, a leitura atenta da carta de Caminha e da Relação do Piloto Anônimo parece revelar que tudo na viagem de Cabral decorreu na mais absoluta normalidade e que a abertura de seu rumo para oeste foi proposital. De fato, é difícil supor que a frota pudesse ter-se desviado "por acaso" de sua rota quando se sabe – a partir das medições astronômicas feitas por Mestre João – que os pilotos de Cabral julgavam estar ainda mais a oeste do que de fato estavam. [...]
Reescrevendo a História
Mais de 300 anos seriam necessários até que alguns dos episódios que cercavam o descobrimento do Brasil pudessem começar a ser, eles próprios, redescobertos. O primeiro passo foi o ressurgimento da carta escrita por Pero Vaz de Caminha – que por quase três séculos estivera perdida em arquivos empoeirados. [...] O documento foi publicado pela primeira vez em 1817, pelo padre Aires do Casal, no livro Corografia Brazílica. Ainda assim, a versão lançada por Aires do Casal era deficiente e incompleta [...]. A "redescoberta" do Brasil teria que aguardar mais algumas décadas.
Não por coincidência, ela se iniciou no auge do Segundo Reinado. Foi nesse período cheio de glórias que o país, enriquecido pelo café, voltou os olhos para a própria história. Por determinação de D. Pedro II, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (fundado em 1838) foi incumbido de desvendar os mistérios que cercavam o descobrimento do Brasil. [...]
Ainda assim, a teoria da intencionalidade [...] e a tese da descoberta casual [...] não puderam, e talvez jamais possam, ser definitivamente comprovadas. Por mais profundas e detalhadas que sejam as análises feitas sobre os três únicos documentos originais relativos à viagem (as cartas de Pero Vaz de Caminha, do Mestre João e do "piloto anônimo"), elas não são suficientes para provar se o descobrimento de Cabral obedeceu a um plano preestabelecido ou se foi meramente casual.
BUENO, Eduardo. A Viagem do Descobrimento. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998.
(Coleção Terra Brasilis, v. 1). p. 127-130 (adaptado).
05. (BNDES – 2011 - Profissional Básico – CESGRANRIO) As orações que substituem "Embora narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais", de acordo com a norma padrão e sem alterar o sentido do trecho, são:
a) Caso narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais.
b) Quando narravam fatos ocorridos havia apenas meio século e tiveram acesso aos arquivos oficiais.
c) Se narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais.
d) Apesar de terem narrado fatos ocorridos havia apenas meio século e terem tido acesso aos arquivos oficiais.
e) Mas tendo narrado fatos ocorridos havia apenas meio século e tendo tido acesso aos arquivos oficiais.
Comentário: importante destacar que a conjunção “embora”, no período, denota concessão. Então, devemos buscar nas alternativas aquela que possui o mesmo valor semântico:
a) Caso narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais.
ERRADA. “Caso” denota condição, não concessão.
b) Quando narravam fatos ocorridos havia apenas meio século e tiveram acesso aos arquivos oficiais.
ERRADA. “Quando” denota tempo.
c) Se narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais.
ERRADA. O “se” denota condição.
d) Apesar de terem narrado fatos ocorridos havia apenas meio século e terem tido acesso aos arquivos oficiais.
CORRETA. O “apesar de” denota justamente concessão.
e) Mas tendo narrado fatos ocorridos havia apenas meio século e tendo tido acesso aos arquivos oficiais.
ERRADA. “Mas” denota adversidade. Cuidado para não confundir valor semântico de concessão com adversidade! Concessão ocorre entre orações subordinadas, enquanto adversidade ocorre entre orações coordenadas.
GABARITO: D
Vista cansada
Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa ideia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.
Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.
RESENDE, Otto Lara. Disponível em: http://www.releituras.com/olresende_vista.asp Acesso em: 21 dez. 2010 (adaptado).
06. (BNDES – 2011 - Profissional Básico – CESGRANRIO) "O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar." Na linha argumentativa do texto, a oração "que a gente banaliza o olhar" em relação à oração "de tanto ver" encerra uma
a) causa
b) consequência
c) conformidade
d) condição
e) concessão
Comentário: observe que a oração "que a gente banaliza o olhar" e justamente a consequência do fato "de tanto ver". Há uma relação de causa/consequência entre as orações.
GABARITO: B
Borboletas
Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande.
As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui(a), para satisfazer as delas.
Temos que nos bastar... nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém(b), temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos(c), porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.
As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.
Com o tempo, você vai percebendo que, para ser feliz com a outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem gosta de você.
O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você(d).
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!(e)
Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/MjkwODky/ Acesso em: 09 dez. 2010.
Questões Propostas
07. (BNDES – 2011 - Profissional Básico – CESGRANRIO) A conjunção/locução conjuntiva entre parênteses que NÃO expressa a mesma relação de sentido da conjunção/locução conjuntiva destacada é:
a) "assim como não estamos aqui," – (bem como)
b) "...quando procuramos estar com alguém," – (sempre que)
c) "...porque gostamos," – (ao passo que)
d) "...para que elas venham até você." – (a fim de que)
e) "mas quem estava procurando por você!" – (porém)
Dialética da mudança
Certamente porque não é fácil compreender certas questões, as pessoas tendem a aceitar algumas afirmações como verdades indiscutíveis e até mesmo a irritar-se quando alguém insiste em discuti-las. É natural que isso aconteça, quando mais não seja porque as certezas nos dão segurança e tranquilidade. Pô-las em questão equivale a tirar o chão de sob nossos pés. Não necessito dizer que, para mim, não há verdades indiscutíveis, embora acredite em determinados valores e princípios(a) que me parecem consistentes. De fato, é muito difícil, senão impossível, viver sem nenhuma certeza, sem valor algum.
No passado distante, quando os valores religiosos se impunham à quase totalidade das pessoas, poucos eram os que questionavam(b), mesmo porque, dependendo da ocasião, pagavam com a vida seu inconformismo.
Com o desenvolvimento do pensamento objetivo e da ciência, aquelas certezas inquestionáveis passaram a segundo plano, dando lugar a um n vo modo de lidar com as certezas e os valores. Questioná-los, reavaliá-los, negá-los, propor mudanças às vezes radicais tornou-se frequente e inevitável, dando-se início a uma nova época da sociedade humana. Introduziram-se as ideias não só de evolução como de revolução.
Naturalmente, essas mudanças não se deram do dia para a noite, nem tampouco se impuseram à maioria da sociedade. O que ocorreu de fato foi um processo difícil e conflituado em que, pouco a pouco, a visão inovadora veio ganhando terreno e, mais do que isso, conquistando posições estratégicas, o que tornou possível influir na formação de novas gerações, menos resistentes a visões questionadoras.
A certa altura desse processo, os defensores das mudanças acreditavam-se senhores de novas verdades, mais consistentes porque eram fundadas no conhecimento objetivo das leis(c) que governam o mundo material e social. Mas esse conhecimento era ainda precário e limitado.
Inúmeras descobertas reafirmam a tese de que a mudança é inerente à realidade tanto material quanto espiritual, e que, portanto, o conceito de imutabilidade é destituído de fundamento(d).
Ocorre, porém, que essa certeza pode induzir a outros erros: o de achar que quem defende determinados valores estabelecidos está indiscutivelmente errado(e). Em outras palavras, bastaria apresentar-se como inovador para estar certo. Será isso verdade? Os fatos demonstram que tanto pode ser como não.
Mas também pode estar errado quem defende os valores consagrados e aceitos. Só que, em muitos casos, não há alternativa senão defendê-los. E sabem por quê? Pela simples razão de que toda sociedade é, por definição, conservadora, uma vez que, sem princípios e valores estabelecidos, seria impossível o convívio social. Uma comunidade cujos princípios e normas mudassem a cada dia seria caótica e, por isso mesmo, inviável.
Por outro lado, como a vida muda e a mudança é inerente à existência, impedir a mudança é impossível. Daí resulta que a sociedade termina por aceitar as mudanças, mas apenas aquelas que de algum modo atendem a suas necessidades e a fazem avançar.
GULLAR, Ferreira. Dialética da mudança. Folha de São Paulo, 6 maio 2012, p. E10.
08. (BNDES – 2013 - Administração – CESGRANRIO) A relação lógica estabelecida entre as ideias do período composto, por meio do termo destacado, está explicitada adequadamente em:
a) “Não necessito dizer que, para mim, não há verdades indiscutíveis, embora acredite em determinados valores e princípios” – (relação de condição)
b) “No passado distante, quando os valores religiosos se impunham à quase totalidade das pessoas, poucos eram os que questionavam” – (relação de causalidade)
c) “os defensores das mudanças acreditavam-se senhores de novas verdades, mais consistentes porque eram fundadas no conhecimento objetivo das leis” – (relação de finalidade)
d) “a mudança é inerente à realidade tanto material quanto espiritual, e que, portanto, o conceito de imutabilidade é destituído de fundamento.” – (relação de conclusão)
e) “Ocorre, porém, que essa certeza pode induzir a outros erros: o de achar que quem defende determinados valores estabelecidos está indiscutivelmente errado.” – (relação de temporalidade)
Ciência do esporte – sangue, suor e análises
Na luta para melhorar a performance dos atletas […], o Comitê Olímpico Brasileiro tem, há dois anos, um departamento exclusivamente voltado para a Ciência do Esporte. De estudos sobre a fadiga à compra de materiais para atletas de ponta, a chave do êxito é uma só: o detalhamento personalizado das necessidades.
Talento é fundamental. Suor e entrega, nem se fala. Mas o caminho para o ouro olímpico nos dias atuais passa por conceitos bem mais profundos. Sem distinção entre gênios da espécie e reles mortais, a máquina humana só atinge o máximo do potencial se suas características individuais forem minuciosamente estudadas. Num universo olímpico em que muitas vezes um milésimo de segundo pode separar glória e fracasso, entra em campo a Ciência do Esporte. Porque grandes campeões também são moldados através de análises laboratoriais, projetos acadêmicos e modernos programas de computador.
A importância dos estudos científicos cresceu de tal forma que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) há dois anos criou um departamento exclusivamente dedicado ao tema. [...]
— Nós trabalhamos para potencializar as chances de resultados. O que se define como Ciência do Esporte é na verdade uma quantidade ampla de informações que são trazidas para que técnico e atleta possam utilizá-las da melhor maneira possível. Mas o líder será sempre o treinador. Ele decide o que é melhor para o atleta — ressalta o responsável pela gerência de desenvolvimento e projetos especiais, que cuida da área de Ciência do Esporte no COB, Jorge Bichara.
A gerência também abrange a coordenação médica do comitê. Segundo Bichara, a área de Ciência do Esporte está dividida em sete setores: fisiologia, bioquímica, nutrição, psicologia, meteorologia, treinamento esportivo e vídeo análise.
Reposição individualizada
Na prática, o atleta de alto rendimento pode dispor desde novos equipamentos, que o deixem em igualdade de condições de treino com seus principais concorrentes, até dados fisiológicos que indicam o tipo de reposição ideal a ser feita após a disputa.
— No futebol feminino, já temos o perfil de desgaste de cada atleta e pudemos desenvolver técnicas individuais de recuperação. Algumas precisam beber mais água, outras precisam de isotônico — explica Sidney Cavalcante, supervisor de Ciência do Esporte do comitê. […]
As Olimpíadas não são laboratório para testes. É preciso que todas as inovações, independentemente da modalidade, estejam testadas e catalogadas com antecedência. Bichara afirma que o trabalho da área de Ciências do Esporte nos Jogos pode ser resumida em um único conceito:
— Recuperação. Essa é a palavra-chave. […]
CUNHA, Ary; BERTOLDO, Sanny. Ciência do esporte – sangue, suor e análises. O Globo, Rio de Janeiro, 25 maio 2012. O Globo Olimpíadas - Ciência a serviço do esporte, p. 6.
09. (BNDES – 2013 - Administração – CESGRANRIO) As orações abaixo, separadas por vírgula, podem ter a relação entre elas explicitada por meio de uma expressão.
“Algumas precisam beber mais água, outras precisam de isotônico.”
A expressão que mantém o sentido original está empregada em:
a) Algumas precisam beber mais água, a fim de que outras precisem de isotônico.
b) Algumas precisam beber mais água, ao passo que outras precisam de isotônico.
c) Já que algumas precisam beber mais água, outras precisam de isotônico.
d) Por mais que algumas precisem beber mais água, outras precisam de isotônico.
e) Contanto que algumas precisem beber mais água, outras precisam de isotônico.