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Curso de Língua Portuguesa
Módulo 3
Aula 26 - Estudo do Período Composto II

Período Composto

Olá cursistas! 

Nesta aula vamos resumir o que já vimos em diagramas explicativos.

Ancora 1
Conteúdo da Aula

RESUMINDO

Na aula anterior, vimos tudo sobre a analise sintática do período simples e do período composto. Segue, então, um resumo do que estudamos: 

Termos da Oração

Entendemos que termos integrantes e essenciais formam um só grupo daqueles que não podem faltar na frase.

Conjunções Coordenativas

Conjunções Subordinativas

ORAÇÕES SUBORDINADAS

SUBSTANTIVAS

ADJETIVAS

ADVERBIAIS

Completivas

(A testemunha declarou que tinha assistido ao acidente.)

Relativas sem antecentes

(Eles comem onde lhes agrada.)

Relativas

 

(Traz-me o casaco que comprei ontem.)

 

Explicativas

(A mãe da noiva, que durante toda a cerimônia, estava vestida de azul.)

Causais

(Não vou contigo porque estou cansado.)

 

Finais

(Ele respeita as regras de trãnsito para não ser multado.)

Temporais

(Choro sempre que vejo este filme.)

 

Concessivas

(A Eva, mesmo estando zangada, é bonita.

 

Condicionais

(Se estás cansado, senta-te!)

Comparativas

(Ele canta tão bem como dança.)

 

Consecutivas

(A poluição é tanta que o rio cheira mal

ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS

Completivas

São introduzidas pelas conjunções que e se* e podem desempenhar diferentes funções sintáticas.

Exemplos:

As pessoas desejam que amanhã esteja sol. (C.D.)

Espanta-me que ele não tenha vindo. (sujeito)

Ele esqueceu-se de que tinha deveres de casa. (C.O.)

Perguntou-me se eu estava bem. (C.D.)

Etc.

Podem ser infinitivas, isto é, terem o verbo no infinitivo. 

Exemplos:

O professor disse para fazerem os exercícios.

Os alunos admitem ter lhes corrido bem o exame.

NOTA: *Interrogativas indiretas com verbos que marcam a interrogação:

Perguntei-te onde vais.

Sabes como correu?

Perguntei quanto custou.

Etc.

Relativas sem antecedente

São introduzidas por advérbios relativos (onde, como), pelo pronome relativo quem e pelo quantificador relativo quanto (tendo ou não preposição antes), usados sem antecedente, ou seja, sem nenhum nome ou expressão à sua esquerda a que estejam associados.

Exemplos:

Quem desdenha quer comprar. (sujeito)

Respeito quem trabalha. (C. Direto)

Este não é quem se pinta. (Predicativo do sujeito)

Nem sempre se dá valor a quem o merece. (C. indireto)

Este jogo foi ganho por quem mereceu. (Complemento agente da passiva)

Ele precisa de quem o ajude. (Complemento oblíquo)

Ele come a comida onde lhe apetece. (Modificador do grupo verbal)

ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS

 

Desempenham funções sintáticas próprias de um adjetivo: são modificadores do nome.

Estas orações são introduzidas por palavras relativas (determinantes - cujo; quantificadores - quanto; pronomes - o qual; advérbios - onde, como) e são associadas a um antecedente, ou seja, a uma palavra que vem antes na frase.

RESTRITIVAS

Os jogadores que terminaram os treinos 

 

 

 

dirigem-se para os balneários.

 

NOTA: A oração subordinada relativa restritiva segue-se a um nome e restringe o seu sentido, particularizando-o (exerce a função de modificador restritivo). Como efeito, apenas os jogadores que terminaram os treinos se dirigem para os balneários, não todos.

Estas orações podem ser gerundivas:

Os artigos que têm defeitos são rejeitados.

Os artigos tendo defeitos são rejeitados.

EXPLICATIVAS

Estas orações situam-se obrigatoriamente entre vírgulas, pois dão apenas um esclarecimento adicional:

Os jogadores, que terminaram os treinos

dirigem-se para os balneários.

 

* Neste caso, todos os jogadores vão para o balneário.

NOTA: Exerce a função sintática de modificador apositivo (antigo "aposto").

HORA DE PRATICAR!

 

O estilo é o modo particular com que um compositor organiza suas concepções e fala a linguagem de sua arte. Essa linguagem musical é o elemento comum a compositores de uma determinada escola ou época. Certamente as fisionomias musicais de Mozart e Haydn são bem conhecidas, e esses compositores estão obviamente vinculados um ao outro, embora seja fácil aos que estão familiarizados com a linguagem do período distinguí-los.

 

A indumentária que a moda prescreve aos indivíduos de uma mesma geração impõe a seus usuários um modelo especial de gestos e uma determinada postura que são condicionados pelo corte das roupas. Da mesma maneira, a indumentária musical utilizada por uma época deixa sua marca na linguagem e, em sentido figurado, no gestual dessa música, assim como na atitude do compositor em relação ao material sonoro. Esses elementos são fatores imediatos na massa de detalhes que nos ajudam a determinar como se formam o estilo e a linguagem musical.

 

O que se denomina estilo de uma época resulta de uma combição de estilos individuais, uma combinação dominada pelos métodos dos compositores que exerceram influência preponderante em seu tempo.

 

Podemos notar, voltando ao exemplo de Mozart e Haydn, que eles beneficiaram da mesma cultura, beberam nas mesmas fontes, e aproveitaram as descobertas um do outro. Cada um deles, entretanto, efetua um milagre totalmente pessoal.

 

(Adaptado de: Igor Stravinsky. Poética musical em 6 lições. Trad. De Luiz Paulo Horta. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996, p. 70.)

10. (TRT - 12ª Região / SC – 2013 – Analista Judiciário – FCC) ... e esses compositores estão obviamente vinculados um ao outro, embora seja fácil aos que estão familiarizados com a linguagem do período distingui-los. Sem qualquer outra alteração da frase, o elemento sublinhado acima pode ser corretamente substituído por:
a) visto que.
b) à medida que.
c) de modo que.
d) desde que.
e) ainda que.

Comentário: a conjunção “embora” estabelece sentido de concessão, oposição entre as orações, podendo ser substituído por “ainda que”, da alternativa E, sem alteração de sentido. Outras conjunções possíveis, mas que não estão entre as alternativas são: apesar de, conquanto, mesmo que, ainda que, etc.
 

É claro que uma conjunção pode alterar o sentido que estabelece dependendo do contexto, mas vamos ver qual sentido normalmente estabelece as outras conjunções:
a) visto que - causal
b) à medida que - proporcional
c) de modo que - consecutiva
d) desde que - condicional

 

GABARITO: E

Muitos previram o fim do mundo nos últimos 200 anos. Thomas Malthus (1766-1834) falava em risco de catástrofe humana. Para ele, como a população crescia em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética, a fome se alastraria. Assim, para controlar a expansão demográfica, Malthus defendia a abstinência sexual e a negação de assistência à população em hospitais e asilos. O risco foi superado pela tecnologia, que aumentou a produtividade agrícola.

 

Hoje o alarmismo vem de ambientalistas radicais. A catástrofe decorreria do aquecimento global, causado basicamente pelo homem, via emissão de dióxido de carbono, embora haja opiniões de que o aquecimento não tem aumentado desde a virada do século e que são comuns oscilações da temperatura mundial.

 

Entre Malthus e os ambientalistas, surgiram outros alarmistas. Em 1968, o biologista americano Paul Ehrlich sustentava que o tamanho excessivo da população constituiria ameaça à sobrevivência da humanidade e do meio ambiente. Em 1972, o Clube de Roma propôs o “crescimento zero” como forma de enfrentar a exaustão rápida de recursos naturais. Ehrilich defendia a redução do crescimento populacional; o Clube de Roma, a paralisia do crescimento econômico. Nenhum dos dois estava certo.

 

Como o clube de Roma pode ter errado tanto? Segundo Bjorn Lomborg, destacado cético que provou o enorme fracasso das previsões catastróficas, seus membros desprezaram o talento e a engenhosidade do ser humano e “sua capacidade de descobrir e inovar”. Se as sugestões tivessem sido acertadas, meio bilhão de chineses, indianos e outros teriam continuado muito pobres. O Brasil estaria mais desigual e não haveria a ascensão da classe C. Apesar de tais lições, volta-se a falar em limites do planeta. Na linha do Clube de Roma, defende-se o estancamento da expansão baseada no consumo de bens materiais. Se fosse assim, inúmeros países seriam congelados em seu estado atual, sem poder reduzir a pobreza nem promover o bem-estar.

 

Mesmo que o homem não seja a causa básica do aquecimento, é preciso não correr riscos e apoiar medidas para conter as emissões. Mas também resistir a ideias de frear o consumo. Além de injustiça, a medida exigiria um impossível grau de cooperação e renúncia ou um inconcebível comando autoritário. Desprezaria, ademais, a capacidade do homem de se adaptar a novas e desafiantes situações.

 

(Adaptado de: Mailson da Nóbrega. Veja, 5 set. de 2012, p. 24.)

11. (TRT - 12ª Região / SC – 2013 – Analista Judiciário – FCC) Para ele, como a população crescia em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética, a fome se alastraria. O segmento grifado acima tem o sentido de:
a) causa.
b) consequência.
c) temporalidade.
d) finalidade.
e) condição.


Comentário: observe que trata-se de uma questão de relação de causa/consequência entre duas orações. Cuidado, pois sempre que a relação é essa, temos tanto causa, quanto consequência entre as alternativas, não é? A chance de errar para aqueles que não estudaram é grande! Para facilitar, lembre-se de que sempre que houver uma consequência haverá uma causa, então as duas sempre estarão juntas em um período. Qual marcar então? Causa o consequência? Vejam as orações separadas:


Como a população crescia em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética, - CAUSA – oração subordinada adverbial causal.


A fome se alastraria. - CONSEQUÊNCIA – oração principal

 

A classificação será sempre da oração subordinada (aquela que possui a conjunção), a oração principal nunca é classificada, ela é apenas a principal!
Se a causa está na oração subordinada, esta será a resposta: causa. Se a consequência estivesse nela, a resposta seria outra.

 

GABARITO: A
 

​Atenção: A questão refere-se à crônica abaixo, publicada em 28/08/1991.


Bom para o sorveteiro
 

Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo.


À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, todos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula. O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se começasse logo a repartir os bifes.


Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua entre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio.


Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da eficácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil, à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo.


(Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo)


12. (TRE/SP – 2012 – Assistente Judiciário – FCC) Analisando-se aspectos sintáticos de frases do texto, é correto afirmar que em

a) Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima as formas verbais sublinhadas têm um mesmo sujeito.
b) todos se empenhavam no lúcido objetivo comum configura-se um caso de indeterminação do sujeito.
c) uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas a voz verbal é ativa, sendo umas bugigangas o objeto direto.
d) eu já podia recolher a minha aflição não há a possibilidade de transposição para outra voz verbal.
e) Logo uma estatal, ó céus o elemento sublinhado exerce a função de adjunto adverbial de tempo.


Comentário: vejamos cada alternativa:
Alternativa A – ERRADA. O sujeito da forma verbal “lembravam” é “muitos”. O núcleo do sujeito da forma verbal “foram disputados” é “toneladas”.


Alterativa B – ERRADA. Trata-se de uma oração com sujeito determinado simples “todos”.


Alternativa C – CORRETA. O sujeito ativo é “uma tripulação de camelôs”, a forma verbal “anunciava” tem como complemento direto “umas bugigangas”.
 

Alternativa D – ERRADA. é possível fazer a conversão para a forma passiva analítica, assim: “A minha aflição já podia ser recolhida por mim”.


Alternativa E – ERRADA. “Logo” exerce função adverbial, equivalendo semanticamente a “ainda mais”.
 

GABARITO: C
 

Atenção: A questão baseia-se no texto seguinte.

 


"Proporcionar a quantidade de calorias é algo factível", diz Joachim von Braun, da Universidade de Bonn. "A grande questão é a nutrição." Nos últimos 30 ou 40 anos, as dietas melhoraram. Hoje, existe proporcionalmente um número menor de pessoas desnutridas no mundo do que antes (embora o número absoluto seja alto e continue crescendo). Um número menor de pessoas deixa de crescer até a altura e o peso adequados por causa de uma dieta fraca durante a infância.


Mas, embora a maioria das pessoas consuma calorias suficientes, elas ainda sofrem de imensas deficiências de nutrientes, que trazem consequências de longo prazo para a sociedade. As crianças que sofrem de tais deficiências não conseguem se concentrar e têm pontuação mais baixa nos testes de habilidade cognitiva. E parece existir uma ligação entre nutrição na infância e renda na idade adulta.


Em comparação, a epidemia de obesidade nos países ricos representa exatamente o problema oposto. Pela primeira vez na história, mais calorias não significam saúde melhor. Um grande grupo de pessoas nos países ricos também sofre de deficiência nutricional: os mais velhos. Com o avançar da idade, eles precisam de mais cálcio e vitaminas e muitos não obtêm esses nutrientes.


A deficiência de nutrientes não é algo fácil de corrigir. Nos países pobres, os suplementos vitamínicos – um recurso comum – alcançam menos da metade daqueles que mais precisam deles, a população rural pobre.


(Trecho da Reportagem especial de como alimentar o mundo, The Economist. In:
Carta Capital, 23 de março de 2011, p. 55, trad. Ed Sêda).

 

13. (INSS – 2012 – Médico Perito - FCC) ... elas ainda sofrem de imensas deficiências de nutrientes... A relação entre verbo e complemento, grifada acima, se reproduz em:
a) ... embora a maioria das pessoas consuma calorias suficientes ...
b) ... e têm pontuação mais baixa nos testes de habilidade cognitiva.
c) ... a epidemia de obesidade nos países ricos representa exatamente o problema oposto.
d) ... e muitos não obtêm esses nutrientes.
e) ... menos da metade daqueles que mais precisam deles ...


Comentário: observe que o verbo “sofrer” foi utilizado como transitivo indireto, pedindo uso da preposição de em “... elas ainda sofrem de imensas deficiências de nutrientes...”. Nas alternativas A, B, C e D, as formas verbais “consuma”, “têm”, “representa” e “obtêm” foram usadas como transitivas diretas. Já na alternativa E, a forma verbal “precisam” foi usada de maneira transitiva indireta (precisam de), apresentando como objeto indireto o termo “deles”.
 

GABARITO: E

Aquilo de que o nosso aparelho perceptivo nos faz cientes não passa, portanto, de uma fração diminuta do que há. Mas o que aconteceria se tivéssemos de passar a lidar subitamente com uma gama extra e uma carga torrencial de percepções sensoriais (visuais, auditivas, táteis etc.) com as quais não estamos habituados? Suponha que uma mutação genética reduza drasticamente a seletividade natural dos nossos sentidos. O ganho de sensibilidade seria patente. “Se as portas da percepção se depurassem”, sugeria William Blake, “tudo se revelaria ao homem tal qual é, infinito”.

 

O grande problema é saber se estaríamos aptos a assimilar o formidável acréscimo de informação sensível que isso acarretaria. O mais provável é que essa súbita mutação – a desobstrução das portas e órgãos da percepção – produzisse não a revelação mística imaginada por Blake, mas um terrível engarrafamento cerebral: uma sobrecarga de informações acompanhada de um estado de aguda confusão e perplexidade do qual apenas lentamente conseguiríamos nos recuperar. As informações sensíveis a que temos acesso, embora restritas, não comprometeram nossa sobrevivência no laboratório da vida. Longe disso. É a seletividade dos nossos sentidos que nos protege da infinita complexidade do Universo. Se o muro desaba, o caos impera.

 

(Adaptado de: Eduardo Gianetti. O valor do amanhã. São Paulo, Cia das Letras, 2010, p. 139-143).

 

14. (TRT - 12ª Região / SC – 2013 – Analista Judiciário – FCC) As informações sensíveis a que temos acesso, embora restritas, não comprometeram nossa sobrevivência no laboratório da vida. (5º parágrafo)
Mantendo - se a correção e a lógica, sem que nenhuma outra alteração seja feita na frase acima, o elemento sublinhado pode ser corretamente substituído por:
a) Conquanto.
b) Contanto que.
c) Entretanto.
d) Porém.
e) No entanto.


Comentário: A conjunção “embora” estabelece relação de concessão/oposição entre as oração. Para responder à questão, devemos encontrar uma conjunção que também estabeleça tal relação para que se mantenha a coerência do texto original. Dentre as alternativas temos o “conquanto”, na A, conjunção ideal para substituir “embora” porque também é de natureza concessiva/opositiva. Na alternativa B, temos o “Contanto que” que estabelece relação de condição, não podendo ser a resposta. As demais alternativas trazem conjunções de caráter adversativo “entretanto”, “porém” e “no entanto”.


GABARITO: A

Não há dúvida de que leitores, ouvintes e espectadores seguem suas preferências ao fazer uso dos meios de comunicação: querem se divertir ou se distrair, querem se informar ou tomar parte em debates públicos. Mas, no momento em que se interessam por um programa político ou cultural, quando recebem a “bênção matinal realista” da leitura de jornais, todos se expõem – com alguma medida de autopaternalismo – a um processo de aprendizado de resultados imprevisíveis.

 

O resultado de um estudo sobre fluxos de comunicação pode ter interesse nesse contexto. Ao menos no âmbito da comunicação política – ou seja, para o leitor como cidadão – a imprensa de qualidade desempenha um papel de “liderança”: o noticiário político do rádio e da televisão depende em larga escala dos temas e das contribuições provenientes do jornalismo “argumentativo”.

 

Vivemos em sociedades pluralistas. O processo de decisão democrático só pode ultrapassar as cisões profundas entre visões de mundo opostas se houver algum vínculo legitimador aos olhos de todos os cidadãos. O processo de decisão deve conjugar (isto é, a participação universal em pé de igualdade) e condução discursiva do conflito de opiniões.

 

Esse papel se evidencia intuitivamente tão logo se tenha em mente a diferença entre o conflito público de opiniões concorrentes e a divulgação de pesquisas de opinião. Opiniões que se formam por meio de discussão e polêmica são, a despeito de toda dissonância, filtradas por informações e argumentos, enquanto as pesquisas de opinião apenas invocam opiniões latentes em estado bruto ou inerte.

 

(Trecho adaptado do artigo de Jurgen Habermas. Folha de São Paulo, Mais!, p. 4, 27 mai. 2007.)

15. (TRT - 2ª REGIÃO/SP – 2008 – Técnico Judiciário – FCC) Não há dúvida de que leitores, ouvintes e espectadores seguem suas preferências ao fazer uso dos meios de comunicação: querem se divertir ou se distrair, querem se informar ou tomar parte em debates públicos. (Início do texto).
Considerando o trecho acima, é INCORRETO afirmar:
a) A oração principal do período é Não há dúvida.
b) A oração subordinada de que leitores, ouvintes e espectadores seguem suas preferências tem função sintática de objeto indireto.
c) As orações que se seguem aos dois-pontos constituem um conjunto de quatro orações coordenadas, formando dois grupos de orações de sentido alternativo.
d) A oração ao fazer uso dos meios de comunicação denota noção de tempo, sendo equivalente a quando fazem uso.
e) O sujeito de querem – verbo repetido nas orações após os dois-pontos – está anteriormente expresso numa das orações subordinadas do período.


Comentário: o trecho “Não dúvida de que leitores, ouvintes e espectadores seguem suas preferências ao fazer uso dos meios de comunicação: querem se divertir ou se distrair, querem se informar ou tomar parte em debates públicos”, possui nove orações, pois possui nove verbos. A questão pede que marque a alternativa ERRADA sobre o período inicial do texto. A única oração incorreta é a B, que diz:


b) A oração subordinada de que leitores, ouvintes e espectadores seguem suas preferências tem função sintática de objeto indireto.


Observe que tal oração completa o nome “dúvida” sendo, portanto, uma completiva nominal, já que o objeto indireto viria para completar um VERBO, o que não é o caso.
 

GABARITO: B

 


Leia:
 

(...)
 

Carlito é popular no sentido mais alto da palavra. Não saiu completo e definitivo da cabeça de Chaplin: foi uma criação em que o artista procedeu por uma sucessão de tentativas erradas.


Chaplin observava sobre o público o efeito de cada detalhe.


Um dos traços mais característicos da pessoa física de Carlito foi achado casual. Chaplin certa vez lembrou-se de arremedar a marcha desgovernada de um tabético. O público riu: estava fixado o andar habitual de Carlito.


O vestuário da personagem - fraquezinho humorístico, calças lambazonas, botinas escarrapachadas, cartolinha - também se fixou pelo consenso do público.


Certa vez que Carlito trocou por outras as botinas escarrapachadas e a clássica cartolinha, o público não achou graça: estava desapontado. Chaplin eliminou imediatamente a variante. Sentiu com o público que ela destruía a unidade física do tipo. Podia ser jocosa também, mas não era mais Carlito.


Note-se que essa indumentária, que vem dos primeiros filmes do artista, não contém nada de especialmente extravagante. Agrada por não sei quê de elegante que há no seu ridículo de miséria. Pode-se dizer que Carlito possui o dandismo do grotesco.


Não será exagero afirmar que toda a humanidade viva colaborou nas salas de cinema para a realização da personagem de Carlito, como ela aparece nessas estupendas obras-primas de humor que são O garoto, Em busca do ouro e O circo.


Isto por si só atestaria em Chaplin um extraordinário discernimento psicológico. Não obstante, se não houvesse nele profundidade de pensamento, lirismo, ternura, seria levado por esse processo de criação à vulgaridade dos artistas medíocres que condescendem com o fácil gosto do público.


Aqui é que começa a genialidade de Chaplin. Descendo até o público, não só não se vulgarizou, mas ao contrário ganhou maior força de emoção e de poesia. A sua originalidade extremou-se. Ele soube isolar em seus dados pessoais, em sua inteligência e em sua sensibilidade de exceção, os elementos de irredutível humanidade. Como se diz em linguagem matemática, pôs em evidência o fator comum de todas as expressões humanas.


(Adaptado de: Manuel Bandeira. “O heroísmo de Carlito”. Crônicas da província do Brasil. 2. ed. São Paulo, Cosac Naify, 2006, p. 219-20)


16. (SEFAZ-PE – 2014 – Auditor Fiscal – FCC) Não obstante, se não houvesse nele profundidade de pensamento, lirismo, ternura, seria levado por esse processo de criação à vulgaridade dos artistas medíocres que condescendem com o fácil gosto do público.
Na frase acima, a oração subordinada grifada tem valor
a) condicional.
b) conformativo.
c) adversativo.
d) concessivo.
e) explicativo.


Comentário: a oração “se não houvesse nele profundidade de pensamento, lirismo, ternura” é introduzida pela conjunção condicional “se”, marcando uma condição necessária para que o que está na oração principal “seria levado por esse processo de criação à vulgaridade dos artistas medíocres que condescendem com o fácil gosto do público” não ocorra.


GABARITO: A

 


Os dentes na medicina popular e nas crenças brasileiras


Daniel Korytnicki


Quem não tem informações corretas sobre as causas das doenças às vezes imagina que elas são provocadas por espíritos malignos. A medicina popular é rica em receitas feitas com elementos naturais e práticas mágicas que muitos acreditam serem capazes de proteger a saúde e curar. No Brasil, há várias dessas práticas relacionadas aos dentes, típicas de cada região:


• Na Paraíba e em Minas Gerais, prepara-se um chá com o botão floral dessecado do cravo-da-índia para fazer bochechos e acalmar a dor de dente.


• No Norte e no Nordeste, costuma-se deixar a casca de um arbusto de molho numa vasilha com água e sal por uma noite e, no dia seguinte, bochechar três vezes com aquela água. Ou retirar a pólvora de três palitos de fósforo usados e colocar sobre a cárie. Ou enrolar um dente de alho num chumaço de algodão e colocar dentro do ouvido do lado contrário ao dente que dói.


• Em São Paulo, é costume cozinhar uma folha de pé de batata em água com sal e bochechar o mais quente que se possa suportar. Para branquear os dentes, recomenda-se esfregar um quarto de limão uma vez por semana nos dentes e na gengiva.


Também são comuns as benzeduras (rezas supersticiosas) e fórmulas mágicas, que passam de geração para geração, às vezes como segredos de família. O uso de dentes humanos e de animais como amuletos e talismãs, que era frequente em tempos antigos, ainda tem seus adeptos...


Achar que os sonhos trazem mensagens sobrenaturais é mais uma crendice popular que faz parte da cultura brasileira - e não só dela: a adivinhação e interpretação dos sonhos estão presentes no teatro grego da Antiguidade, na história de Buda, em relatos da Bíblia... No Brasil, diversos sonhos em que aparecem dentes são interpretados como mensagens. Por exemplo, sonhar com dente que cai é mau presságio e indica a morte de um familiar muito próximo; dente que nasce é bom presságio e indica o nascimento de um filho; escovação dos dentes é um aviso de que uma situação vai se modificar; dentista significa insatisfação!
 

Por tudo isso, embora as pesquisas indiquem que já não existem tantas cáries como antigamente, as pessoas que têm mais informações, sejam dentistas ou não, devem batalhar para divulgá-las entre a população mais carente. Neste país tão cheio de disparidades, cada um deve fazer a sua parte, para exercer de fato a cidadania.


(Adaptado de: Korytnicki, Daniel. O livro do dentista. São Paulo: Companhia das
Letrinhas, 2004. p. 84-88).


17. (HEMOBRÁS – 2013 – Assistente Administrativo – FCC) As orações subordinadas adjetivas classificam-se como explicativas ou como restritivas. As primeiras isolam-se por vírgula; as segundas, não. A distinção entre umas e outras se faz, em grande parte, pelo significado que essas orações atribuem ao antecedente.
Um exemplo de uso de vírgula em que se aplica a regra de pontuação exposta pode ser identificado no seguinte segmento do texto:
a) Por tudo isso, embora as pesquisas indiquem que já não existem tantas cáries como antigamente, ...
b) Neste país tão cheio de disparidades, cada um deve fazer a sua parte, para exercer de fato a cidadania.
c) Na Paraíba e em Minas Gerais, prepara-se um chá com o botão floral dessecado do cravo-da-índia para fazer bochechos e acalmar a dor de dente.
d) O uso de dentes humanos e de animais como amuletos e talismãs, que era frequente em tempos antigos, ainda tem seus adeptos...
e) Para branquear os dentes, recomenda-se esfregar um quarto de limão uma vez por semana nos dentes e na gengiva.


Comentário: Na alternativa D, a oração “que era frequente em tempos antigos” classifica-se como adjetiva explicativa, uma vez que está entre vírgulas e explica o que se afirma na oração principal “O uso de dentes humanos e de animais como amuletos e talismãs ainda tem seus adeptos”.


Entende-se que o uso de dentes como amuletos e talismãs é uma prática antiga, era frequente.


GABARITO: D

Atualmente, muitos ambientalistas enxergam a tecnologia como uma afronta à sacralidade da natureza, mas as tecnologias usadas até hoje pelo homem sempre foram perfeitamente naturais. Peles de animais, fogo, fazendas, moinhos de vento, usinas nucleares e painéis solares – todos esses avanços surgiram e foram criados a partir de materiais puros extraídos da terra. Além disso, no curso de história humana, as tecnologias não foram apenas inventadas pelo homem. Elas também ajudaram o homem a se inventar. Evidências arqueológicas recentes sugerem que a forma das mãos do homem moderno, com seus polegares e dedos mais curtos, permitiu um melhor manuseio das ferramentas. Os ancestrais do homem cujas mãos tinham esse formato mais adequado obtiveram uma vantagem evolutiva em relação aos outros.

 

A transformação das mãos e dos pulsos permitiu aos nossos antepassados andar cada vez mais eretos, caçar, comer carne e, assim, evoluir. Com a mudança na postura, o homem conseguiu correr atrás de animais atingidos por suas armas. A corrida de longa distância foi facilitada por glândulas que substituíram os pelos. O uso do fogo para cozinhar a carne adicionou uma quantidade muito maior de proteínas à dieta, o que resultou em crescimento significativo do cérebro. A tecnologia resumindo, nos tornou humanos.

 

É claro que, à medida que nosso corpo, nosso cérebro e nossas ferramentas evoluíam, evoluiu também nossa habilidade de modificar radicalmente o ambiente. Caçamos mamutes e outras espécies até a extinção. Queimamos florestas e savanas inteiras para encontrar mais facilmente a caça e limpar a terra para a agricultura. A Terra de 100, 200 ou 300 anos atrás já havia sido profundamente moldada pelos esforços humanos.

 

Nada disso altera a realidade e os riscos das crises ecológicas resultantes da ação do homem. O aquecimento global, o desmatamento, a pesca excessiva e outras atividades, se não ameaçam nossa própria existência, certamente representam a possibilidade de sofrimento para milhares de seres humanos. Tudo isso está transformando a naturezas em um ritmo nunca visto. A diferença entre a nova crise ecológica e as depredações anteriores ao meio ambiente promovidas pelo homem e por seus ancestrais é em tamanho e escala, não na forma.

 

(Michael Shellenberg e Ted Nordhaus, Veja, 13 jun. 2012, p. 103-104, com adaptações.)

18. (DPE/SP – 2013 – Oficial de Defensoria Pública – FCC) Atenção: considere o trecho transcrito:
É claro que, à medida que nosso corpo, nosso cérebro e nossas ferramentas evoluíam, evoluiu também nossa habilidade de modificar radicalmente o ambiente. (3o parágrafo)

A noção introduzida pelo segmento grifado é de
a) consequência.
b) proporcionalidade.
c) finalidade.
d) temporalidade.
e) explicação.


Comentário: a locução conjuntiva “à medida que” estabelece relação de proporção entre as orações. E no trecho destacado do texto, entende-se que, à proporção que o corpo, o cérebro e as ferramentas evoluíam, evoluía também a capacidade de modificar radicalmente o ambiente. Uma coisa segue em proporção a outra.


GABARITO: B

Na trajetória de cada indivíduo, a faculdade de antever o futuro e o autocontrole necessário para agir no tempo dependem de um equipamento cerebral e mental que se constitui nas etapas formativas do ciclo de vida.

 

A disposição de usar essa faculdade, entretanto, varia de forma significativa entre os indivíduos. A formação de preferências temporais em distintos campos da vida prática – saúde, educação, carreira profissional, finanças, relações afetivas, previdência, práticas religiosas – é um assunto de extraordinária complexidade e que deverá continuar desafiando a engenhosidade humana por muito tempo ainda.

 

No sempre renovado embate entre a impulsividade da cigarra límbica e o cálculo prudente da formiga pré-frontal, o resultado não está dado de antemão. Enquanto uma se agarra ao momento fugaz e deixa que o amanhã cuide de si (“no caminho da oficina, há um bar em cada esquina”), a outra procura uma posição neutra em relação ao que está ao alcance procura uma posição neutra em relação ao que está ao alcance dos sentidos e avalia os trade-offs entre recompensas abstratas, inclusive aquelas que se espera obter e desfrutar em prazos mais longos (como a manutenção do emprego, o salário no fim do mês e o sucesso profissional).

 

Eduardo Giannetti. O valor do amanhã: ensaio sobre a natureza dos jurais. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 51-3 (com adaptações).

19. (TC-DF – 2014 – Auditor de Controle Externo – CESPE) Sem prejuízo das relações semântico-sintáticas entre as orações, as duas primeiras orações do último período do texto, “Enquanto uma (...) cuide de si” (l.14-15), poderiam ser assim estruturadas: À medida que a primeira prioriza o momento efêmero, em detrimento do futuro.
( ) Certo
( ) Errado


Comentário: o trecho original completo é “Enquanto uma se agarra ao momento fugaz e deixa que o amanhã cuide de si”. A questão sugere a seguinte reescrita: “À medida que a primeira prioriza o momento efêmero, em detrimento do futuro”. O texto está contrapondo a cigarra e a formiga, enquanto uma quer viver o momento presente sem se preocupar com o futuro, a outra pensa no futuro e se prepara para ele. Na reescrita, a relação semântica na troca de “momento fugaz” por “momento efêmero” e “amanhã” por “futuro” está perfeita, está mantida. O problema é a relação sintática pelo uso da conjunção, pois “enquanto” quer dizer ao mesmo tempo que, no momento em que a formiga faz uma escolha, a cigarra faz outra escolha. A substituição que a banca propõe de “enquanto” por “à medida que” não é possível, uma vez que “enquanto” expressa tempo e “à medida que” expressa proporção. Sendo assim, a questão está errada.
 

GABARITO: ERRADO

Constantemente, você precisa provar e comprovar que é quem diz ser. Embora pareça, essa não é uma questão filosófica. A tarefa é prática e corriqueira: cartões de crédito, RG, CPF, crachás corporativos e carteirinhas de mil e uma entidades, que engordam a carteira de todo cidadão, são exigidos, a toda hora, para identificar uma pessoa no mundo físico. No ambiente virtual, combinações de usuário e senha funcionam para dar acesso a emails, celulares, redes sociais e cadastros em lojas online. Lidamos com tantas combinações desse tipo que já se fala de uma nova categoria de estresse: a “fadiga de senhas”. A solução para driblar o problema é o reconhecimento biométrico – afinal, cada pessoa é única, e a tecnologia já pode nos reconhecer por isso. Em questão de segundos, dispositivos modernos são capazes de ler as características de partes do nosso corpo, comparar que veem com a base de dados que possuem, e atestar a identidade das pessoas previamente cadastradas no sistema.

 

Renata Valério de Mesquita. Você é a sua senha. In: Planeta, fev/2014 (com adaptações).

 

 Questões Propostas 

1) A oração introduzida pela conjunção “que” (L.10) expressa ideia de consequência em relação à oração anterior, à qual se subordina.


( ) Certo
( ) Errado

Ao vender Sochi como sede dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, o presidente russo Vladimir Putin prometeu uma experiência única: turista e atletas poderiam esquiar nas montanhas, onde é muito frio, e mergulhar em piscinas abertas de hotéis, onde o clima é mais ameno, no mesmo dia. Sochi é famosa como estância de veraneio de milionários russos. Pelo fato de o clima na região ser subtropical, a temperatura prevista para a Olimpíada já estava no limite do aceitável para a prática de esportes na neve: no inverno, é esperada a média de 6 ºC na altura do mar Negro, que banha o litoral. O que atletas e turistas encontraram ao chegar a Sochi, porém, foi um cenário muito mais inusitado. O calor na altura do mar atinge 20 ºC e, nas montanhas, 15 ºC. O calor intenso derreteu a neve nas pistas, forçou o cancelamento de treinos e prejudicou competições. Por trás dessa surpresa, um velho conhecido: o aquecimento global, fenômeno responsável por mudanças climáticas intensas que têm afetado o planeta no último século e que pôde ser notado em anomalias frequentes nessa última temporada de inverno no Hemisfério Norte e de verão, no Sul.

 

Alexandre Salvador e Raquel Beev. Cadê o frio? In: Veja, fev. 2014 (com adaptações).

2) As orações “onde é muito frio” (L.4) e “que banha o litoral” (L.10) têm natureza explicativa, o que justifica o fato de estarem isoladas por vírgulas.


( ) Certo
( ) Errado

Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

 

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.

 

Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

 

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar em um mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte, fui à sua casa, literalmente correndo. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, sai devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem cai; guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pela ruas como sempre e não cai nenhuma vez.

 

Clarice Lispector. Felicidade clandestina. In: Felicidade clandestina: pontos. Rio de Janeiro, Rocco, 1998 (com adaptações).

3) A oração introduzida pelo pronome “que” (l.21) tem caráter restritivo, visto que especifica a ação expressa pela locução “andar pulando”.


( ) Certo
( ) Errado

 

A ousadia e a engenhosidade dos cibercriminosos têm espantado até mesmo os mais experientes especialistas em segurança da informação, seja pela utilização de técnicas avançadas de engenharia social, em caos de spear-phishing, seja pelo desenvolvimento de metodologia de ataques em massa. Segundo levantamento realizado pela Trend Micro, desde abril deste ano, hackers invadiram dois sítios do governo brasileiro.

 

Leonardo Bonomi, diretor de suporte e serviços para a Trend Micro, coloca os ataques a sítios com boa reputação, de empresas populares ou mesmo de governos, como uma tendência de alvo. “Cada vez mais esse tipo de estratégia será usado para enganar os usuários finais”, afirma Bonomi, que não revelou quais sítios foram vítimas do cibercrime.

 

Para Bonomi, a tática utilizada pelos cibercriminosos é achar brechas e vulnerabilidades em sítios confiáveis, por meio de ferramentas de dia zero (capazes de efetuar investidas ininterruptamente até conseguir atingir os objetivos escusos). Após o ataque, os hackers propagam malvares e vírus que controlam e monitoram as informações nas máquinas dos usuários.

 

O malware encontrado nas páginas brasileiras é denominado Banker, transmitido por meio de dois arquivos, um executável e outro GIF (que, na verdade, é um arquivo Java). Ambos são baixados em sítios supostamente confiáveis e seguros. Utilizando engenharia social, os cibercriminosos enviam mensagens nãos internautas, avisando sobre as últimas atualizações de programas como Adobe e Flash Player, por exemplo, baixados os arquivos, os dois vírus entram em ação: enquanto o executável desliga os sistemas de segurança, o arquivo em Java conecta a máquina do usuário a uma rede botnet.

 

A finalidade desses malwares é o roubo de dados bancários das vítimas, mas também pode variar para práticas ilícitas mais avançadas e até para o sequestro de informações pessoais. “Para nós, esse tipo de cibercriminosos se encaixa no modelo de crime organizado, pois, além de ataques complexos e avançados, eles visam a qualquer atividade que dê dinheiro, sem o menor escrúpulo”, diz Bonomi.

 

Rodrigo Aron. Hackers invadem sites governamentais. In: Risk Report, mai. 2013, Internet: www.decisionreport.com.br (com adaptações).

4) A conjunção “seja”, nas linhas 3 e 5, que estabelece uma relação de coordenação entre ideias, poderia ser substituída pela conjunção quer, sem prejuízo para a correção gramatical do período


( ) Certo
( ) Errado


 

Desenredo
 

Do narrador seus ouvintes:
 

– Jó Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja. Tinha o para não ser célebre. Como elas quem pode, porém? Foi Adão dormir e Eva nascer. Chamando-se Livíria, Rivília ou Irlívia, a que, nesta observação, a Jó Joaquim apareceu.


Antes bonita, olhos de viva mosca, morena mel e pão. Aliás, casada. Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se. Voando o mais em ímpeto de nau tangida a vela e vento. Mas tendo tudo de ser secreto, claro, coberto de sete capas.


Porque o marido se fazia notório, na valentia com ciúme; e as aldeias são a alheia vigilância. Então ao rigor geral os dois se sujeitaram, conforme o clandestino amor em sua forma local, conforme o mundo é mundo. Todo abismo é navegável a barquinhos de papel.


Não se via quando e como se viam. Jó Joaquim, além disso, existindo só retraído, minuciosamente. Esperar é reconhecer-se incompleto. Dependiam eles de enorme milagre. O inebriado engano.


Até que deu-se o desmastreio. O trágico não vem a conta-gotas. Apanhara o marido a mulher: com outro, um terceiro... Sem mais cá nem mais lá, mediante revólver, assustou-a e matou-o. Diz-se, também, que a ferira, leviano modo.
 

[...]


Ela – longe – sempre ou ao máximo mais formosa, já sarada e sã. Ele exercitava-se a aguentar-se, nas defeituosas emoções.


Enquanto, ora, as coisas amaduravam. Todo fim é impossível? Azarado fugitivo, e como à Providência praz, o marido faleceu, afogado ou de tifo. O tempo é engenhoso.


[...]


Sempre vem imprevisível o abominoso? Ou: os tempos se seguem e parafraseiam-se. Deu-se a entrada dos demônios.


Da vez, Jó Joaquim foi quem a deparou, em péssima hora: traído e traidora. De amor não a matou, que não era para truz de tigre ou leão. Expulsou-a apenas, apostrofando-se, como inédito poeta e homem. E viajou a mulher, a desconhecido destino.


Tudo aplaudiu e reprovou o povo, repartido. Pelo fato, Jó Joaquim sentiu-se histórico, quase criminoso, reincidente. Triste, pois que tão calado. Suas lágrimas corriam atrás dela, como formiguinhas brancas. Mas, no frágil da barca, de novo respeitado, quieto. Vá-se a camisa, que não o dela dentro. Era o seu um amor meditado, a prova de remorsos.


Dedicou-se a endireitar-se.


[...]


Celebrava-a, ufanático, tendo-a por justa e averiguada, com convicção manifesta. Haja o absoluto amar – e qualquer causa se irrefuta.


Pois produziu efeito. Surtiu bem. Sumiram-se os pontos das reticências, o tempo secou o assunto. Total o transato desmanchava-se, a anterior evidência e seu nevoeiro. O real e válido, na árvore, é a reta que vai para cima. Todos já acreditavam. Jó Joaquim primeiro que todos.


Mesmo a mulher, até, por fim. Chegou-lhe lá a notícia, onde se achava, em ignota, defendida, perfeita distância. Soube-se nua e pura. Veio sem culpa. Voltou, com dengos e fofos de bandeira ao vento.


Três vezes passa perto da gente a felicidade. Jó Joaquim e Vilíria retomaram-se, e conviveram, convolados, o verdadeiro e melhor de sua útil vida.


E pôs-se a fábula em ata.


ROSA, João Guimarães. Tutameia – Terceiras estórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967. p. 38-40.


Vocabulário
frágio: neologismo criado a partir de naufrágio.
ufanático: neologismo: ufano+fanático.


5) A classificação da oração destacada no fragmento “O real e válido, na árvore, é a reta QUE VAI PARA CIMA.” é oração subordinada:


a) adverbial causal.
b) substantiva predicativa.
c) substantiva subjetiva.
d) adjetiva restritiva.
e) adjetiva explicativa.

Inauguração da Avenida


[...]


Já lá se vão cinco dias. E ainda não houve aclamações, ainda não houve delírio. O choque foi rude demais. Acalma ainda não renasceu.


Mas o que há de mais interessante na vida dessa mó de povo que se está comprimindo e revoluteando na Avenida, entre a Prainha e o Boqueirão, é o tom das conversas, que o ouvido de um observador apanha aqui e ali, neste ou naquele grupo.


Não falo das conversas da gente culta, dos “doutores” que se julgam doutos.


Falo das conversas do povo - do povo rude, que contempla e critica a arquitetura dos prédios: “Não gosto deste... Gosto mais daquele... Este é mais rico... Aquele tem mais arte... Este é pesado... Aquele é mais elegante...”.


Ainda nesta sexta-feira, à noite, entremeti-me num grupo e fiquei saboreando uma dessas discussões. Os conversadores, à luz rebrilhante do gás e da eletricidade, iam apontando os prédios: e - cousa consoladora - eu, que acompanhava com os ouvidos e com os olhos a discussão, nem uma só vez deixei de concordar com a opinião do grupo. Com um instintivo bom gosto subitamente nascido, como por um desses milagres a que os teólogos dão o nome de “mistérios da Graça revelada” - aquela simples e rude gente, que nunca vira palácios, que nunca recebera a noção mais rudimentar da arte da arquitetura, estava ali discernindo entre o bom e o mau, e discernindo com clarividência e precisão, separando o trigo do joio, e distinguindo do vidro ordinário o diamante puro.


É que o nosso povo - nascido e criado neste fecundo clima de calor e umidade, que tanto beneficia as plantas como os homens - tem uma inteligência nativa, exuberante e pronta, que é feita de sobressaltos e relâmpagos, e que apanha e fixa na confusão as ideias, como a placa sensibilizada de uma máquina fotográfica apanha e fixa, ao clarão instantâneo de uma faísca de luz oxídrica, todos os objetos mergulhados na penumbra de uma sala...


E, pela Avenida em fora, acotovelando outros grupos, fui pensando na revolução moral e intelectual que se vai operar na população, em virtude da reforma material da cidade.


A melhor educação é a que entra pelos olhos. Bastou que, deste solo coberto de baiucas e taperas, surgissem alguns palácios, para que imediatamente nas almas mais incultas brotasse de súbito a fina flor do bom gosto: olhos, que só haviam contemplado até então betesgas, compreenderam logo o que é a arquitetura. Que não será quando da velha cidade colonial, estupidamente conservada até agora como um pesadelo do passado, apenas restar a lembrança?


[...]


E quando cheguei ao Boqueirão do Passeio, voltei-me, e contemplei mais uma vez a Avenida, em toda sua gloriosa e luminosa extensão. [...]


Gazeta de Notícias - 19 nov.1905. Bilac, Olavo. Vossa Insolência: crônicas. São Paulo: Companhia de Letras, 1996, p. 264-267.


Vocabulário:
baiuca: local de última categoria, malfrequentado
betesga: rua estreita, sem saída
mó: do latim “mole” , multidão; grande quantidade

revolutear: agitar-se em várias direções
tapera: lugar malconservado e de mau aspecto

 


6) Sobre a oração destacada em “Não falo das conversas da gente culta, dos ‘doutores’ QUE SE JULGAM DOUTOS.” (texto - § 3), é correto afirmar que:


a) ocorre no texto sob a forma de um sintagma adverbial, no qual a palavra gramatical conjuntiva dá a base da oração.


b) a expressão gramatical típica da consequência se concretiza na conjunção que.


c) combina-se, independente, para expressar um ato discursivo diferente do estabelecido pela primeira oração.


d) ocorre no texto sob a forma de um sintagma adjetivo, conhecido como oração adjetiva, delimitando a parte de um conjunto.


e) a unidade subordinada adquire um padrão no qual juntam-se as orações para formar um sintagma adverbial.

Enquanto os 26 mil km² do Parque Indígena do Xingu permanecem preservados, sucessivas degradações têm marcado seu entorno, que sofreu com a derrubada de árvores por madeireiros, passando grande parte dos campos desmatados a ser ocupados pela pecuária extensiva e pelo garimpo.

 

Nos últimos 15 anos, cada vez mais plantações de soja e cidades em crescimento cercam o parque. Em 1980, havia apenas três municípios na região: hoje, são dez. Os índios chamam essa situação “abraço de morte”, porque chegam de fora os problemas ambientais enfrentados no parque, como o assoreamento do leito dos rios, a contaminação das águas, a invasão de porcos selvagens, as mudanças nos marcadores do tempo.

 (Adaptado de Planeta/abr. 2016, p. 19.)

7) Mantém o sentido e a correção do texto a substituição de


a) “Enquanto” (l.1) por “À medida que”.
b) “seu entorno” (l.3) por “seus arredores”.
c) “a ser ocupados” (l.6) por “a ser ocupada”.
d) “havia” (l.10) por “existia”.
e) “chegam de fora” (l.12) por “vem de fora”.

 


8) Indique o conector que corretamente pode ocupar a posição inicial do período abaixo, assinalada por [...].


[...] as principais investidas contra a identidade dos índios e a integridade do Parque Indígena do Xingu surgem na forma de projetos de hidrelétricas e de leis que preveem mineração nas reservas e demarcação de terras indígenas, os xinguanos mantêm intensa mobilização política para defender seus direitos e fazer a sociedade atual reconhecer as contribuições que eles podem oferecer-lhe.


a) Conquanto
b) Porquanto
c) Como
d) Embora
e) Por mais que

 

Se o especialista de qualquer área não sair de suas quatro paredes e não entrar em outras áreas, vai acabar prisioneiro de suas paredes, vai acabar emparedado. Sem janelas e sem portas, sem ver os fundamentos do provisório espaço que ocupa, pode supor que está vendo tudo o que importa, mas estará vendo apenas o que a ele importa. Por isso, quando se tem, em uma área acadêmica, um espaço reservado ao embate interdisciplinar, retoma-se o caminho que a constituiu.

 

O fundamento da arquitetura não está no espaço construído, assim como o do urbanismo não está no traçado da cidade. Quando se faz um traço fundante para estruturar um prédio ou uma cidade, o que funda tudo não é esse traço, mas a concepção que está subjacente a ele.

 

(Adaptada de Ensaios de semiótica da Cultura, de Flávio, R. Kothe, p. 59.)

Âncora 2

 

9) Assinale a opção correta a respeito desse fragmento de texto.


a) A imagem do especialista que se restringe ao conhecimento de sua área de formação é construída, no texto, em linguagem figurada.
b) A ideia nuclear do fragmento de texto é a seguinte: os fundamentos de cada área de conhecimento científico prescindem do enfoque interdisciplinar.
c) No primeiro período do texto, predomina a relação sintática de causa e efeito entre as orações que o constituem.
d) A conjunção “
mas” (l.7) estabelece oposição entre dois tipos de investigação: a científica e a fundamentada na subjetividade do pesquisador.
e) É aparente a diferença entre a arquitetura e o urbanismo, porque essas áreas do conhecimento fundamentam-se na mesma concepção.



10) Leia o trecho da obra A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa, e identifique a qual circunstância as palavras destacadas estão se referindo respectivamente:


"Minha irmã se casou; nossa mãe não quis festa. A gente imaginava nele, quando se comia uma comida mais gostosa; assim como, no gasalhado da noite, no desamparo dessas noites de muita chuva, fria, forte, nosso pai só com a mão e uma cabaça para ir esvaziando a canoa da água do temporal. Às vezes, algum conhecido nosso achava que eu ia ficando mais parecido com nosso pai."


a) Modo – tempo – comparação
b) Comparação – modo – tempo
c) Tempo – comparação – tempo
d) Comparação – tempo – comparação


 


11) Assinale a alternativa que completa correta e respectivamente as lacunas:


Todos os candidatos ao processo seletivo sabem __________é importante estudar muito, ____________são poucas vagas e a concorrência é grande.
a) logo – pois
b) que – pois
c) pois – que
d) pois – logo

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