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Curso de Língua Portuguesa
Módulo 3
Aula 27 - Significação das Pavavras

Significação das Palavras

Prezado(a)s cursistas! 

Nesta aula vamos estudar sobre vários temas que se entrelaçam e que estão sempre presentes quando falamos em SEMÂNTICA!

Ancora 1
Conteúdo da Aula

AULA 27

Significação das palavras

Figuras de linguagem

Níveis de formalidade

 

 

SUMÁRIO

SEMÂNTICA

POLISSEMIA

AMBIGUIDADE

SINONÍMIA E ANTONÍMIA

HOMONÍMIA E PARONÍMIA

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

FIGURAS DE LINGUAGEM

NÍVEIS DE FORMALIDADE (USO E ADEQUAÇÃO)

CONCEITO DE ERRO EM LÍNGUA

QUESTÕES COMENTADAS

“Diga-me e eu esquecerei, ensina-me e eu poderei lembrar, envolva-me e eu aprenderei”.

                                                                                                                                       Benjamin Franklin

                         SEMÂNTICA – Estudo do significado das palavras

 

 

Um dos estudos mais importantes de uma língua é o do significado que as palavras podem assumir em variados contextos. O significado das palavras dança como em um espetáculo, surgindo sempre com novas possibilidades. Tais possibilidades são concretizadas no que as bancas chamam nos editais de substituição de palavras ou de trechos de texto e reescrita de textos de diferentes gêneros. É a partir do conhecimento da significação das palavras, do uso conotativo e denotativo e podem assumir em determinado contexto é que o candidato ganha autoridade e confiança para chegar a um ótimo resultado na prova.

Vamos conhecer alguns conceitos da semântica que facilitarão seu estudo e a resolução das questões.

 

Campos (ou famílias) lexicais e Campo (ou família) semântico (a).

Os conceitos de campo semântico e campo lexical frequentemente são confundidos por não estarem devidamente diferenciados ou definidos. Tanto um quanto outro são utilizados pela linguística textual a fim do melhor e mais adequado uso das palavras da língua portuguesa. Para entendê-los melhor, proponho alguns esclarecimentos conceituais:

 

 

Léxico é o conjunto de palavras pertencentes a determinada língua. Por exemplo, temos um léxico da língua portuguesa, que é o conjunto de todas as palavras que são compreensíveis em nossa língua. Quando essas palavras são materializadas em um texto, oral ou escrito, são chamadas de vocabulário. O conjunto de palavras utilizadas por um indivíduo, portanto, constitui o seu vocabulário.

Nenhum falante consegue dominar TODO o léxico da língua que fala, já que o mesmo é modificado constantemente através de palavras novas e várias outras que não são mais utilizadas. A quantidade de palavras que fazem parte do léxico de uma língua é imensa! Impossível guardar todas na memória!

O campo lexical é o conjunto de palavras que pertencem a uma mesma área de conhecimento e está dentro do léxico de alguma língua.

São exemplos de campos lexicais:

1) o da medicina: estetoscópio, cirurgia, esterilização, medicação etc.

2) o da escola: livros, disciplinas, biblioteca, material escolar etc.

3) o da informática: software, hardware, programas, sites, internet etc.

4) o do teatro: expressão, palco, figurino, maquiagem, atuação etc.

5) o dos sentimentos: amor, tristeza, ódio, carinho, saudade etc.

6) o das relações interpessoais: amigos, parentes, família, colegas de trabalho etc.

O campo semântico é o conjunto de possibilidades que uma mesma palavra ou conceito pode assumir em determinados contextos. O conceito de campo semântico está ligado ao conceito de polissemia (veremos ainda nesta aula).

Uma mesma palavra pode assumir vários significados diferentes em um mesmo texto, dependendo de como ela for empregada e de que palavras a acompanham para tornar claro o seu significado naquela situação.

Por exemplo:

1) conhecer: ver, aprofundar-se, saber que existe etc.

2) bacia: utensílio de cozinha, parte do esqueleto humano.

3) brincadeira: divertimento, distração, passatempo, gozação, piada etc.

4) estado: situação, particípio de estar, divisão de um país etc.

O campo semântico pode também ser o conjunto das expressões que são utilizadas para expressar um mesmo conceito.

Exemplos:

1) Campo semântico em torno do conceito de morte: bater as botas, falecer, ir dessa para a melhor, passar para um plano superior, apagar etc.

2) Campo semântico em torno do conceito de enganar: trapacear, engabelar, fazer de bobo, vacilar etc.

                                                           POLISSEMIA

É a possibilidade de uma palavra ter vários significados, dependendo do contexto de uso.

 

                                                            Poli = vários

                                                           Semia = sentido

Exemplos:

As palavras “fabricar” e “romper” podem ter vários significados, dependendo do contexto em que estão inseridas.

 

 

                                                        balas = manufaturar

                                                        ninho = construir

                                                        advogados = engendrar

FABRICAR                                    moedas = cunhar

                                                        a própria desgraça = maquinar

                                                        um ídolo = inventar, forjar

                                                       Rompeu a roupa no arame (rasgou)

                                                       Romper um segredo (revelar)

ROMPER                                       Romperam as músicas! (participaram)

                                                       O senador rompeu com o governo

                                                        (desligou-se / brigou com)

                                                        

                                 AMBIGUIDADE OU ANFIBOLOGIA

Ocorre quando, por falta de clareza, há duplicidade de sentido da frase.

Exemplos:

Ana disse à amiga que seu namorado havia chegado. (O namorado é de Ana ou da amiga?)

O pai falou com o filho caído no chão. (Quem estava caído no chão? Pai ou filho?)

                                          SINONÍMIA E ANTONÍMIA

SINONÍMIA: Duas palavras são sinônimas quando se identificam exatamente (sinônimos perfeitos) ou aproximadamente (sinônimos imperfeitos) quanto ao significado. Raramente as palavras apresentam sinonímia perfeita.

 

Exemplos:

Cara (vulgar) e rosto (delicada) (perfeitos) Sal e cloreto de sódio (perfeitos) Aguardar e esperar (imperfeitos) Pessoa e indivíduo (imperfeitos) Educador, mestre e professor (imperfeitos) Recompensa, gratificação e gorjeta (imperfeitos)

ANTONÍMIA: Duas palavras que se opõem pelo significado.

Exemplos:

Amor e ódio

Euforia e melancolia

Abrir e fechar

Resistir e ceder

                                               HOMONÍMIA E PARONÍMIA

HOMONÍMIA: trata-se do fenômeno em que duas ou mais palavras são iguais quanto ao som (fonemas) ou quanto à forma (grafia) ou até mesmo quanto ao som e à grafia ao mesmo tempo, mas que possuem significados bem diferentes.

 

Veja o exemplo a seguir:

SÃO: pode ser alguém sadio, um santo ou verbo ser.

O rapaz está são, não sofre de doença alguma.

O São Domingos é o santo da minha devoção.

Eles são privilegiados!

Então: são (sadio), são (santo) e são (verbo ser) = homônimos perfeitos

Tipos de homonímia:

Os homônimos podem ser:

a) Perfeitos – vocábulos que possuem som e grafia iguais (não é parecido, é igual!)

RIO (substantivo e verbo rir)

Eu rio o tempo todo, sou feliz! – verbo “rir”

O Rio está alagado com as chuvas. – substantivo

A cobra é um animal traiçoeiro. – substantivo

Ele cobra o pagamento sempre que vem aqui. – verbo “cobrar”

b) Homófonas – vocábulos que possuem som igual e grafia diferente.

ACENTO (sinal gráfico) / ASSENTO (banco)

O acento da palavra pássaro justifica-se por ser esta uma proparoxítona.

– sinal gráfico

O assento do carro está sujo. - banco

CESTA (baú, balaio) / SEXTA (numeral)

Guarde o material de costura na cesta. – balaio

A advogada de defesa é a sexta na fila. – numeral

c) Homógrafas – vocábulos que possuem grafia igual e som diferente.

ATENÇÃO: para diferenciar aqui, deve-se ficar atento à pronúncia!

SECO (adjetivo) / SECO (verbo secar)

O casaco está seco. – adjetivo de casaco

Eu seco a louça para você. – verbo secar. A pronúncia é aberta = ‘séco’.

 

OLHO (substantivo) / OLHO (verbo olhar)

O olho dele está inflamado. – substantivo

Eu olho para os lados antes de atravessar. – verbo olhar. A pronúncia é aberta = ‘ólho’.

                                                   Atenção

 

Homo = igual

Fonos – fone/som

Gráficas = grafia/escrita

Então...

Homo + gráficas = homógrafas

Iguais na grafia

Homo + fonas = homófonas

Iguais na pronúncia

PARONÍMIA: neste caso, as palavras apresentam grafia e pronúncia semelhantes, apenas parecidas, NÃO iguais, mas significados diferentes.

Vejam os exemplos a seguir:

DESPERCEBIDO (não notado)

DESAPERCEBIDO (despreparado)

O ladrão passou despercebido pelos policiais. – sem ser notado

O policial estava desapercebido na hora do assalto. – despreparado

EMINENTE (ilustre)

IMINENTE (prestes a acontecer)

O eminente cientista foi homenageado pelo presidente. – ilustre e importante.

O fechamento da fábrica é iminente. – está prestes a acontecer.

Para ajudar, analise a lista a seguir:

LISTA DE ALGUNS HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS

Acender – atear fogo / Ascender – subir (HOMÔNIMOS)

Acento – sinal gráfico / Assento – cadeira (HOMÔNIMOS)

Apreçar – tomar preço / Apressar – dar pressa (HOMÔNIMOS)

A cerca de – distância aproximada / Acerca de – a respeito de / Há cerca de – aproximadamente (HOMÔNIMOS)

Aleatório – eventual / Alheatório – que alheia (PARÔNIMOS)

Ao invés de – ao contrário / Em vez de – em lugar de (PARÔNIMOS)

À-toa – ruim / à toa – sem rumo (HOMÔNIMOS)

Assoar – limpar o nariz / Assuar – vaiar (PARÔNIMOS)

Caçar – apanhar animais / Cassar – suspender (HOMÔNIMOS)

 

Cela – cubículo / Sela – arreio (HOMÔNIMOS)

Censo – contagem / Senso – juízo (HOMÔNIMOS)

Cerrar – fechar / Serrar – cortar (HOMÔNIMOS)

Cessão – ato de ceder / Seção – setor / Sessão – atividade / Secção – corte (HOMÔNIMOS)

Cível – relativo ao direito civil / Civil – relativo às relações do cidadão (PARÔNIMOS)

Comprimento – extensão / Cumprimento – saudação (PARÔNIMOS)

Cozer – cozinhar / Coser – costurar (HOMÔNIMOS)

Deferir – conceder / Diferir – diferenciar (PARÔNIMOS)

Descrição – descrever / Discrição – reserva (PARÔNIMOS)

Descriminar – inocentar / Discriminar – separar, diferenciar (PARÔNIMOS)

Despercebido – não visto / Desapercebido – desprevenido (PARÔNIMOS)

Eminente – célebre / Iminente – próximo (PARÔNIMOS)

Emitir – expedir / Imitir – fazer entrar (PARÔNIMOS)

Esperto – inteligente / Experto – perito (HOMÔNIMOS)

Estada – permanência de pessoa / Estadia – permanência para carga e descarga (PARÔNIMOS)

Flagrante – evidente / Fragrante – perfumoso (PARÔNIMOS)

Florescente – florido / Fluorescente – luminoso (PARÔNIMOS)

Incerto – duvidoso / Inserto – inserido (HOMÔNIMOS)

Indefeso – sem defesa / Indefesso – incansável (PARÔNIMOS)

Intimorato – destemido / Intemerato – puro, íntegro (PARÔNIMOS)

Locador – proprietário / Locatário – inquilino (PARÔNIMOS)

Mandado – ato de mandar / Mandato – procuração (PARÔNIMOS)

Prescrever – ficar sem efeito, receitar / Proscrever – expulsar da pátria, suprimir (PARÔNIMOS)

Prover – abastecer / Prever – antever (PARÔNIMOS)

Ratificar – confirmar / Retificar – corrigir (PARÔNIMOS)

Subscritar – assinar, subscrever / Sobrescritar – endereçar (PARÔNIMOS)

Tacha – prego / Taxa – juro (HOMÔNIMOS)

Tapar – fechar / Tampar – cobrir com tampa (PARÔNIMOS)

Vultoso – volumoso, de grande vulto / Vultuoso – rosto vermelho e inchado (PARÔNIMOS)

 

HOMÔNIMOS são os vocábulos que possuem algo em comum, seja a grafia, a pronúncia ou as duas coisas, sendo então homônimos perfeitos.

PARÔNIMOS são os vocábulos que não possuem NADA em comum, são apenas parecidos.

                                DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Em determinados contextos, uma palavra pode ser usada no seu sentido próprio, real ou não (figurado).

SENTIDO DENOTATIVO: é o sentido próprio, real da palavra, o sentido encontrado no dicionário. É a linguagem comum, objetiva, científica.

Exemplo: - O leão é um animal feroz.

- leão = animal (sentido próprio, verdadeiro).

SENTIDO CONOTATIVO: é a palavra usada não no seu sentido esperado, mas de forma figurada. É a linguagem poética, literária, diferente da linguagem comum.

Exemplo: - Aquele homem é um leão.

- leão = pessoa forte, brava (sentido figurado, irreal).

Para ilustrar com mais exemplos, vou marcar C para sentido conotativo e D para sentido denotativo nas frases a seguir:

(_____C_____) Meu pai é meu espelho.

(_____D_____) Quebrei o espelho do banheiro.

(_____C_____) Essa menina tem um coração de ouro.

(_____C_____) A Praça da Sé fica no coração de São Paulo.

(_____D_____) Fez um transplante de coração.

(_____C_____) Você é mesmo mau: tem um coração de pedra.

(_____C_____) Para vencer a guerra era preciso alcançar o coração do país.

(_____C_____) Completou vinte primaveras.

(_____D_____) Na primavera, os campos florescem.

(_____C_____) O leão procurou o gerente da Metro.

(_____D_____) O metro é uma unidade de comprimento.

(_____C_____) Estava tudo em pé de guerra.

(_____D_____) Ela estava com os pés inchados.

(_____C_____) É órfão de afeto.

(_____D_____) Muito cedo ele ficou órfão de pai.

(_____D_____) Caíram da escada.

(_____C_____) O leão caiu num sono profundo.

Pavio do destino

Sérgio Sampaio

 O bandido e o mocinho

São os dois do mesmo ninho

Correm nos estreitos trilhos

 Lá no morro dos aflitos

Na Favela do Esqueleto

São filhos do primo pobre

(...)

O mocinho agora amarga

 Um bando, uma quadrilha

São os dois da mesma safra

Os dois são da mesma ilha

 Dois meninos pelo avesso

Dois perdidos Valentinos

Quem viu o pavio aceso do destino?

                                                                                                Polícia Civil/DF/2015

Os termos “ninho” (v.2) e “safra” (v.35) foram empregados em sentido denotativo e correspondem, respectivamente, ao local e à época de nascimento dos meninos.

Comentário: temos aqui uma questão muito interessante sobre uso DENOTATIVO de duas palavras. Já vimos que “denotação” significa exatamente aquilo que está no dicionário, o sentido literal da palavra. Vejamos, então: “ninho” é o lugar construído pelos pássaros para que os filhotes possam nascer e “safra” significa a colheita, sendo assim, não correspondem à realidade literal dos meninos, pois não nasceram de um “ninho” e nem de uma “safra”. Logo, estes termos foram usados no sentido conotativo, ou seja, no sentido literário.

GABARITO: ERRADO.

                                        FIGURAS DE LINGUAGEM

Existe uma parte da Língua Portuguesa que estuda os processos de manipulação da linguagem que permitem a quem fala ou escreve sugerir conteúdos emotivos e intuitivos por meio das palavras. Além disso, estabelece princípios capazes de explicar as escolhas particulares feitas por indivíduos e grupos sociais no que se refere ao uso da língua conotativa, ou seja, figurada.

A seguir, as principais figuras de estilo em ordem alfabética, trata-se daquelas que mais aparecem em provas de concurso:

1 - Anacoluto- interrupção na sequência lógica da oração deixando um termo solto, sem função sintática.

Ex.: Mulheres, como viver sem elas?

2 - Anáfora- repetição de palavras.

Ex.: Ela trabalha, ela estuda, ela é mãe, ela é pai, ela é tudo!

3 - Antonomásia - substituição do nome próprio por qualidade, ou característica que o distinga. É o mesmo que apelido, alcunha ou cognome.

Exemplos:

Xuxa (Maria das Graças)

O Gordo (Jô Soares)

4 - Antítese - aproximação de ideias, palavras ou expressões de sentidos opostos.

Ex.: Os bobos e os espertos convivem no mesmo espaço.

5 - Apóstrofo ou invocação - invocação ou interpelação de ouvinte ou leitor, seres reais ou imaginários, presentes ou ausentes.

Exemplos:

Mulher, venha aqui!

Ó meu Deus! Mereço tanto sofrimento?

6 - Assíndeto - ausência da conjunção aditiva entre palavras da frase ou orações de um período. Essas aparecem justapostas ou separadas por vírgulas.

Ex.: Nasci, cresci, morri.

(em lugar de: Nasci, cresci e morri.)

7 - Catacrese - metáfora tão usada que perdeu seu valor de figura e se tornou cotidiana, não representando mais um desvio. Isso ocorre pela inexistência das palavras mais apropriadas. Surge da semelhança da forma ou da função de seres, fatos ou coisas.

Exemplos: céu da boca; cabeça de prego; asa da xícara; dente de alho.

8 - Comparação ou símile - aproximação de dois elementos pela sua semelhança. Conectivos comparativos são usados: como, feito, tal qual, que nem...

Ex.: Aquela criança era delicada como uma flor.

9 - Elipse - omissão de palavras ou orações que ficam subentendidas.

Ex.: Marta trabalhou durante vários dias e ele, (trabalhou) durante horas.

10 - Eufemismo - atenuação de algum fato ou expressão com objetivo de amenizar alguma verdade triste, chocante ou desagradável.

Ex.: Ele foi desta para melhor.

(Evitando dizer: Ele morreu.)

11 - Hipérbole - exagero proposital com objetivo expressivo.

Ex.: Estou morrendo de cansada.

12 - Ironia - forma intencional de dizer o contrário da ideia que se pretendia exprimir de forma sarcástica ou depreciativa.

Ex.: Que belo presente de aniversário! Minha casa foi assaltada.

13 - Metáfora - é um tipo de comparação em que o conectivo está subentendido. O segundo termo é usado com o valor do primeiro.

Ex.: Aquela criança é uma flor.

14 - Metonímia - uso de uma palavra no lugar de outra que tem com ela alguma proximidade de sentido.

A metonímia pode ocorrer quando usamos:

a - o autor pela obra

Ex.: Nas horas vagas, lê Machado.

(a obra de Machado de Assis)

b - o continente pelo conteúdo

Ex.: Conseguiria comer toda a marmita.

Comeria a comida (conteúdo) e não a marmita (continente)

c - a causa pelo efeito e vice-versa

Ex.: A falta de trabalho é a causa da desnutrição naquela comunidade.

A fome gerada pela falta de trabalho que causa a desnutrição.

d - o lugar pelo produto feito no lugar

Ex.: O Porto é o mais vendido naquela loja.

O nome da região onde o vinho é fabricado.

e - a parte pelo todo

Ex.: Deparei-me com dois lindos pezinhos chegando.

Não eram apenas os pés, mas a pessoa como um todo.

f - a matéria pelo objeto

Ex.: A porcelana chinesa é belíssima.

Porcelana é a matéria dos objetos.

g - a marca pelo produto

Ex.: - Gostaria de um pacote de BomBril, por favor.

BomBril é a marca, o produto é esponja de lã de aço.

h - concreto pelo abstrato e vice-versa

Ex.: Carlos é uma pessoa de bom coração.

Coração (concreto) está no lugar de sentimentos (abstrato).

15 - Onomatopeia – uso de palavras que imitam sons ou ruídos.

Ex.: Psiu! Venha aqui!

16 - Paradoxo ou oxímoro - Aproximação de palavras ou ideias de sentido oposto em apenas uma figura.

Ex.: "Estou cego e vejo. Arranco os olhos e vejo." (Carlos Drummond de Andrade)

17 - Personificação, prosopopeia ou animismo – atribuição de características humanas a seres inanimados, imaginários ou irracionais.

Ex.: A vida ensinou-me a ser humilde.

18 - Pleonasmo ou redundância - repetição da mesma ideia com objetivo de realce. A redundância pode ser positiva ou negativa. Quando é proposital, usada como recurso expressivo, enriquecerá o texto:

Ex.: Posso afirmar que escutei com meus próprios ouvidos aquela declaração fatal.

Quando é inconsciente, chamada de “pleonasmo vicioso”, empobrece o texto, sendo considerado um vício de linguagem: Irá reler a prova de novo.

Outros: subir para cima; entrar para dentro; monocultura exclusiva; hemorragia de sangue.

19 - Polissíndeto - repetição de conjunções (síndetos).

Ex.: Estudou e casou e trabalhou e trabalhou...

20 - Silepse - concordância com a ideia, não com a forma.

Ex.: Os brasileiros (3ª pessoa) somos (1ª pessoa) massacrados – Silepse de pessoa.

Vossa Santidade (fem.) será homenageado (masc.) – Silepse de gênero.

Havia muita gente (sing.) na rua, corriam (plur.) desesperadamente – Silepse de número.

21 - Sinestesia - mistura das sensações em uma única expressão.

Ex.: Aquele choro amargo e frio me espetava.

Mistura de paladar (amargo) e tato (frio, espetava)

Através de grossas portas,

sentem-se luzes acesas,

— e há indagações minuciosas

dentro das casas fronteiras:

olhos colados aos vidros,

mulheres e homens à espreita,

caras disformes de insônia,

vigiando as ações alheias.

Pelas gretas das janelas,

pelas frestas das esteiras,

agudas setas atiram

a inveja e a maledicência.

Palavras conjeturadas

oscilam no ar de surpresas,

como peludas aranhas

na gosma das teias densas,

rápidas e envenenadas,

engenhosas, sorrateiras.

 

Atrás de portas fechadas,

à luz de velas acesas,

brilham fardas e casacas,

junto com batinas pretas.

E há finas mãos pensativas,

entre galões, sedas, rendas,

e há grossas mãos vigorosas,

de unhas fortes, duras veias,

e há mãos de púlpito e altares,

de Evangelhos, cruzes, bênçãos.

Uns são reinóis, uns, mazombos;

e pensam de mil maneiras;

mas citam Vergílio e Horácio,

e refletem, e argumentam,

falam de minas e impostos,

de lavras e de fazendas,

de ministros e rainhas

e das colônias inglesas.

 

Atrás de portas fechadas,

à luz de velas acesas,

uns sugerem, uns recusam,

uns ouvem, uns aconselham.

Se a derrama for lançada,

há levante, com certeza.

Corre-se por essas ruas?

Corta-se alguma cabeça?

Do cimo de alguma escada,

profere-se alguma arenga?

Que bandeira se desdobra?

Com que figura ou legenda?

Coisas da Maçonaria,

do Paganismo ou da Igreja?

A Santíssima Trindade?

Um gênio a quebrar algemas?

Atrás de portas fechadas,

à luz de velas acesas,

entre sigilo e espionagem,

acontece a Inconfidência.

E diz o Vigário ao Poeta:

"Escreva-me aquela letra

do versinho de Vergílio..."

E dá-lhe o papel e a pena.

E diz o Poeta ao Vigário,

com dramática prudência:

"Tenha meus dedos cortados

antes que tal verso escrevam..."

LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,

ouve-se em redor da mesa.

E a bandeira já está viva,

e sobe, na noite imensa.

E os seus tristes inventores

já são réus — pois se atreveram

a falar em Liberdade

(que ninguém sabe o que seja).

 

Através de grossas portas,

sentem-se luzes acesas,

— e há indagações minuciosas

dentro das casas fronteiras.

 "Que estão fazendo, tão tarde?

Que escrevem, conversam, pensam?

Mostram livros proibidos?

Lêem notícias nas Gazetas?

Terão recebido cartas

de potências estrangeiras?"

(Antiguidades de Nimes

em Vila Rica suspensas!

Cavalo de La Fayette

saltando vastas fronteiras!

Ó vitórias, festas, flores

das lutas da Independência!

Liberdade - essa palavra,

que o sonho humano alimenta:

que não há ninguém que explique,

e ninguém que não entenda!)

E a vizinhança não dorme:

murmura, imagina, inventa.

Não fica bandeira escrita,

mas fica escrita a sentença.      

                                                 "Romanceiro da Inconfidência", Editora Letras e Artes - Rio de Janeiro, 1965, pág. 70.

 

(Instituto Rio Branco/2011/Diplomata/Cespe) Nos dois primeiros versos, o eu lírico alude ao sigilo dos inconfidentes por meio de paradoxo e sinestesia.

 

Comentário: Paradoxo é a figura que marca uma contradição, ou seja, que aproxima duas ideias de sentidos opostos. Observem que as expressões “através de grossas portas” e “sentem-se luzes acessas” marcam o seguinte paradoxo: como é possível ver as luzes através de grossas portas?

A sinestesia também está presente nos dois primeiros versos, já que houve mistura de sentidos (tato e visão), o eu lírico sente algo que na verdade é visto, as luzes.

GABARITO: CERTO

 
                                                                   
                           

                                        NÍVEIS DE FORMALIDADE

Todos os dias nós estamos em contato com um grande número de textos falados e escritos. Tais textos são escolhidos para cada situação de uso, dependendo do objetivo, do interlocutor, do tipo de mensagem que se pretende passar.

Como exemplo, a situação em que um colega de trabalho precisa deixar escrito, para outro colega, que não irá voltar ao trabalho depois do almoço. Qual gênero deve ser escolhido para isso? Um bilhete? Possivelmente. A linguagem deverá ser informal, já que são colegas de trabalho de mesma hierarquia. Tal mensagem poderia ser enviada pelos meios virtuais, não é? Uma mensagem pela internet (WhatsApp, por exemplo) resolveria o problema.

É assim que escolhemos os textos e o nível de formalidade que usamos diariamente. Se a mensagem do exemplo fosse direcionada ao diretor da empresa ou ao gerente, com certeza deveria ser mais formal, tanto no uso da linguagem quanto na escolha do gênero.

Sobre níveis de formalidade, vamos trabalhar um pouco mais.

Níveis de linguagem (formal / informal)

Devido ao caráter individual da linguagem, é possível observar o seguinte:

Nível coloquial-popular: é a fala/escrita que a maioria das pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente em situações informais. Esse nível é mais espontâneo. Ao utilizá-lo, não nos preocupamos em saber se falamos de acordo ou não com as regras formais estabelecidas pela língua.

 

Nível formal-culto: é o nível normalmente utilizado pelas pessoas em situações formais. Caracteriza-se por um cuidado maior com o vocabulário e pela obediência às regras gramaticais estabelecidas pela língua.

 

É verdade que quase todo mundo tem suas preferências, detesta algumas construções, prefere a pronúncia de alguma região etc. Mas o linguista precisa manter uma  atitude científica, com atenção constante às realidades da língua e total respeito por elas. Se ele verifica que as pessoas dizem frases como “Se você ver ela, fala com ela pra me  telefonar”, precisa reconhecer essa construção como legítima na língua. Por outro lado, em um texto escrito, ele provavelmente encontraria outra frase, que igualmente precisa  ser reconhecida. As duas coexistem, cada qual no seu contexto. O linguista, cientista da linguagem, observa a língua como ela é, não como algumas pessoas acham que ela deveria ser.  Condenar uma construção ou uma palavra ocorrente como incorreta é mais ou menos como decretar que é “errado” que aconteçam terremotos. Eles acontecem, e um cientista não tem  remédio senão reconhecer os fatos. O objetivo dos linguistas é descrever e explicar, e não, prescrever formas certas e proibir formas erradas. Para nós, “certo” é aquilo que ocorre na língua.

                                   Mário A. Perini. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2010, p. 20-1 (com adaptações).

(Câmara dos Deputados/2012/Cespe) De acordo com o texto, em uma análise científica de construções linguísticas, deve ser considerada a adequação à situação em que tais construções foram empregadas.

Comentário: O que afirma a questão está absolutamente certo e reforça o que estamos estudando no momento. Cada situação de uso, cada contexto “merece” a forma de linguagem mais adequada. Em situações informais, a forma coloquial “se você ver ela” pode ser aceitável, pois é reconhecida como uso legítimo da língua, assim como também é legítima a reescrita formal: Caso a veja.

GABARITO: CERTO.

                                  O CONCEITO DE ERRO EM LÍNGUA

Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos de ortografia. O que normalmente se comete são transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele falar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride a norma culta.

Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um banquete trajando bermuda e chinelo ou quanto um banhista que, numa praia, vai vestido de fraque e cartola.

Vale considerar, então, o momento do discurso, que pode ser íntimo, neutro ou solene.

O momento íntimo é o das liberdades da fala/escrita. No recesso do lar, na fala entre amigos, parentes, namorados etc., portanto são consideradas perfeitamente normais construções do tipo:

Eu não vi ela hoje.

Ninguém deixou ele falar.

Deixe eu ver isso!

Eu te amo, sim, mas não abuse!

Não assisti o filme nem vou assisti-lo.

Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.

Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a norma culta, deixando mais livres os interlocutores.

O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se alteram:

Eu não a vi hoje.

Ninguém o deixou falar.

Deixe-me ver isso!

Eu te amo, sim, mas não abuses!

Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.

Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.

Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgressões da norma culta na escrita ou na boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço à causa do ensino.

O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poética, caracterizado por construções de rara beleza.

Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico, registro de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda que não tenha amparo gramatical.

Exemplos:

Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)

Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)

Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos dispersar e Não vamos dispersar-nos.)

Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de sair daqui bem depressa.)

O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no seu posto.)

Têxtil, que significa rigorosamente que se pode tecer, em virtude do seu significado, não poderia ser adjetivo associado a indústria, já que não existe indústria que se pode tecer. Hoje, porém, temos não só a indústria têxtil como também o operário têxtil, em lugar de indústria de fibra têxtil e de operário da indústria de fibra têxtil.

As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos linguísticos, já que só ocorrem hoje porque a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou para que fossem arcaizadas as formas então legítimas impido, despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de usar.

                 

 

A gíria

Ao contrário do que muitos pensam, a gíria não constitui um flagelo da linguagem. Quem, um dia, já não usou bacana, dica, cara, chato, cuca, esculacho? O mal maior da gíria reside na sua adoção como forma permanente de comunicação, desencadeando um processo não só de esquecimento, como de desprezo do vocabulário oficial. Usada no momento certo, porém, a gíria é um elemento de linguagem que denota expressividade e revela grande criatividade, desde que, naturalmente, adequada à mensagem, ao meio e ao receptor. Note, porém, que estamos falando em gíria, e não em calão. Ainda que criativa e expressiva, a gíria só é admitida na língua falada. A língua escrita não a tolera, a não ser na reprodução da fala de determinado meio ou época, com a visível intenção de documentar o fato, ou em casos especiais de comunicação entre amigos, familiares, namorados etc., caracterizada pela linguagem informal.

A língua que falamos, seja qual for (português, inglês...), não é uma, são várias. Tanto que um dos mais eminentes gramáticos brasileiros, Evanildo Bechara, disse a  respeito: “Todos temos de ser poliglotas em nossa própria língua”. Qualquer um sabe que não se deve falar em uma reunião de trabalho como se falaria em uma mesa de bar. A  língua varia com, no mínimo, quatro parâmetros básicos: no tempo (daí o português medieval, renascentista, do século XIX, dos anos 1940, de hoje em dia); no espaço (português lusitano,  brasileiro e mais: um português carioca, paulista, sulista, nordestino); segundo a escolaridade do falante (que resulta em duas variedades de língua: a escolarizada e a não escolarizada)  e finalmente varia segundo a situação de comunicação, isto é, o local em que estamos, a pessoa com quem falamos e o motivo da nossa comunicação ― e, nesse caso, há, pelo menos, duas  variedades de fala: formal e informal.

A língua é como a roupa que vestimos: há um traje para cada ocasião. Há situações em que se deve usar traje  social, outras em que o mais adequado é o casual, sem falar nas situações em que se usa maiô ou mesmo nada, quando se toma banho. Trata-se de normas indumentárias que pressupõem um uso “normal”. Não é proibido ir à praia de terno, mas não é normal, pois causa estranheza.

A língua funciona do mesmo modo: há uma norma  para entrevistas de emprego, audiências judiciais; e outra para a comunicação em compras no supermercado. A norma culta é o padrão de linguagem que se deve usar em situações formais.

A questão é a seguinte: devemos usar a norma culta em todas as situações? Evidentemente que não, sob pena de parecermos pedantes. Dizer “nós fôramos” em vez de “a gente  tinha ido” em uma conversa de botequim é como ir de terno à praia. E quanto a corrigir quem fala errado? É claro que os pais devem ensinar seus filhos a se expressar corretamente, e o  professor deve corrigir o aluno, mas será que temos o direito de advertir o balconista que nos cobra “dois real” pelo cafezinho?

                                                                                                                                            Língua Portuguesa. Internet: (com adaptações).

01. (FUB – 2015 - Conhecimentos Gerais – CESPE) Depreende-se do texto que a língua falada não é uma, mas são várias porque, a depender da situação, o falante pode se expressar com maior ou menor formalidade.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário: Depreender do texto é o mesmo que entender a partir dele. Sendo assim, o que se depreende do texto é exatamente o que afirma a assertiva: a língua falada não é uma, mas são várias porque, a depender da situação, o falante pode se expressar com maior ou menor formalidade. Comprova-se isso no seguinte trecho das linhas 4 e 5, entre outros: “Todos temos de ser poliglotas em nossa própria língua”.

GABARITO: CERTO

 

A votação paralela é um mecanismo adotado pela justiça eleitoral para confirmar a credibilidade do sistema de voto eletrônico. Na véspera da eleição, em cada um dos vinte e sete tribunais regionais eleitorais (TREs), são sorteadas uma seção da capital e de duas a quatro seções do interior em cada estado e no Distrito Federal (DF) para a cessão de urnas a serem testadas.

Logo a seguir, os equipamentos são retirados dos seus locais de origem e levados, ainda no sábado, para as sedes dos TREs, onde permanecem sob vigilância.

Na semana que antecede o dia da votação, representantes de partidos políticos são convocados pelos TREs para preencherem certa quantidade de cédulas de votação. Esses votos em cédulas são depositados em urnas de lona lacradas.

Na votação paralela, o conteúdo das cédulas é digitado nas urnas eletrônicas sorteadas. Ao final, confrontam-se os resultados do boletim das urnas eletrônicas com aqueles obtidos no computador.

Os juízes eleitorais, após serem informados pelos magistrados dos TREs de que urnas de sua seção foram sorteadas, providenciam a substituição dos equipamentos por outros do estoque de reserva.

Em cada estado e no DF, há uma comissão de votação paralela para cuidar da organização e condução dos trabalhos, composta por um juiz de direito e quatro servidores da justiça eleitoral.

Por dentro da urna. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 2010, 2.a ed., rev. e atual., p. 15-16. Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

02. (TRE-GO – 2015 – Analista – CESPE) a assertiva a seguir deve ser julgada certa se estiver gramaticalmente correta e mantiver o sentido do texto, ou errada, em caso contrário.

“A votação paralela (...) de voto eletrônico” (l. de 1 a 3): O mecanismo adotado pela justiça eleitoral para confirmar a credibilidade do sistema de voto eletrônico é chamado de votação paralela.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário: muita atenção!

O texto original traz o seguinte: “A votação paralela é um mecanismo adotado pela justiça eleitoral para confirmar a credibilidade do sistema de voto eletrônico”. A banca propõe que: “A votação paralela (...) de voto eletrônico” (l. de 1 a 3): O mecanismo adotado pela justiça eleitoral para confirmar a credibilidade do sistema de voto eletrônico é chamado de votação paralela. Trocar o pronome indefinido “um” pelo definido “o” altera o sentido do que está sendo afirmado restringindo a ideia original. A votação paralela ser UM mecanismo adotado (significa que existem outras opções) é diferente de ser O mecanismo adotado (significa que é a única opção, algo específico).

GABARITO: ERRADO

03. (TRE-GO – 2015 – Analista – CESPE) Ainda com base no texto da questão anterior, julgue a reescrita a seguir: “são sorteadas (...) e no Distrito Federal (DF)” (l. de 4 a 6): é sorteada uma seção da capital e entre duas e quatro seções do interior em cada estado e no Distrito Federal (DF).

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário: precisamos aqui de um pouco de interpretação, mas é simples:

A questão diz: “entre duas e quatro seções...” Isso quer dizer o mesmo que "duas a quatro seções", conforme está no texto. A concordância também está correta: “são sorteadas (...) e no Distrito Federal (DF)” (l. de 4 a 6): é sorteada uma seção da capital e entre duas e quatro seções do interior em cada estado e no Distrito Federal (DF).

GABARITO: CERTO

04. (TRE-GO – 2015 – Analista – CESPE) Ainda com base no texto da questão 02, julgue a reescrita a seguir: “Logo a seguir, (...) sob vigilância” (l. de 8 a 10): Em seguida, retiram-se os equipamentos dos seus locais de origem e levam-se, ainda no sábado, para as sedes dos TREs, onde as quais permanecem sob vigilância.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário: o trecho da reescrita que apresenta problema é “onde as quais permanecem sob vigilância”. O “as” não está fazendo concordância com o termo ao qual se refere, que é “equipamentos”. O que permanece sobre vigilância? Os equipamentos. O correto seria: os quais.

GABARITO: ERRADO

05. (TRE-GO – 2015 – Analista – CESPE) Ainda com base no texto da questão 02, julgue a reescrita a seguir: “Na semana (...) cédulas de votação” (l. de 11 a 14): Na semana precedente ao dia do sufrágio, os TREs convocam representantes de partidos políticos para preencher determinada quantidade de cédulas de votação.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário: semanticamente a reescrita está perfeita, pois “precedente” é sinônimo de “antecedente” e “sufrágio” de “votação”.

Vejamos o trecho original: ”Na semana que antecede o dia da votação, representantes de partidos políticos são convocados pelos TREs para preencherem certa quantidade de cédulas de votação.” Em relação à correção gramatical, também se verifica tudo correto: tanto o texto quanto a sua reescrita são demarcados por uma vírgula logo após a primeira oração, indicando que esta é subordinada adverbial de tempo. Na segunda oração, houve uma modificação na ordem do sujeito, que antes era paciente, passando a objeto direto na reescrita. A mudança na flexão do verbo infinitivo, presente na terceira oração, foi feita adequadamente, pois, quando o sujeito de um verbo no infinitivo pessoal estiver numa oração principal e no plural, o infinitivo pode ficar no singular ou ser flexionado no plural.

GABARITO: CERTO

06. (TRE-GO – 2015 – Analista – CESPE) Ainda com base no texto da questão 02, julgue a reescrita a seguir: “Na votação paralela, (...) nas urnas eletrônicas sorteadas” (l. 16 e 17): Na votação paralela, o conteúdo das cédulas são digitados nas urnas eletrônicas sorteadas.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário: na reescrita proposta pela banca, encontra-se um erro de concordância. O núcleo do sujeito do verbo “ser” é “conteúdo”, portanto o verbo deve ficar no singular concordando com ele.

GABARITO: ERRADO.

07. (TRE-GO – 2015 – Analista – CESPE) Ainda com base no texto da questão 02, julgue a reescrita a seguir: “Os juízes eleitorais (...) estoque de reserva” (l. de 20 a 23): Os juízes eleitorais, após serem informados pelos magistrados dos TREs de que urnas de sua seção foram sorteadas, procedem à substituição dos equipamentos por outros do estoque de reserva.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário: essa questão trabalha a reescrita com base na regência verbal.

No texto original, o verbo em questão é “providenciar”, transitivo direto. Já na reescrita foi usado o verbo “proceder”, havendo necessidade da crase, pois o verbo proceder, no contexto do item, está no sentido de dar início, executar, sendo assim, rege a preposição “a”. Tudo está correto: “procedem à substituição dos equipamentos por outros do estoque de reserva.”.

GABARITO: CERTO

08. (TRE-GO – 2015 – Analista – CESPE) Ainda com base no texto da questão 02, julgue a reescrita a seguir: “Em cada estado (...) da justiça eleitoral” (l. de 24 a 27): Para cuidar da organização e condução dos trabalhos de cada estado há uma comissão de votação paralela, as quais são compostas por um juiz de direito e quatro servidores da justiça eleitoral.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário: podemos perceber erro semântico e sintático. Na reescrita temos que há uma comissão para cuidar dos trabalhos de cada estado, e no texto original fala que em cada estado e no DF há uma comissão. Observe outros erros, agora na parte sintática: a ausência de vírgula após o substantivo estado: “para cuidar da organização e condução dos trabalhos de cada estado, (vírgula obrigatória por se tratar de deslocamento longo) há uma comissão de votação paralela, as quais (errado, pois o termo correto seria a qual, retomando "uma comissão") são compostas (errado, o certo seria " é composta" para concordar com o pronome relativo a qual) por um juiz de direito e quatro servidores da justiça eleitoral”.

GABARITO: ERRADO

 

O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e culturais de  todos os Estados e sociedades. Suas consequências infligem considerável prejuízo às nações do mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam por todos os cantos da sociedade e por todos os espaços geográficos, afetando homens e mulheres de diferentes grupos étnicos, independentemente de classe social e econômica ou mesmo de idade. Questão de  relevância na discussão dos efeitos adversos do uso indevido de drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos — geralmente de caráter transnacional — com  a criminalidade e a violência. Esses fatores ameaçam a soberania nacional e afetam a estrutura social e econômica interna, devendo o governo adotar uma postura firme de  combate ao tráfico de drogas, articulando-se internamente e com a sociedade, de forma a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de prevenção e repressão e garantir o envolvimento e a aprovação dos cidadãos. 

                                                                                                        Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>.

 

 

 

 

09. (Polícia Federal – 2014 – Agente de Polícia – CESPE) A forma verbal “infligem” (L.4) está empregada no texto com o mesmo sentido que está empregada na seguinte frase: Os agentes de trânsito infligem multas aos infratores.

( ) CERTO

( ) ERRADO

 

Comentário: o verbo “infligir” não possui o mesmo sentido nos dois casos (texto e enunciado):

"Os agentes de trânsito infligem multas aos infratores." = 1. Cominar, ou aplicar (pena, castigo, repreensão).

"Suas consequências infligem considerável prejuízo às nações do mundo inteiro..." = 2. Causar, ou produzir (dano, incômodo, prejuízo).

GABARITO: ERRADO

 

A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações Filipinas, um código legal que se aplicava a Portugal e seus territórios ultramarinos. Com todas as letras, as Ordenações Filipinas asseguravam ao marido o direito de matar a mulher caso a apanhasse em adultério. Também podia matá-la por meramente suspeitar de traição. Previa-se um único caso de punição: sendo o marido traído um “peão” e o amante de sua mulher uma “pessoa de maior qualidade”, o assassino poderia ser condenado a três anos de desterro na África.

No Brasil República, as leis continuaram reproduzindo a ideia de que o homem era superior à mulher. O Código Civil de 1916 dava às mulheres casadas o status de “incapazes”. Elas só podiam assinar contratos ou trabalhar fora de casa se tivessem a autorização expressa do marido. Há tempos, o direito de matar a mulher, previsto pelas Ordenações Filipinas, deixou de valer. O machismo, porém, sobreviveu nos tribunais. O Código Penal de 1890 livrava da condenação quem matava “em estado de completa privação de sentidos”. O atual Código Penal, de 1940, abrevia a pena dos criminosos que agem “sob o domínio de violenta emoção”. Os “crimes passionais” — eufemismo para a covardia — encaixam-se à perfeição nessas situações. Em outra bem-sucedida tentativa de aliviar a responsabilidade do homem, os advogados inventaram o direito da “legítima defesa da honra”.

O machismo é uma praga histórica. Não se elimina da noite para o dia. A criação da Lei Maria da Penha, em 2006, em que se previu punição para quem agride e mata mulheres, foi um primeiro e audacioso passo. O segundo passo contra o machismo é a educação.

                                                                                                                                                 Fonte: www.senado.gov.br

10. (TJ/SE – 2014 – Todos os cargos – CESPE) Sem prejuízo da correção gramatical e do sentido original do texto, o terceiro período do primeiro parágrafo poderia ser reescrito da seguinte forma: Também era possível que o marido matasse a esposa pela mera suspeita de traição da parte dela.

( ) CERTO

( ) ERRADO

 

Comentário: o problema da reescrita é a ambiguidade que está presente nela. No trecho "suspeita de traição da parte dela", é possível concluir: que ela suspeita de traição (a suspeita é dela) ou que a traição foi dela (partiu dela). Sendo assim, a questão fica ERRADA, pois, no caso da interpretação da esposa suspeitar de traição, o sentido original do texto estaria alterado.

 

GABARITO: ERRADO

 

 

Em vinte e poucos anos, a Internet deixou de ser um ambiente virtual restrito e transformou-se em fenômeno mundial. Atualmente, há tantos computadores e dispositivos  conectados à Internet que os mais de quatro bilhões de endereços disponíveis estão praticamente esgotados. Por essa razão, a rede mundial concentra as atenções não só das pessoas  e de governos, mas também movimenta um enorme contingente de empresas de infraestrutura de telecomunicações e de empresas de conteúdo. Pela Internet são compradas passagens  aéreas, entradas de cinema e pizzas; acompanham-se as notícias do dia, as ações do governo, os gols e os capítulos das novelas; e são postadas as fotos da última viagem, além de serem  comentados os últimos acontecimentos do grupo de amigos.

No entanto, junto com esse crescimento do mundo virtual, aumentaram também o cometimento de crimes e outros  desconfortos que levaram à criação de leis que criminalizam determinadas práticas no uso da Internet, tais como invasão a sítios e roubo de senhas. 

 Devido ao aumento dos problemas motivados pela digitalização das relações pessoais, comerciais e governamentais, surgiu a necessidade de se regulamentar o uso  da Internet.

                                                                                                                                   Internet: <www.camara.leg.br> (com adaptações).

11. (TJ/SE – 2014 – Todos os cargos – CESPE) Depreende-se da leitura do texto que a criação de leis que criminalizam práticas relacionadas ao uso da Internet e a discussão acerca da necessidade de regulamentação do uso da Internet são respostas ao crescimento dos problemas advindos da expansão do mundo virtual.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário: a fundamentação da questão está nos dois últimos parágrafos do texto, nos quais fica bem claro o que se afirma adequadamente no enunciado.

GABARITO: CERTO

 

A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor.

“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir de caminho não apenas para a vida, que ela serve de perto, mas para a literatura, como dizem os quatro cronistas deste livro na linda introdução ao primeiro volume da série. Por meio dos assuntos, da composição solta, do ar de coisa sem necessidade que costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo o dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permite, como compensação sorrateira, recuperar com a outra mão certa profundidade de significado e certo acabamento de forma, que de repente podem fazer dela uma inesperada embora discreta candidata à perfeição.

                             Antônio Cândido. A vida a réis do chão. In: Recortes. São paulo. Companhia das letras 1993,p.23 (com adaptações).

12. (Instituto Rio Branco – 2014 – Diplomata – CESPE) No trecho “Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso modo de ser mais natural” (l.12-14), o autor indica que a crônica e a linguagem falada é a que consegue a mais perfeita comunicação literária. ( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário:

Alunos, vamos atentar para os seguintes fatos: o enunciado afirma que a crônica é o gênero que consegue a mais perfeita comunicação literária. O texto apenas apresenta o seguinte: "que de repente podem fazer dela (a crônica) uma inesperada, embora discreta, candidata à perfeição". Os termos grifados por mim indicam a POSSIBILIDADE de a crônica ser o que o enunciado diz, porém, em nenhuma parte do texto há uma afirmativa que aponte tal constatação.

GABARITO: ERRADO

 

Robustecer os orçamentos da educação e da saúde constitui sonho acalentado por brasileiros, independentemente de opção partidária ou credo religioso. As duas áreas — os  mais dolorosos problemas que dificultam a marcha do país rumo ao desenvolvimento sustentável — clamam por melhorias urgentes. Não é outra a razão por que milhares de  pessoas ocuparam as ruas das mais importantes unidades da Federação exigindo escolas e hospitais padrão FIFA.

                                                                                                    Correio Braziliense, 18/8/2013 (com adaptações).

13. (FUB - 2013 – Administração – CESPE) A expressão “padrão FIFA” (l.8) está sendo empregada com o sentido de qualidade excelente.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário: "padrão FIFA" foi usado no sentido conotativo (sentido figurado), significando "qualidade excelente".

GABARITO: CERTO

 

O boom de mineração despertou o apetite dos países donos de reservas, não importa a linha política de seus governos.

No Peru, onde metade da arrecadação depende do extrativismo, a moderada gestão de Ollanta Humala dobrou em 2011 a cobrança de royalties para até 6%. Na Tanzânia, quarto  maior produtor de ouro da África, o governo do Partido Revolucionário baixou uma nova lei de mineração em 2010 e elevou de 3% para 4% os royalties dos metais preciosos.  A Índia, democracia mais populosa, subiu para 10% os royalties da mineração em 2009. A China, regime autoritário mais populoso, aumentou os impostos em 2011.

O ministro das Finanças de Quebec, maior província do Canadá, convocou as mineradoras para uma reunião em março para rever a taxação, sob o argumento de que “o  mercado de minerais não é o que era há dez anos” e de que é necessário “maximizar os benefícios” à população.

                                                                                                                                        Internet: <www.fazenda.gov.br> (com adaptações).

14. (CPRM – 2013 – Técnico em Geociências) Em virtude das características exclusivamente dissertativo-argumentativas do texto, o emprego de expressões em sentido metafórico, como “despertou o apetite” (l.1), deveria ter sido evitado.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário: a expressão “despertou o apetite” foi usada no início do texto em sentido figurado e em nada compromete um texto dissertativo-argumentativo, pelo contrário, dá expressividade ao texto, muitas vezes reforçando a persuasão do interlocutor. Outro problema está em dizer que se trata de uma metáfora, quando é um caso de personificação.

Metáfora é uma comparação implícita (sem um elemento comparativo): Ex. Ela é uma flor! Comparou-se a beleza e delicadeza de alguém com a de uma flor.

Personificação é dar características (sentimentos ou ações) humanas a seres NÃO humanos.

Ex. O céu sorriu para mim.

O céu não sorri!

Ex. “O boom ... despertou o apetite dos países” – do texto.

País não tem apetite!

GABARITO: ERRADO

 

Hoje, o petróleo e o carvão são responsáveis pela maior parte da geração de energia no mundo e há poucas perspectivas de mudanças da matriz energética mundial, em um futuro próximo.

Sabe-se que o processo de combustão de combustíveis fósseis atualmente empregado é bastante ineficiente e é perdida boa parte da energia gerada. Relativamente ao petróleo, enquanto uma revolução tecnológica na área de energia não chega, busca-se conhecer melhor essa matéria-prima e trabalha-se para torná-la mais eficiente.

No fim do século XIX, o aumento da procura do petróleo decorreu principalmente da necessidade de querosene para iluminação em substituição ao óleo de baleia, que se tornava cada vez mais caro. Produtos como a gasolina ou o dísel eram simplesmente descartados. Na época, o querosene de qualidade era aquele que não incorporava frações correspondentes a gasolina, pois haveria probabilidade de explosão, ou a dísel, que geraria uma chama fuliginosa. A título de curiosidade, a cor azul preponderante em companhias de petróleo derivou da cor das latas de querosene que não explodiam, como representação de seu selo de qualidade.

No futuro, talvez daqui a 50 ou 100 anos, olhando para trás, perceba-se o desperdício da queima dessa matéria-prima tão rica!

 

                                                                                             Cláudio Augusto Oller Nascimento e Lincoln Fernando Lautenschlager Moro.

                                       Petróleo: energia do presente, matéria-prima do futuro? In: Revista USP, n.° 89, 2011, p. 90-7 (com adaptações).

15. (ANP – 2013 – Todos os cargos – CESPE) O vocábulo “combustão” (L.5) é empregado, no texto, em sentido conotativo, com o significado de queima.

( ) CERTO

( ) ERRADO

 

Comentário: levando em consideração que:

Denotativo = Sentido do Dicionário

Conotativo = Sentido figurado

O vocábulo “combustão” foi usado sim no sentido de queimar, mas, nesse caso, é sentido DENOTATIVO, não conotativo como afirma o enunciado.

GABARITO: ERRADO

 

A ideia de solidariedade acompanha, desde os primórdios, a evolução da humanidade. Aristóteles, por exemplo, em clássica passagem, afirma que o homem não é um ser que possa viver isolado; é, ao contrário, ordenado teleologicamente a viver em sociedade. É um ser que vive, atua relaciona-se na comunidade, e sente-se vinculado aos seus semelhantes. Não pode renunciar à sua condição inata de membro do corpo social, porque apenas os animais e os deuses podem prescindir da sociedade e da companhia de todos os demais.

O primeiro contato com a noção de solidariedade mostra uma relação de pertinência: as nossas ações sociais incidem, positiva ou negativamente, sobre todos os demais membros da comunidade. A solidariedade implica, por outro lado, a corresponsabilidade, a compreensão da transcendência social das ações humanas, do coexistir e do conviver comunitário. Percebe-se, aqui, igualmente, a sua inegável dimensão ética, em virtude do necessário reconhecimento mútuo de todos como pessoas, iguais em direitos e obrigações, o que dá suporte a exigências recíprocas de ajuda ou sustento.

A solidariedade, desse modo, exorta atitudes de apoio e cuidados de uns com os outros. Pede diálogo e tolerância. Pressupõe um reconhecimento ético e, portanto, corresponsabilidade. Entretanto, para que não fique estagnada em gestos tópicos ou se esgote em atitudes episódicas, a modernidade política impõe a necessidade dialética de um passo maior em direção à justiça social: o compromisso constante com o bem comum e a promoção de causas ou objetivos comuns aos membros de toda a comunidade.

                                                Marcio Augusto de Vasconcelos Diniz. Estado social e princípio da solidariedade. In: Revista de Direitos e

                                                                       Garantias Fundamentais, Vitória, n.o 3, p. 31-48, jul.-dez./2008. Internet: (com adaptações).

 

 

 

 

16. (STJ – 2015 – AJAA – Cespe) A correção gramatical e o sentido original do texto seriam preservados se a oração “A solidariedade, desse modo, exorta atitudes de apoio e cuidados de uns com os outros” (L. 21 e 22) fosse  reescrita da seguinte forma: Atitudes de apoio e cuidados de uns com os outros são exigidas para o exercício da solidariedade.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário:

ATENÇÃO! “Exortar” é o mesmo que estimular, não exigir! O item está errado, a substituição não é possível por ferir o sentido original do texto.

GABARITO: ERRADO

17. (STJ – 2015 – AJAA – Cespe) A forma verbal “implica” (l.14) poderia, sem prejuízo para a correção gramatical e o sentido original do texto, ser substituída por acarreta.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário: a substituição é totalmente possível. “acarretar” é sinônimo de “implicar”.

GABARITO: CERTO

O problema da justiça refere-se à correspondência, ou não, entre a norma e os valores supremos ou finais que inspiram determinado ordenamento jurídico. Não importa comentar se existe um ideal de bem comum, idêntico para todos os tempos e para todos os lugares. Todo ordenamento jurídico persegue certos fins e esses representam os valores a cuja realização o legislador, mais ou menos conscientemente e adequadamente, dirige sua própria atividade. Quando se considera que há valores absolutos, objetivamente evidentes, a pergunta acerca de se uma norma é justa ou injusta equivale a perguntar se esta é apta ou não a realizar aqueles valores. No caso de não se acreditar em valores absolutos, o problema da justiça ou da injustiça de uma norma tem um sentido: equivale a perguntar se essa norma é apta ou não a realizar os valores históricos que inspiram esse ordenamento jurídico, concreta e historicamente determinado.

                                                                         Norberto Bobbio. Teoría general del derecho. Bogotá/CO: Temis S.A., 1999, p. 20-2

                                                                                                                                                                   (tradução livre, com adaptações).

 

 

 

 

18. (STJ – 2015 - TJAA – Cespe) Na linha 13, caso se substituísse o vocábulo “concreta” por concreto, não haveria prejuízo para a correção gramatical e para os sentidos originais do texto, já que esse novo termo concordaria com a expressão “ordenamento jurídico”.

( ) CERTO

( ) ERRADO

 

Comentário:

A troca parece correta se atribuirmos a concordância de “concreto” ao termo “ordenamento jurídico”, a banca está induzindo o candidato ao erro! “Concretamente” e “historicamente” são advérbios que estão modificando o termo “maneira” = o ordenamento jurídico é modificado de maneira concreta e histórica! ‘Concretamente’ está no texto em sua forma reduzida “concreta”, assim como ‘historicamente’ (histórica), ambos são advérbios de modo. A troca proposta pelo item NÃO é possível!

GABARITO: ERRADO

19. (STJ – 2015 - TJAA – Cespe) Sem prejuízo para a correção gramatical e para a coerência do texto, o primeiro período poderia ser assim reescrito: A questão da justiça concerne a correspondência ou não entre a norma e valores absolutos, ou finais, inspiradores de dado ordenamento jurídico.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário:

ORIGINAL: O problema da justiça refere-se à correspondência, ou não, entre a norma e os valores supremos ou finais que inspiram determinado ordenamento jurídico.

REESCRITA: A questão da justiça concerne a correspondência ou não entre a norma e valores absolutos, ou finais, inspiradores de dado ordenamento jurídico.

A reescrita não está de acordo com o original, porém, um candidato desatento poderia ser induzido ao erro e achar que está, pois as palavras substituídas são sinônimas, ou seja, semanticamente não há problema na reescrita!

O problema está no uso das vírgulas: o termo “ou não” deve permanecer isolado por se tratar de um comentário acerca do assunto abordado, é uma informação a mais, até mesmo uma opinião, não deve estar no corpo do período. Já o termo “ou finais” deve permanecer sem vírgulas, trata-se de uma alternativa “absolutos ou finais” de termos equivalentes!

GABARITO: ERRADO

 

 

20. (STJ – 2015 - TJAA – Cespe) Sem prejuízo para a correção gramatical e para os sentidos originais do texto, a estrutura “Desse modo (...) diante de uma norma” (L. 2 a 5) poderia ser assim reescrita: Assim sendo, emprega-se o termo justiça para julgar o comportamento do ser humano em consonância à norma de conduta.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário:

ORIGINAL = “Desse modo, o termo justiça como conformidade da conduta a uma norma é empregado para julgar o comportamento da pessoa humana diante de uma norma”.

REESCRITA = “Assim sendo, emprega-se o termo justiça para julgar o comportamento do ser humano em consonância à norma de conduta”

Quando fazemos uma reescrita, devemos manter as informações presentes no texto original e não acrescentar outras, assim, o sentido SERÁ mantido. Ocorre que na reescrita em questão, a informação contida em “como conformidade da conduta a uma norma” não foi mantida, o que torna a reescrita inválida e a questão errada.

GABARITO: ERRADO

    O conceito de planejamento surgiu no final do século

O conceito de planejamento surgiu no final do século XIX, na Inglaterra, como um conceito vinculado ao planejamento de cidades. Data dessa época, por exemplo, o conceito de “cidade-jardim” (Howard, 1902), segundo o qual se poderia planejar uma cidade, distribuindo-se espacialmente suas funções, a fim de tornar o espaço mais agradável a todos.

Esse conceito gerou forte impacto na área de urbanismo do século passado, com o aparecimento de várias cidades-jardim ao redor do mundo. Até essa época, planejamento era função estritamente técnica do urbanista ou do arquiteto, considerados uma espécie de visionários. Com a criação da União Soviética, no início da década de 20 do século passado, outra vertente de planejamento apareceu: o planejamento econômico centralizado. Sob essa ótica, o Estado teria completo controle sobre os recursos e os distribuiria de acordo com planos e metas determinados por políticos ou burocratas. Já a partir da década de 70 do século passado, o conceito de planejamento não era mais tão visto como um instrumento técnico e, sim, como um instrumento político capaz de moldar e de articular os diversos interesses envolvidos no processo de intervenção de políticas públicas. O planejador deveria ser o mediador dos interesses da sociedade no processo, e o resultado final deveria ser encontrado preferivelmente em consenso.

                                                                                 José Antônio Puppim de Oliveira. Desafios do planejamento em políticas públicas:

                                                                                                                             diferentes visões e práticas. Internet: (com adaptações).

Âncora 2

 Questões Propostas 

 

 

1) Depreende-se do texto que, após 1970, o Estado planejador passou a agir, considerando como premissa o fato de que a técnica propicia o consenso necessário à consecução de políticas públicas.

( ) CERTO

( ) ERRADO

As mudanças políticas, sociais e culturais, nos últimos vinte anos, fizeram-se sentir no âmbito do direito administrativo e, mais especificamente, na forma de administrar a coisa pública. Diante dessa nova realidade, para atender às necessidades fundamentais da sociedade de forma eficaz e com o menor custo possível, a administração pública precisou aperfeiçoar sua atuação, afastando-se da administração burocrática e adotando uma administração gerencial.

A antiga forma de administrar empregada pela administração pública calcava-se essencialmente em uma gestão eivada de processos burocráticos, criados para evitar desvios de recursos públicos, o que a tornava pouco ágil, pouco econômica e ineficiente. A nova administração gerencial tende a simplificar a atividade do gestor público sem afastá-lo, porém, da legalidade absoluta, uma vez que dispõe de valores públicos que devem ser bem empregados para garantir que os direitos fundamentais dos cidadãos sejam atendidos.

Assim, implementou-se a administração gerencial e, para isso, foi necessário que os agentes públicos mudassem suas posturas e se adequassem para desenvolver a nova gestão pública. O novo gestor público precisou lançar mão de técnicas de gestão utilizadas pela iniciativa privada e verificou, ainda, que era necessário o acompanhamento constante da execução das atividades propostas, para que efetivamente se chegasse a uma gestão eficiente, uma gestão por resultados. Para levar a cabo o novo modelo de gestão pública, será preciso adotar novas tecnologias e promover condições de trabalho adequadas, assim como mudanças culturais, desenvolvimento pessoal dos agentes públicos, planejamento de ações e controle de resultados.

                                                                           Maria Denise Abeijon Pereira Gonçalves. A gestão pública adaptada ao novo paradigma

                                                                                                                                                    da eficiência. Internet: (com adaptações).

 

 

 

 

2) Sem prejuízo para a correção gramatical e para os sentidos originais do texto, o vocábulo “eivada” (l. 8) poderia ser substituído por repleta.

( ) CERTO

( ) ERRADO

A democracia já não se reduz a uma esperança, não é mais uma questão, não é apenas um direito, não é somente o apanágio de uma cidade ilustrada como Atenas, ou de um grande povo como o romano: é mais, é tudo nas sociedades modernas. De mera previsão, converteu-se em fato; de opinião controversa, transformou-se em realidade viva; deixou de ser puro direito para ser direito e força; passou de simples fenômeno local a lei universal e onipotente.


Enquanto alguns discutem ainda se ela deve ser, já ela é. Como o crescer silencioso, mas incessante, do fluxo do oceano, sobe e espraia-se calada, mas continuamente. Cada onda que se aproxima, e recua depois, estende os limites do poderoso elemento. Os espíritos que não veem muito deixam-se dormir, entretanto, recostados indolentemente à margem que as águas não tardarão em invadir, porque a enchente cresce linha a linha sem que a percebam, e, como a onda retrocede sempre, parece-lhes que, retrocedendo, perdeu todo o terreno vencido. Embora alguma onda mais impetuosa, como que os advertindo, jogue de longe sobre eles a espuma. Riem dela, porque a veem retrair-se logo após; persuadidos de que têm subjugado o oceano quando mandam pelos seus serviçais antepor-lhe a cautela de algum quebra-mar que dure pela vida de uma ou duas gerações. Cuidam ter desse modo segurado a sua casa e o futuro dos filhos. Mas o frágil anteparo, minado pela ação imperceptível das águas, esboroa-se um bom dia, malogrando-lhes os cálculos, quando não mais que isso.


A aristocracia teve a sua época e passou. A realeza teve a sua, e extinguiu-se também. Chegou a vez da democracia, e esta permanecerá para sempre. Por quê? Porque a aristocracia era a sujeição de todos a poucos, era o privilégio, a hereditariedade, que, na propriedade individual, é legítima, por ser consequência do trabalho, mas que, em política, é absurda, porque exclui do governo a vontade dos governados e submete o merecimento à incapacidade. A realeza também era o privilégio, ainda mais restrito, mais concentrado, personificado em um indivíduo, circunscrito a uma família. A democracia, essa é a negação das castas, das exclusões arbitrárias, e a consagração do direito: por isso, não morre.


Rui Barbosa. Obras completas de Rui Barbosa. Vol. I (1865-1871), tomo I, p. 19-20. Internet: <www.casaruibarbosa.gov.br> (com adaptações).

3) Utilizando-se de metáforas, o autor constrói texto argumentativo em que a democracia é retratada como o oceano e suas ondas, e os que nela não creem, representados como os “espíritos que não veem muito” (L.13).

( ) CERTO

( ) ERRADO

 

Não há Vagas

Ferreira Gullar

O preço do feijão

não cabe no poema.

O preço do arroz

não cabe no poema.

Não cabem no poema o gás

a luz o telefone

a sonegação

do leite

da carne

do açúcar

do pão

O funcionário público

não cabe no poema

com seu salário de fome

sua vida fechada

em arquivos.

Como não cabe no poema

o operário

que esmerila seu dia de aço

e carvão

nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,

está fechado: "não há vagas"

Só cabe no poema

o homem sem estômago

a mulher de nuvens

a fruta sem preço

O poema, senhores,

não fede

nem cheira

4) O emprego do vocativo “senhores”, na terceira e na quarta estrofes, atenua o tom irônico do poema.

( ) CERTO

( ) ERRADO

 

É verdade que quase todo mundo tem suas preferências, detesta algumas construções, prefere a pronúncia de alguma região etc. Mas o linguista precisa manter uma atitude científica, com atenção constante às realidades da língua e total respeito por elas. Se ele verifica que as pessoas dizem frases como “Se você ver ela, fala com ela pra me telefonar”, precisa reconhecer essa construção como legítima na língua. Por outro lado, em um texto escrito, ele provavelmente encontraria outra frase, que igualmente precisa ser reconhecida. As duas coexistem, cada qual no seu contexto. O linguista, cientista da linguagem, observa a língua como ela é, não como algumas pessoas acham que ela deveria ser. Condenar uma construção ou uma palavra ocorrente como incorreta é mais ou menos como decretar que é “errado” que aconteçam terremotos. Eles acontecem, e um cientista não tem remédio senão reconhecer os fatos. O objetivo dos linguistas é descrever e explicar, e não, prescrever formas certas e proibir formas erradas. Para nós, “certo” é aquilo que ocorre na língua.

 

                              Mário A. Perini. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2010, p. 20-1 (com adaptações).

5) No período compreendido entre as linhas 13 e 15, está implícita, na comparação entre incorreções gramaticais e “terremotos” (L.15), a referência aos erros crassos de determinadas construções linguísticas, visto que estes, tal como os terremotos, têm poder de destruição.

( ) CERTO

( ) ERRADO

 

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