

SUMÁRIO
INTERTEXTUALIDADE
TIPOS DE DISCURSO
FUNÇÕES DO QUE E DO SE
QUESTÕES COMENTADAS
QUESTÕES PROPOSTAS
"Sempre há o que aprender, ouvindo, vivendo e, sobretudo, trabalhando.
Mas só aprende quem se dispõe a rever suas certezas."
(Darcy Ribeiro)
INTERTEXTUALIDADE
Muito comum em provas e concursos, a Intertextualidade pode ser definida como um diálogo entre dois ou mais textos, que podem ser verbais, não-verbais ou mistos. Observe os dois textos abaixo e note como Murilo Mendes (século XX) faz referência ao texto de Gonçalves Dias (século XIX):
Canção do Exílio
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."
Gonçalves Dias
Canção do Exílio
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
Murilo Mendes
A relação entre os dois textos é evidente! A paródia-piadista de Murilo Mendes é um exemplo de intertextualidade, uma vez que seu texto foi criado tomando como ponto de partida o texto de Gonçalves Dias.
No jornalismo, na literatura e até mesmo nas artes (como a PINTURA), a intertextualidade é constante.
A intertextualidade na PINTURA
Veja as várias versões da famosa pintura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa:

Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.

Mona Lisa, de Marcel Duchamp, 1919.

Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.

Mona Lisa, propaganda publicitária.
Veja exemplos de intertextualidade na propaganda e na pintura.
Neste exemplo temos um anúncio publicitário de um produto alimentício (Leite Moça) que faz referência à música de Rita Lee, Mania de você:
Meu bem você me dá...
água na boca

Mania de você
Rita Lee
Meu bem você me dá
Água na boca
Hum! Rum!
[...]
Agora veja a intertextualidade realizada entre a criação de Matt Groening, criador dos Simpsons, e a obra A persistência da memória, de Salvador Dalí.

TIPOS DE INTERTEXTUALIDADE
Paráfrase x Paródia
A paráfrase, originária do grego para-phrasis (repetição de uma sentença), constitui-se na recriação textual, tendo como suporte um textofonte. Ao parafrasearmos um texto, estamos atribuindo-lhe uma nova “roupagem” discursiva, embora mantendo a mesma ideia contida no texto original. Vejamos novamente a intertextualidade com a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, um dos textos mais usados para a inspiração de outros:
Texto Original – Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
[...]
Gonçalves Dias
Paráfrase:
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
[...]
Carlos Drummond de Andrade
Podemos notar que Carlos Drummond, pertencente à era Modernista, baseando-se na criação de Gonçalves Dias, nos apresenta outra versão, porém com o mesmo discurso poético de saudosismo pela belíssima terra natal.
A paródia, de forma tendenciosa, também é pautada pela recriação de um texto, entretanto, utiliza-se de um caráter contestador voltado para a crítica, muitas vezes sob um tom cômico, humorístico. Como podemos perceber na paródia feita por Oswald de Andrade do texto de Casimiro de Abreu:
MEUS OITO ANOS
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
[...]
Casimiro de Abreu
MEUS OITO ANOS
Oh que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra!
Da rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais
[...]
Oswald de Andrade
Na leitura dos poemas, percebemos que a intenção de Oswald de Andrade foi a de criticar o romantismo e o sentimento nacionalista revelados pelas palavras de Casimiro de Abreu. Mesmo porque o ideário modernista trazia vigorosamente um repúdio aos moldes anteriormente adotados por outros artistas, principalmente àqueles que compuseram o Romantismo e o Parnasianismo.
TIPOS DE DISCURSO
Em um texto do tipo narrativo (um conto, uma crônica, um romance, uma fábula e até mesmo nos relatos, como notícias e reportagens) o narrador escolhe como reportará a fala dos personagens envolvidos no enredo, podendo ser feito de maneira direta ou indireta. Chama-se discurso o ponto de vista que o narrador nos dá da fala dos personagens.
a) Discurso direto: neste caso, o narrador, após introduzir as personagens, faz com que elas reproduzam a fala e o pensamento por si mesmas, de modo direto, utilizando o diálogo. Não há interferência do narrador naquilo que foi dito.
Exemplo:
Baiano velho perguntou para o rapaz:
— O jornal não dá nada sobre a sucessão presidencial
b) Discurso indireto: neste tipo de discurso, não há diálogo; o narrador não põe as personagens a falar e a pensar diretamente, mas ele faz-se o intérprete delas, transmitindo o que disseram ou pensaram, sem reproduzir o discurso que elas teriam empregado. Neste caso, o narrador se coloca coomediador daquilo que foi falando, podendo fazer interferências e, por vezes, marcar até a própria opinião.
Exemplo:
Baiano velho perguntou para o rapaz se o jornal não tinha dado nada sobre a sucessão presidencial.
c) Discurso indireto livre: consiste na fusão entre narrador e personagem, isto é, a fala da personagem insere-se no discurso do narrador, sem o emprego dos verbos de elocução (como dizer, afirmar, perguntar, responder, pedir e exclamar). É a mistura do discurso direto com o indireto.
Exemplo:
Agora (Fabiano) queria entender-se com Sinhá Vitória a respeito da educação dos pequenos. E eles estavam perguntadores, insuportáveis.
Fabiano dava-se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber?
Tinha? Não tinha.
Observe que nos trechos “E eles estavam perguntadores, insuportáveis” e “Tinha? Não tinha” mistura-se a voz do personagem e a do narrador, não sabemos qual dos dois está pronunciando a fala!
Veja abaixo as mudanças que ocorrem na mudança do discurso direto para o indireto:

INDO MAIS FUNDO
Envolvimento do narrador com o dito.
Se, ao reportar a fala de alguém, o narrador utilizar o discurso direto, é esperado que ele reproduza a fala do personagem sem se envolver com o dito, sem modificar o texto e sem se posicionar a respeito. Da mesma forma, espera-se que, em um discurso indireto, no qual o narrador utiliza as próprias palavras para reproduzir aquilo que foi dito por terceiros, apareça posicionamento, palavras que marcam um envolvimento do narrador com aquilo que está sendo reportado, assim:
Sua mãe falou “manda esse menino entrar, se não vou buscá-lo à força para fazer o dever!” – Discurso Direto: não há envolvimento com o dito, o autor apenas reporta a fala da mãe.
Se eu fosse você, entrava logo, pois sua mãe disse que virá te buscar à força pra fazer o dever. – Discurso Indireto: observe que, antes de falar o que a mãe do menino disse, o narrador-personagem posicionou-se a respeito: se eu fosse você...
Então:
Discurso Direto: sem envolvimento.
Discurso indireto: com envolvimento.
Mas, vejam só, pra ficar legal, tem que haver o MAS... rsrs!
E no caso a seguir?
Sua mãe esbravejou “manda esse menino entrar, se não vou buscá-lo à força para fazer o dever!”
O verbo esbravejar está marcando posicionamento do narrador-peronagem em relação ao que está sendo reportado! Ele está dizendo que a mãe estava muito brava, pois falar é diferente de esbrevejar, certo!?
Então é possível um discurso direto com envolvimento do autor! O envolvimenro é marcado pela escolha verbal.
“Que situação mais chata!” – despejou como um desabafo.
“Despejou como um desabafo” = marca de opinião do autor em um discurso direto.
AS FUNÇÕES DO "QUE" E DO "SE"
As palavras que e se possuem, em português, vários usos. Vamos analisa-los.
O que pode ser usado como:
- Interjeição: classe gramatical que exprime espanto, admiração, surpresa. Nesse caso, será acentuada e seguida de ponto de exclamação. Usa-se também a variação o quê!
A palavra que não exerce função sintática quando funciona como interjeição.
Exemplos:
Quê! Você ainda não está pronto?
O quê! Quem sumiu?
- Substantivo: equivale a alguma coisa.
Nesse caso, virá sempre antecedida de artigo ou outro determinante, e receberá acento por ser monossílabo tônico terminado em e. Como substantivo, designa também a 16ª letra de nosso alfabeto. Quando a palavra que for um substantivo, exercerá as funções sintáticas próprias dessa classe de palavra (sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, etc.)
Exemplo: Ele tem certo quê misterioso. (Substantivo na função de núcleo do objeto direto do verbo “ter”)
- Preposição: liga dois verbos de uma locução verbal em que o auxiliar é o verbo ter. Equivale a de.
Quando é preposição, a palavra que não exerce função sintática.
Exemplos:
Tenho que sair agora.
Ele tem que dar o dinheiro hoje.
- Partícula expletiva ou de realce: é assim chamada, pois pode ser retirada da frase, sem prejuízo algum para o sentido.
Nesse caso, a palavra que não exerce função sintática; como o próprio nome indica, é usada apenas para dar realce. Como partícula expletiva, aparece também na expressão é que.
Exemplos:
Quase que não consigo chegar a tempo.
Elas é que conseguiram chegar.
- Advérbio: modifica um adjetivo ou um advérbio. Equivale a quão. Quando funciona como advérbio, a palavra que exerce a função sintática de adjunto adverbial; no caso, de intensidade.
Exemplos:
Que lindas flores!
Que barato!
- Pronome: como pronome, a palavra que pode ser:
• pronome relativo: retoma um termo da oração antecedente, projetando-o na oração consequente. Equivale a o qual e flexões.
Exemplo: Não encontramos as pessoas que saíram.
• pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar como pronome substantivo ou pronome adjetivo:
• pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando for pronome substantivo, a palavra que exercerá as funções próprias do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto indireto, etc.)
Exemplo: Que aconteceu com você?
• pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse caso, exerce a função sintática de adjunto adnominal.
Exemplo: Que vida é essa?
- Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a palavra que pode relacionar tanto orações coordenadas quanto subordinadas, daí classificar-se como conjunção coordenativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que recebe o nome da oração que introduz.
Por exemplo:
Venha logo, que é tarde. (Conjunção coordenativa explicativa)
Falou tanto que ficou rouco. (Conjunção subordinativa consecutiva)
Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a palavra que recebe o nome de conjunção subordinativa integrante.
* conjunção subordinativa integrante: inicia uma oração subordinada substantiva.
Exemplos:
Desejo que você venha logo.
Desejo = verbo transitivo direto
Que você venha logo = oração subordinada substantiva objetiva direta.
O se pode ser usado como:
A palavra se, em português, pode ser:
- Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a palavra se pode ser:
* conjunção subordinativa integrante: inicia uma oração subordinada substantiva.
Exemplo:
Perguntei se ele estava feliz.
Perguntei = verbo transitivo direto.
Se ele estava feliz = oração subordinada substantiva objetiva direta.
* conjunção subordinativa condicional: inicia uma oração adverbial condicional (equivale a caso).
Exemplo:
Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.
Se todos tivessem estudado = oração adverbial condicional.
As notas seriam boas = oração principal.
- Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da frase sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a palavra se não exerce função sintática. Como o próprio nome indica, é usada apenas para dar realce.
Exemplo: Passavam-se os dias e nada acontecia.
- Parte integrante do verbo: é parte indispensável dos verbos pronominais. Nesse caso, o se não exerce função sintática.
Exemplo: Ele arrependeu-se do que fez.
- Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede objeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passiva sintética. É também chamada de pronome apassivador. Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel é apenas apassivar o verbo.
Exemplos:
Vendem-se casas.
Aluga-se carro.
Compram-se joias.
ATENÇÃO: as orações na voz passiva sintética que usei como exemplos podem ser colocadas na voz passiva analítica:
Casas são vendidas.
Carro é alugado.
Joias são compradas.
- Índice de indeterminação do sujeito: vem ligado a um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito indeterminado. Não exerce propriamente uma função sintática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa do singular.
Exemplos:
Trabalha-se de dia.
Precisa-se de vendedores.
ATENÇÃO: no caso de sujeito indeterminado NÃO é possível fazer o “caminho inverso”, como fizemos na com a passiva (vendem-se casas = casas são vendidas):
De dia é trabalhado – NÃO FAZ SENTIDO
- Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do sujeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblíquo se sempre será reflexivo (equivalendo a si mesmo), podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
* objeto direto:
Ele cortou-se com o facão.
* objeto indireto:
Ele se atribui muito valor.
* sujeito de um infinitivo:
“Sofia deixou-se estar à janela.”
HORA DE PRATICAR!
A charge a seguir refere-se à questão 01.

01. (DPE/MS – 2015 – Administrador – FGV) A charge é produzida com alusão
(A) à crise de energia no país.
(B) à perda de controle da inflação.
(C) ao aumento geral de preços.
(D) à falta grave de água.
(E) ao consumo exagerado de álcool.
Comentário: é preciso compreender a questão extratextual (remissão exofórica) da falta de água e do desperdício dela para analisarmos corretamente a questão. Ao dizer, o personagem, que o Alaor deve estar muito rico (Maga-sena ou herança) por ter servido água para os convidados da filha, durante quatro horas, ele deixa claro que a água em pouco tempo será artigo de luxo, irá faltar e só terão acesso aqueles que puderem pagar caro por ela!
GABARITO: D
Os sete erros que devem ser evitados em tempos de seca
O primeiro desses “erros” era “usar água da chuva para beber, tomar banho e cozinhar”. Segundo o aviso, “A água da chuva armazenada em casa não pode ser usada para beber, tomar banho e cozinhar porque ela contém uma alta concentração de poluentes atmosféricos, que podem causar mal à saúde. Essa água só é indicada para consumo com tratamento químico, feito somente por especialistas, não bastando ferver ou filtrar. Por isso, é melhor usá-la apenas na limpeza da casa”.
02. (DPE/MS – 2015 – Administrador – FGV) O texto mostra três ocorrências do pronome demonstrativo.
I. “O primeiro desses ‘erros’...”
II. “Essa água só é indicada para consumo...”
III. “Por isso é melhor usá-la...”
Sobre essas ocorrências, assinale a afirmativa inadequada.
(A) Todas as ocorrências se referem a termos já citados anteriormente.
(B) Os erros referidos em I são os sete erros apontados.
(C) A água citada em II se refere à água da chuva armazenada em casa.
(D) Em III, o demonstrativo aponta o motivo de evitar-se a água em certos casos.
(E) Todas as ocorrências se referem a termos proximamente citados.
Comentário: o pronome demonstrativo é um importante elemento coesivo, retoma um termo citado anteriormente para evitar repetição desnecessária. Vejamos as assertivas:
I. “O primeiro desses ‘erros’...” – “desses” refere-se a “erros”.
II. “Essa água só é indicada para consumo...” – “essa” refere-se a “água”.
III. “Por isso é melhor usá-la...” – “isso” refere-se a tudo que foi citado anteriormente, da água que deve ser evitada por não ser tratada: “A água da chuva armazenada em casa não pode ser usada para beber, (...) Essa água só é indicada para consumo com tratamento químico, feito somente por especialistas, não bastando ferver ou filtrar”.
Vamos analisar as alternativas:
(A) Todas as ocorrências se referem a termos já citados anteriormente. – CORRETO. Referem-se a “água” e “erros”.
(B) Os erros referidos em I são os sete erros apontados. – CORRETA.
(C) A água citada em II se refere à água da chuva armazenada em casa. – CORRETA. Água que deve ser tratada.
(D) Em III, o demonstrativo aponta o motivo de evitar-se a água em certos casos. – CORRETA.
(E) Todas as ocorrências se referem a termos proximamente citados. – ERRADA. Os relativos não se referem a algo citado proximamente, mas a algo já citado.
GABARITO: E
Observe a charge a seguir.

03. (DPE/MS – 2015 – Administrador – FGV) Sobre a charge, assinale a opção que indica a leitura inadequada.
(A) A imagem do chão seco intensifica a seca.
(B) O único pingo d’água indica falta de água.
(C) A gota de água também pode indicar uma lágrima.
(D) A ausência de água na torneira é uma crítica às autoridades.
(E) A cor clara do céu mostra a presença do sol intenso.
Comentário: esta questão está aqui (esteve também na aula anterior) para mostrar que a temática da falta crise hídrica foi intertextualmente trabalhada em toda a prova do DPE/MS de 2015.
Agora o comentário: a charge faz uma crítica ao desperdício de água, o que leva à falta dela. Tal crítica não está direcionada a ninguém ou ao governo de maneira específica, mas a todos que contribuem para esse quadro de seca. Sendo assim, a alternativa D está incorreta.
GABARITO: D
Texto 2 - “A saga do rapto de Helena e a subsequente Guerra de Troia continuam sendo um dos melhores exemplos dos perigos da luxúria. No todo, a história sugere quão imprudente é para um hóspede na casa de um homem levar consigo, ao partir, a esposa do anfitrião. Acrescentamos a esse erro crasso a dupla idiotice da raiva e da inveja, agravadas quando o marido abandonado, Menelau, insistiu nos direitos de um velho tratado e arrastou todo o seu reino e os dos vizinhos em missão de vingança. Muitos deles demoraram quase vinte anos na guerra e no retorno, para não falar na maioria que morreu, deixando os lares e as famílias no desamparo e na ruína – mal sobrevivendo, sugerem os registros, a assédios diversos e a desastres naturais.”
(Menelau e a esposa perdida, Stephen Weir)
04. (TJ/BA – 2015 – Analista Judiciário – FGV) No texto 2, os elementos sublinhados se referem a termos anteriores; a correspondência identificada corretamente é:
(A) consigo / um hóspede;
(B) esse erro / a imprudência de Helena;
(C) seu / do hóspede;
(D) os / os erros;
(E) que / muitos deles.
Comentário: vamos reler o texto, marcando na mesma cor o antecedente do termo grifado. Trata-se de remissão textual endofórica entre os termos.
“A saga do rapto de Helena e a subsequente Guerra de Troia continuam sendo um dos melhores exemplos dos perigos da luxúria. No todo, a história sugere quão imprudente é para um hóspede na casa de um homem levar consigo, ao partir, a esposa do anfitrião. Acrescentamos a esse erro crasso a dupla idiotice da raiva e da inveja, agravadas quando o marido abandonado, Menelau, insistiu nos direitos de um velho tratado e arrastou todo o seu reino e os dos vizinhos em missão de vingança. Muitos deles demoraram quase vinte anos na guerra e no retorno, para não falar na maioria que morreu, deixando os lares e as famílias no desamparo e na ruína – mal sobrevivendo, sugerem os registros, a assédios diversos e a desastres naturais.”
Consigo = um hóspede
Esse = erro
Seu = Marido abandonado, Menelau
Os = reino
Que = maioria
GABARITO: A
Texto 4 – “O caminho para baixo era estreito e íngreme, e tanto os homens quanto os animais não sabiam onde estavam pisando, por causa da neve; todos os que saíam da trilha ou tropeçavam em algo perdiam o equilíbrio e despencavam no precipício. A esses perigos eles resistiam, pois àquela altura já se haviam acostumado a tais infortúnios, mas, por fim, chegaram a um lugar onde o caminho era estreito demais para os elefantes e até para os animais de carga. Uma avalanche anterior já havia arrastado cerca de trezentos metros da encosta, ao passo que outra, mais recente, agravara ainda mais a situação. A essa altura, os soldados mais uma vez perderam a calma e quase caíram em desespero.”
(Políbio, Histórias)
05. (TJ/BA – 2015 – Analista Judiciário – FGV) “chegaram a um lugar onde o caminho era estreito”; nesse segmento do texto 4 ocorre o emprego correto do vocábulo sublinhado. A frase abaixo em que o emprego do mesmo vocábulo também mostra correção é:
(A) Os soldados sentiram desespero pelo momento onde todos estavam.
(B) Em função do mau tempo por onde passavam, decidiram mudar o caminho.
(C) No final da tarde, onde as nuvens se escondiam, tudo era mais perigoso.
(D) Na viagem, onde tudo era desconhecido, as surpresas preocupavam.
(E) No meio da noite, onde o medo aumenta, o comandante tranquilizava a todos.
Comentário: o uso correto do pronome “onde” é fazendo referência a um lugar. Na frase “chegaram a um lugar onde o caminho era estreito”, o antecedente do “onde” é “lugar”, corretamente. Vamos analisar as alternativas, procurando o uso correto do mesmo termo:
(A) Os soldados sentiram desespero pelo momento onde todos estavam. ERRADO. O “onde” está retomando “momento”, que NÃO é um lugar.
(B) Em função do mau tempo por onde passavam, decidiram mudar o caminho. CORRETO. “Onde” refere-se ao lugar em que estavam e apresentava mau tempo.
(C) No final da tarde, onde as nuvens se escondiam, tudo era mais perigoso. ERRADO. “Onde” ligado à “tarde”.
(D) Na viagem, onde tudo era desconhecido, as surpresas preocupavam. ERRADO. “Onde” ligado à “viagem”
(E) No meio da noite, onde o medo aumenta, o comandante tranquilizava a todos. ERRADO. “Onde” ligado à “noite”
GABARITO: B
06. (TJ/SC – 2015 – Assistente Social – FGV) Considerando-se a relação lógica existente entre os dois segmentos dos pensamentos (Millôr Fernandes) adiante citados, o espaço pontilhado que NÃO poderá ser corretamente preenchido pela conjunção mas é:
(A) Guio bem, ............... o motor do meu carro sempre foi pra mim um mistério insondável.
(B) Condenam-se muito os excessos, ............... também há um limite para o mínimo.
(C) Eu sofro de mimfobia, tenho medo de mim mesmo, ............... me enfrento todo dia.
(D) A pobreza não é necessariamente vergonhosa, ............... há muito pobre sem vergonha.
(E) Pobreza extrema é quando uma pessoa não entra na favela, ............... acha aquele ambiente grã-fino demais para ela.
Comentário: a melhor forma de resolver uma questão como essa é substituir o pontilhado pelo que se sugere (no caso, pelo mas) em cada alternativa. Após a substituição, a relação de oposição deve estar bem estabelecida:
(A) Guio bem, mas o motor do meu carro sempre foi pra mim um mistério insondável.
(B) Condenam-se muito os excessos, mas também há um limite para o mínimo.
(C) Eu sofro de mimfobia, tenho medo de mim mesmo, mas me enfrento todo dia.
(D) A pobreza não é necessariamente vergonhosa, mas há muito pobre sem vergonha.
(E) Pobreza extrema é quando uma pessoa não entra na favela, mas acha aquele ambiente grã-fino demais para ela.
A única junção de orações em que a relação de oposição não é possível é na alternativa E. O ideal é o uso da conjunção “pois” ou outra que expresse explicação.
(E) Pobreza extrema é quando uma pessoa não entra na favela, pois acha aquele ambiente grã-fino demais para ela.
GABARITO: E
07. (TJ/SC – 2015 – Assistente Social – FGV) Observe a charge 1 abaixo, publicada por ocasião dos atos terroristas em Paris, em janeiro de 2015; a afirmativa INADEQUADA sobre a imagem é:

(A) há uma referência clara aos ataques terroristas ocorridos nos Estados Unidos há algum tempo;
(B) as imagens dos lápis indicam metonimicamente a profissão de algumas das vítimas;
(C) a presença do avião indica a rapidez da comunicação com apoio da tecnologia nos dias de hoje;
(D) a imagem mostra um ataque a valores culturais, aqui representados pela arte do desenho;
(E) a imagem representa uma situação temporal anterior aos atentados e às mortes.
Comentário: a imagem do avião faz clara referência aos ataques terroristas ocorridos nos Estados Unidos, anos atrás (remissão exofórica). Os lápis indicam a parte que faz referência ao ataque cultural e à profissão de algumas das vítimas (jornalistas), do atentado em Paris, em Janeiro de 2015.
Observe que a alternativa C nega o que está sendo falado nas outras, o avião não representa a rapidez da comunicação, mas sim faz referência ao terrorismo que já não é novidade.
GABARITO: C
08. (TJ/SC – 2015 – Assistente Social – FGV) Observe, agora, a charge 2 a seguir; comparando-se essa imagem com a da charge 1, a afirmativa adequada é:

(A) a bala à esquerda tem por alvo a Torre Eifell;
(B) a imagem da Torre Eifell transfere a França para os Estados Unidos;
(C) os lápis aqui representam as indústrias modernas;
(D) a Torre Eifell situa os atentados na cidade de Paris;
(E) as folhas de papel no meio da fumaça mostram a relatividade da arte.
Comentário: observe a relação de intertextualidade desta questão com a anterior: o tema é o mesmo. Agora perceba que, nas duas charges, os lápis posicionados um ao lado do outro, sendo um menor um pouco que o outro, faz referência às torres gêmeas que foram alvo de atentados nos Estados Unidos (remissão exofórica). Há também referência ao atentado que aconteceu em Paris ao jornal satírico Charlie Hebdo, em janeiro de 2015. Na ocasião, 12 pessoas morreram, sendo 10 jornalistas, o que justifica, na charge, os lápis e as folhas de papel sendo queimadas em meio à fumaça.
Vamos analisar cada alternativa, marcando os erros em vermelho, para encontrarmos a correta:
(A) a bala à esquerda tem por alvo a Torre Eifell; ERRADA. A bala simboliza o atentado ao prédio do jornal. A Torre Eidell é o maior símbolo da França, onde os ataques aconteceram.
(B) a imagem da Torre Eifell transfere a França para os Estados Unidos; ERRADA. A imagem da torre apenas situa o ocorrido na França.
(C) os lápis aqui representam as indústrias modernas; ERRADA. Os lápis representam a profissão da maioria das pessoas que morreram no ataque: jornalistas.
(D) a Torre Eifell situa os atentados na cidade de Paris; CORRETA. Perfeita! Exatamente o que eu já comentei nas outras alternativas.
(E) as folhas de papel no meio da fumaça mostram a relatividade da arte. ERRADA. As folhas de papel representam, assim como os lápis, a profissão da maioria dos mortos.
GABARITO: D
Observe a tira a seguir.

09. (AL/BA – 2014 - Técnico de Nível Superior – FGV) Uma das marcas de textualidade dessa tira é a presença de intertextualidade, presente
(A) na referência de “antidemocrático” em relação a Fidel Castro.
(B) na presença do vocábulo “Fidel” no segundo quadrinho.
(C) na alusão a textos de cartilha de alfabetização.
(D) na exemplificação dos vocábulos citados no primeiro quadrinho.
(E) na citação de nomes próprios conhecidos socialmente.
Comentário: questão muito boa e também muito tendenciosa! Poderia levar o candidato ao erro facilmente, pois, quando lemos a tira, pensamos logo na relação entre o texto e o contexto histórico ligado a Fidel Castro. Isso é remissão exofórica, é a relação do texto com um elemento externo a ele e que depende do conhecimento de mundo do interlocutor para ficar clara. Porém o enunciado pediu a intertextualidade presente! Relação entre textos que, no caso, é exatamente entre as falas da Mafalda e a cartilha usada por educadores para alfabetizar. Cuidado! Aluno meu não erra uma questão como essa! Aprendeu? Rs!
GABARITO: C
(Base para as próximas três questões.)
TEXTO 1 – BEM TRATADA, FAZ BEM
Sérgio Magalhães, O Globo
O arquiteto Jaime Lerner cunhou esta frase premonitória: “O carro é o cigarro do futuro.” Quem poderia imaginar a reversão cultural que se deu no consumo do tabaco?
Talvez o automóvel não seja descartável tão facilmente. Este jornal, em uma série de reportagens, nestes dias, mostrou o privilégio que os governos dão ao uso do carro e o desprezo ao transporte coletivo. Surpreendentemente, houve entrevistado que opinou favoravelmente, valorizando Los Angeles – um caso típico de cidade rodoviária e dispersa.
Ainda nestes dias, a ONU reafirmou o compromisso desta geração com o futuro da humanidade e contra o aquecimento global – para o qual a emissão de CO2 do rodoviarismo é agente básico. (A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito.)
O transporte também esteve no centro dos protestos de junho de 2013. Lembremos: ele está interrelacionado com a moradia, o emprego, o lazer. Como se vê, não faltam razões para o debate do tema.
10. (TJ/RJ – 2014 – Analista Judiciário – FGV) Observe o emprego do demonstrativo “este” nos segmentos a seguir:
I – “O arquiteto Jaime Lerner cunhou esta frase premonitória”; (l. 1)
II – “Este jornal, em uma série de reportagens,...”; (l. 4)
III – “... nestes dias, mostrou o privilégio que os governos dão ao uso do carro e o desprezo ao transporte coletivo”; (l. 5)
IV – “a ONU reafirmou o compromisso desta geração com o futuro da humanidade”. (l. 9)
As frases acima que apresentam exatamente o mesmo motivo da utilização desse demonstrativo são:
(A) I - II;
(B) I - III;
(C) II - IV;
(D) III - IV;
(E) II - III - IV.
Comentário: ao lermos alguns enunciados da FGV, ficamos realmente confusos, não é? Vejam este: “as frases acima que apresentam exatamente o mesmo motivo da utilização desse demonstrativo são”. Bom, acredito que a banca quer saber em qual das frases o uso do pronome “este” é o mesmo! Sendo assim, sabemos que o “este” pode ser catafórico, anafórico ou dêitico.
Tentando simplificar a análise, temos:
I- ESTA frase = catáfora (referência posterior). Refere-se à oração “O carro é o cigarro do futuro.”
II- ESTE jornal – anáfora (referência anterior). Refere-se a “O Globo” (na referência de quem escreveu e em que mídia, após o título).
III- nestes dias - referência exofórica (dêitica). Refere-se ao no momento em que o artigo foi escrito.
IV- desta geração - referência exofórica (dêitica). Refere-se a uma geração fora do texto, que não tem referência anterior nem posterior.
Mesmo uso apenas nas opções III e IV.
GABARITO: D
11. (TJ/RJ – 2014 – Analista Judiciário – FGV) “A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito”.
A oração em forma desenvolvida que substitui correta e adequadamente o gerúndio “advertindo” é:
(A) com a advertência de;
(B) quando adverte;
(C) em que adverte;
(D) no qual advertia;
(E) para advertir.
Comentário: cuidado com a alternativa A, ela não é o gabarito, mas, em uma substituição rápida na frase, parece ser! Vou explicar melhor: o uso da expressão contida na letra A é adequado e correto do ponto de vista gramatical. Porém, não constitui uma oração (toda oração contém um verbo).
Tentem observar sempre o que pede o enunciado, neste caso, ele questiona qual oração pode substituir o gerúndio "advertindo". Deve-se levar em conta que o gerúndio assinala uma ação SEMPRE presente e contínua. Nesses termos, a única oração nas alternativas que expressa tal noção é a da letra C: “em que adverte”. Assim, a frase continua coesa e coerente após reescrita.
Analisemos ainda as outras alternativas:
(A) com a advertência de; ERRADA, pois a expressão não é uma oração, pois não contém um verbo; atendo-se ao enunciado, não pode, portanto, ser assinalada como correta.
(B) quando adverte; ERRADA, pois a expressão é de cunho temporal, o que, se substituísse a expressão original, desnaturaria seu sentido, porque não faria referência ao termo antecedente "estudo", tal como deveria fazer.
(D) no qual advertia; ERRADA, pois a expressão contém oração no passado, prejudicando a noção temporal (contínuo e presente) dado pela expressão original.
(E) para advertir. ERRADA, pois a expressão contém sentido finalístico, dando a entender que o estudo foi instituído com a finalidade de divulgar, o que não condiz com o sentido da expressão original.
GABARITO: C
12. (TJ/RJ – 2014 – Analista Judiciário – FGV) “Talvez o automóvel não seja descartável tão facilmente. Este jornal, em uma série de reportagens, nestes dias, mostrou o privilégio que os governos dão ao uso do carro e o desprezo ao transporte coletivo. Surpreendentemente, houve entrevistado que opinou favoravelmente, valorizando Los Angeles – um caso típico de cidade rodoviária e dispersa.”
Nesse parágrafo do texto 1, a troca de posição de elementos que provoca perda de coerência ou incorreção gramatical é:
(A) talvez o automóvel não seja descartável tão facilmente / talvez o automóvel não seja tão facilmente descartável;
(B) este jornal, em uma série de reportagens, nestes dias, mostrou / Nestes dias, em uma série de reportagens, este jornal mostrou;
(C) mostrou o privilégio que os governos dão ao uso do carro / mostrou que os governos dão privilégio ao uso do carro;
(D) surpreendentemente, houve entrevistado que opinou favoravelmente / Houve entrevistado que opinou favorável e surpreendentemente;
(E) cidade rodoviária e dispersa / cidade dispersa e rodoviária.
Comentário: vamos analisar cada alternativa:
(A) talvez o automóvel não seja descartável tão facilmente / talvez o automóvel não seja tão facilmente descartável;
NÃO fere a correção gramatical, nem ocorre perda de coerência. O “tão” apenas intensifica o termo “descartável”, não sendo exigido por ele. ERRADA.
(B) este jornal, em uma série de reportagens, nestes dias, mostrou / Nestes dias, em uma série de reportagens, este jornal mostrou;
O adjunto adverbial temporal “nestes dias” pode ser deslocado sem alteração gramatical e/ou semântica. ERRADA.
(C) mostrou o privilégio que os governos dão ao uso do carro / mostrou que os governos dão privilégio ao uso do carro;
De qualquer forma, em qualquer ordem, fica claro que o os governos privilegiam o uso do carro. ERRADA.
(D) surpreendentemente, houve entrevistado que opinou favoravelmente / Houve entrevistado que opinou favorável e surpreendentemente;
Aqui é possível perceber uma perda de coerência ao ser reescrito o trecho, pois houve alteração de referente. Na primeira oração, o autor fica surpreso pelo fato de alguns entrevistados terem opinado de maneira favorável. Na segunda, a maneira como o entrevistado se manifestou é que foi surpreendente. De uma forma mais simples, o surpreendente (a surpresa) está ligada ao autor do texto no primeiro trecho e ao entrevistado no segundo.
(E) cidade rodoviária e dispersa / cidade dispersa e rodoviária. A alteração NÃO feriu a correção gramatical, nem incorreu em perda de coerência.
GABARITO: D
A maçã não tem culpa
Pela lenda judaico-cristã, o homem nasceu em inocência. Mas a perdeu quando quis conhecer o bem e o mal. Há uma distorção generalizada considerando que o pecado original foi um ato sexual, e a maçã ficou sendo um símbolo de sexo.
Quando ocorreu o episódio narrado na Bíblia, Adão e Eva já tinham filhos pelos métodos que adotamos até hoje. Não usaram proveta nem recorreram à sapiência técnica e científica do ex-doutor Abdelmassih. Numa palavra, procederam dentro do princípio estabelecido pelo próprio Senhor: “Crescei e multiplicaivos". O pecado foi cometido quando não se submeteram à condição humana e tentaram ser iguais a Deus, conhecendo o bem e o mal. A folha de parreira foi a primeira escamoteação da raça humana.
Criado diretamente por Deus ou evoluído do macaco, como Darwin sugeriu, o homem teria sido feito para viver num paraíso, em permanente estado de graça. Nas religiões orientais, creio eu, mesmo sem ser entendido no assunto (confesso que não sou entendido em nenhum assunto), o homem, criado ou evoluído, ainda vive numa fase anterior ao pecado dito original.
Na medida em que se interioriza pela meditação, deixando a barba crescer ou tomando banho no Ganges, o homem busca a si mesmo dentro do universo físico e espiritual. Quando atinge o nirvana, lendo a obra completa do meu amigo Paulo Coelho, ele vive uma situação de felicidade, num paraíso possível. Adão e Eva, com sua imensa prole, poderiam ter continuado no Éden se não tivessem cometido o pecado. A maçã de Steve Jobs não tem nada a ver com isso.
Repito: o pecado original não foi o sexo, o ato do sexo, prescrito pelo próprio latifundiário, dono de todas as terras e de todos os mares. A responsabilidade pelo pecado foi a soberba do homem em ter uma sabedoria igual à de seu Criador.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo)
13. (PROCEMPA – 2014 – Analista em TI e Comunicação – FGV) No texto há uma série de referências ao mundo atual. Assinale a opção que apresenta a frase em que está ausente qualquer referência desse tipo.
(A) “não recorreram à sapiência técnica e científica do ex-doutor Abdelmassih”.
(B) “ou evoluído do macaco, como Darwin sugeriu”.
(C) “lendo a obra completa do meu amigo Paulo Coelho”.
(D) “A maçã de Steve Jobs não tem nada a ver com isso”.
(E) “deixando a barba crescer ou tomando banho no Ganges”.
Comentário: a questão quer a alternativa que NÃO faz referência ao mundo atual. Sendo assim, temos:
(A) “não recorreram à sapiência técnica e científica do ex-doutor Abdelmassih”.
Faz referência atual ao Dr. Roger Abdelmassih: é um ex-médico brasileiro, especialista em reprodução humana, sendo um dos pioneiros da fertilização in vitro no Brasil.
(B) “ou evoluído do macaco, como Darwin sugeriu”. Eis o gabarito! Citar Darwim é uma referência antiga, não atual.
(C) “lendo a obra completa do meu amigo Paulo Coelho”. Faz referência ao escritor atual Paulo Coelho.
(D) “A maçã de Steve Jobs não tem nada a ver com isso”. Faz referência ao Steve Jobs.
(E) “deixando a barba crescer ou tomando banho no Ganges”.
A referência aqui é atual, pois, ainda nos dias de hoje, alguns hindus acreditam que uma vida não é completa sem um mergulho no rio Ganges pelo menos uma vez na vida. É comum e prestigioso muitas famílias hindus conservarem um frasco com água do rio em suas casas, para que pessoas à beira da morte possam beber de sua água. Os hindus acreditam ainda que o Ganges pode limpar uma pessoa de todos os seus pecados, e poderia até mesmo curar a doença.
GABARITO: B
A GRATIDÃO
Desta vez, trago-vos algumas histórias e fico grato pelo tempo que possa ser dispensado à sua leitura. Falam-nos de gratidão e poderão fazer-nos pensar no quanto a gratidão fará, ou não, parte das nossas vidas. Estou certo de que sabereis extrair a moral da história.
Uma brasileira, sobrevivente de um campo de extermínio nazista, contou que, por duas vezes, esteve numa fila que a encaminhava para a câmara de gás. E que, nas duas vezes, o mesmo soldado alemão a retirou da fila.
Aristides de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal na França. Quando as tropas de Hitler invadiram o país, Salazar ordenou que não se concedesse visto para quem tentasse fugir do nazismo. Contrariando o ditador, Aristides salvou dez mil judeus de uma morte certa. Pagou bem caro pela sua atitude humanitária. Salazar destituiu-o do cargo e o fez viver na miséria até o fim da vida. Diz um provérbio judeu que “quem salva uma vida salva a humanidade”. Em sinal de gratidão, há vinte árvores plantadas em sua memória no Memorial do Holocausto, em Jerusalém. E Aristides recebeu dos israelenses o título de “Justo entre as Nações”, o que equivale a uma canonização católica.
Quando um empregado de um frigorífico foi inspecionar a câmara frigorífica, a porta se fechou e ele ficou preso dentro dela. Bateu na porta, gritou por socorro, mas todos haviam ido para suas casas. Já estava muito debilitado pela baixa temperatura, quando a porta se abriu e o vigia o resgatou com vida. Perguntaram ao vigia-salvador: Por que foi abrir a porta da câmara, se isso não fazia parte de sua rotina de trabalho? Ele explicou: Trabalho nesta empresa há 35 anos, vejo centenas de empregados que entram e saem, todos os dias, e esse é o único funcionário que me cumprimenta ao chegar e se despede ao sair. Hoje ele me disse “bom dia” ao chegar. E não percebi que se despedisse de mim. Imaginei que poderia lhe ter acontecido algo. Por isso o procurei e o encontrei.
Talvez a gratidão devesse ser uma rotina nas nossas vidas, algo indissociável da relação humana, mas talvez ande arredada dos nossos cotidianos, dos nossos gestos. E se começássemos cada dia dando gracias a la vida, como faria a Violeta?
14. (FUNARTE - 2014 – Contador - FGV) “Aristides de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal na França. Quando as tropas de Hitler invadiram o país, Salazar ordenou que não se concedesse visto para quem tentasse fugir do nazismo. Contrariando o ditador, Aristides salvou dez mil judeus de uma morte certa. Pagou bem caro pela sua atitude humanitária”. Desse segmento do texto, o elemento de coesão identificado erradamente é:
(A) Aristides / forma abreviada de Aristides de Souza Mendes;
(B) o país / hiperônimo de Portugal;
(C) o ditador / qualificação de Salazar;
(D) sua / possessivo referente a Aristides de Sousa Mendes;
(E) atitude humanitária / referência a salvar judeus da morte.
Comentário: em todas as alternativas a referência está correta, a não ser a B, pois na questão fica evidenciado que Aristides de Sousa Mendes, foi cônsul de Portugal, na França. Ou seja, quando o texto diz que as tropas de Hitler tentaram invadir o país, está se referindo ao país no qual o sujeito era cônsul, a França. Este é o motivo da letra B estar errada, pois afirma que o termo ''o país'' se refere a Portugal.
Só para lembrar:
O Hiperônimo é uma palavra que apresenta um significado mais abrangente do que o do seu hipônimo:
Doença é o HIPERÔNIMO de Gripe.
Doença abrange gripe, câncer, malária, dengue, flebite, artrite. Portanto GRIPE é o HIPÔNIMO de Doença.
Gabarito: B
Questões Comentadas
UTOPIAS E DISTOPIAS
Todas as utopias imaginadas até hoje acabaram em distopias, ou tinham na sua origem um defeito que as condenava. A primeira, que deu nome às várias fantasias de um mundo perfeito que viriam depois, foi inventada por sir Thomas Morus em 1516. Dizem que ele se inspirou nas descobertas recentes do Novo Mundo, e mais especificamente do Brasil, para descrever sua sociedade ideal, que significaria um renascimento para a humanidade, livre dos vícios do mundo amigo. Na utopia de Morus o direito à educação e à saúde seria universal, a diversidade religiosa seria tolerada e a propriedade privada, proibida. O governo seria exercido por um príncipe eleito, que poderia ser substituído se mostrasse alguma tendência para a tirania, e as leis seriam tão simples que dispensariam a existência de advogados. Mas para que tudo isso funcionasse Morus prescrevia dois escravos para cada família, recrutados entre criminosos e prisioneiros de guerra. Além disso, o príncipe deveria ser sempre homem e as mulheres tinham menos direitos que os homens. Morus tirou o nome da sua sociedade perfeita da palavra grega para “lugar nenhum”, o que de saída já significava que ela só poderia existir5 mesmo na sua imaginação.
Platão imaginou uma república idílica em que os governantes seriam filósofos, ou os filósofos governantes. Nem ele nem os outros filósofos gregos da sua época se importavam muito com o feito de viverem numa sociedade escravocrata. Em “Candide”, Voltaire colocou sua sociedade ideal, onde havia muitas escolas mas nenhuma prisão, em El Dorado, mas “Candide” é menos uma visão de um mundo perfeito do que uma sátira da ingenuidade humana. Marx e Engels e outros pensadores previram um futuro redentor em que a emancipação de classe trabalhadora traria igualdade e justiça para todos. O sonho acabou no totalitarismo soviético e na sua demolição. Até John Lennon, na canção “Imagine”, propôs sua utopia, na qual não haveria, entre outros atrasos, violência e religião. Ele mesmo foi vítima da violência, enquanto no mundo todo e cada vez mais as pessoas se entregam a religiões e se matam por elas.
Quando surgiu e se popularizou o automóvel anunciou-se uma utopia possível. No futuro previsto os carros ofereceriam transporte rápido e lazer inédito em estradas magnetizadas para guia-los mesmo sem motorista, isso se os carros não voassem, ou se não houvesse um helicóptero em cada garagem. Nada disso aconteceu. Foi outra utopia que pifou. Hoje vivemos em meio à sua negação, em engarrafamentos intermináveis, em chacinas nas estradas e num caos que só aumenta, sem solução à vista. Mais uma vez, deu distopia.
VERÍSSIMO, Luis Fernando, O Globo, 22 dez. 2013.
1) “Todas as utopias imaginadas até hoje acabaram em distopias, ou tinham na sua origem um defeito que as condenava”.
Sobre os componentes dessa primeira frase do texto, assinale a afirmativa correta.
(A) “até” indica um ponto limite no espaço.
(B) “hoje” se refere ao momento de produção do texto.
(C) “sua” se refere a “distopias”.
(D) “que” tem por antecedente “origem”
(E) “as” substitui “utopias” e “distopias”.
A cooperação pela água constrói a paz
A água é essencial para a vida no planeta e para o desenvolvimento socioeconômico, porém, é um recurso finito e distribuído de maneira desigual no tempo e no espaço. Inclusive no Brasil que é um país com grande reserva de água doce. A demanda pela água tem crescido cada vez mais. Ela é necessária para satisfazer os mais diversos tipos de necessidades humanas, possuindo desde usos domésticos até usos na produção de alimentos, geração de energia, produção industrial etc. A pressão por esse recurso ainda se agrava em decorrência da rápida urbanização, da poluição e das mudanças climáticas.
(Folha do Meio Ambiente – abril de 2013)
2) Assinale a alternativa cuja frase mostra uma inadequação entre o tempo verbal utilizado e o termo adverbial sublinhado.
(A) A demanda pela água tem crescido nos últimos tempos.
(B) A demanda pela água cresce a cada dia.
(C) A demanda pela água cresceu no ano passado.
(D) A demanda pela água tinha crescido nos tempos de agora.
(E) A demanda pela água cresceria nesses tempos futuros.
3) Assinale a alternativa em que a ordem dos elementos corresponde à premissa seguida de uma conclusão, ao contrário das demais.
(A) O leite está transbordando da leiteira / o leite já está fervendo.
(B) Minhas filhas vão sair / Minhas filhas estão vestindose.
(C) Não vou poder sair hoje / Meu carro está quebrado.
(D) A empregada foi ao mercado / a geladeira está cheia de legumes.
(E) Carlos é mau motorista / O carro de Carlos mostra vários arranhões.
4) Assinale a alternativa que apresenta uma frase incoerente.
(A) "Uma vida pode não valer nada, mas nada vale uma vida". (André Malraux)
(B) "A vida é uma doença incurável". (A. Cowley)
(C) "A vida é a arte de se tirar conclusões de premissas inexistentes". (S. Butler)
(D) "Que bela comédia seria essa vida se não fôssemos os protagonistas dela!" (Denis Diderot)
(E) "As pessoas não vivem plenamente hoje em dia. Contentam-se com, no máximo, uns dez por cento". (Isadora Duncan)
5) O vocábulo coisa, nas frases a seguir, pode ser substituído por outros de significado mais específico. Indique a substituição adequada.
(A) “A única coisa que o capital e o trabalho têm em comum é o desejo de cortar a garganta um do outro.” (Brooks Atkinson) / deficiência.
(B) “O vício por álcool, maconha e todas as outras coisas abre o caminho para crimes mais graves, como a carreira política.” (Nouailles) / contravenções.
(C) “Ir ao supermercado, arrumar a casa, lavar a roupa e coisas semelhantes são deveres da mulher; o homem as realiza por condescendência.” (Nouailles) / incumbências
(D) “O progresso pode ter sido legal, mas eles levaram a coisa longe demais.” (Ogden Nash) / dedicação.
(E) “Os anúncios contêm a única coisa em que se pode confiar num jornal.” (Thomas Jefferson) / reportagem
6) Na frase “O professor nervoso abandonou a aula” há uma ambiguidade causada
(A) pela não distinção entre agente e paciente.
(B) pela ausência de pontuação.
(C) pelo mau emprego da coordenação.
(D) pelo mau uso de formas nominais.
(E) pela indefinição de complementos.
7) Para transmitir mensagens, é fundamental que haja uma fonte e um destino, distintos no tempo e no espaço. A fonte é a geradora da mensagem e o destino é o fim para o qual a mensagem se encaminha. Nesse caminho de passagem, o que possibilita à mensagem caminhar é o canal. Na verdade, o que transita pelo canal são sinais físicos, concretos, codificados. (Samira Chalhub)
No texto acima,
(A) resumem-se os papéis desempenhados pelos principais componentes de um sistema de comunicação.
(B) demonstra-se como se estabelecem as diferentes funções da linguagem num discurso em prosa.
(C) afirma-se que a verdadeira comunicação ocorre quando o falante tem plena consciência dos procedimentos da fala.
(D) fica claro que o elemento essencial para qualquer ato de comunicação está no pleno domínio das formas cultas.
(E) argumenta-se que a efetividade da comunicação está condicionada pelo tipo de canal em que se decodificará a mensagem.


